"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

sexta-feira, 4 de março de 2011

Reverso do Carnaval I

Nunca gostei de carnaval. Acho uma merda, de bom só o feriado, mas nem sei se compensa. Pra mim, carnaval é sinônimo de loucura e putaria nas piores acepções que estes termos possuem. Não entendo principalmente a ideia de “alegria obrigatória”, as pessoas têm que estar felizes a qualquer custo, juntam-se aos montes seguindo bandas tocando música ruim em volume ensurdecedor, procuram ficar o mais doidas que puderem – e tome cerveja quente! –, entram num desespero de pegação e, muitas vezes, violência. E se você quer ficar mais na sua, sempre vai ouvir “mas justo no carnaval?!!”. Sinto dizer, mas no carnaval pessoas queridas também morrem, sentimo-nos mal por um ou outro motivo, podemos acordar de mau humor, ou simplesmente não querendo festejar o nada, enfim, coisas ruins também acontecem nesta época do ano, por incrível que pareça. De certa forma, e pode chamar de espírito de porco, chego a achar graça da chuva caindo lá fora.

Normalmente, certamente nos carnavais em que passo sozinho, encho a casa de filmes, bons discos – no momento rolando Wounder rhymes, da cantora sueca Lykke Li, boa recomendação de Bruno Natal, no Segundo Caderno d’O Globo de hoje –, alguns drinks para me manter são, e me imponho metas literárias ousadas para poucos dias, esse ano terminar minha releitura de Os Irmãos Karamazov até quarta, tô terminando o primeiro volume, acho que rola!

Mas você nunca foi adolescente? - alguém aí pergunta. Sim, é claro, mas o Ricardo adolescente era ainda mais radical do que o de hoje. Eu até saía no carnaval, mas achava que todas as mulheres que saíam eram putas e todos os homens filhos de outras, com exceção de mim, claro, um rapaz diferenciado, que se punha a observar a decadência alheia e julgar e ridicularizar os outros em seus momentos mais esdrúxulos Tsc Tsc, um moleque babaca demais.

Não que tenha mudado muita coisa...

Por isso tudo, nesses dias de folia, postarei alguns bons textos e letras de músicas que compartilham ponto de vista parecido com o meu sobre o carnaval.

Aproveitem do jeito que julgarem conveniente, com um pouquinho de juízo, sensatez e um tanto bem maior de respeito, ao próximo e - por que não? - a si mesmos.


Por Ricardo Pereira

4 comentários:

  1. Na verdade, carnaval é o feriado mais indiferente pra mim. Em 16 anos, nada marcante aconteceu no meu carnaval. Este ano segue na mesma monotonia. A mesma preguiça de sair, a mesma Angra e a mesma falta de opção pra sair. Eu tento achar o carnaval legal mas de longe a Páscoa é o melhor feriado. O que é melhor do que comer muito chocolate e não se achar a única gorda do planeta?

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  2. É Fernanda, estar em Angra não anima muito mesmo não... O Carnaval aqui é sempre a mesma coisa, invariavelmente ruim...

    Passei um muito bom em Paraty há quatro anos. Aluguei uma casa lá com pessoas legais e realmente nos divertimos em um carnaval sem baixarias, funk ou axé...

    Espero que não tenha mudado muito de lá pra cá, mas fica a dica!

    E Páscoa é bom mesmo :)

    Bjs

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Morando, comendo, trabalhando e se divertindo num curral, ao ouvir o som a boiada parte em disparada sem saber por onde nem porque. Oh céus, a grama está acabando, mas o pasto está enfeitado para o boi se orgulhar dos impostos pagos, vacina contra a febre atfóide não tem mas o pasto tem micareta, no final o bom fazendeiro mata um de nós para o churrasco da burguesia dos touros e vacas premiadas. É, carnaval é muito lok.

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