"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 12 de abril de 2016

Sobrevivendo ao sobreviver

Quem tem de 30 anos para cima deve se lembrar: ao final de cada episódio do desenho animado Scooby –Doo, onde uma turma de adolescentes e um simpático cachorro esfomeado desvendavam mistérios aparentemente sobrenaturais, chegava-se à conclusão do enigma com alguma revelação bombástica quanto ao real vilão da história. “Eu teria conseguido manter a farsa se não fossem esses garotos bisbilhoteiros e esse vira-latas pulguento!”, era geralmente a fala do bandido, ao ser desmascarado e também preso pela polícia.

Na semana passada, quando assisti ao filme Rua Cloverfield, 10 (2016), do diretor Dan Tratchtenberg, tive a impressão que ia rolar um revival do ‘final à Scooby-Doo’, mas não foi isso que aconteceu. Quer dizer, até foi. Mas às avessas, de uma forma genial e acachapante.

O longa apresenta ligação, mesmo que indireta, com Cloverfield – Monstro (2008). Os atores e o diretor são outros, mantendo-se apenas o produtor J.J. Abrams, o cara que ‘apenas’ revolucionou a ficção científica e as séries televisivas com Lost. Minto. Outras coisas foram mantidas no filme lançado neste ano. Um monstro que não sabemos o nome. Ou melhor, monstros.

O que oferece mais medo: a realidade ou a fantasia? Você teme mais as sombras que aparecem quando as luzes do quarto são apagadas ou o maluco que disse ter atirado numa delas, matando-a? A ideia do fim do mundo é mais assustadora do que a realidade em que vivemos? São sobre essas questões que o longa vai brincando com o espectador durante 1h40. Brincadeira não é a palavra certa para descrever... A não ser que estejamos falando de uma novíssima modalidade, ‘estátua suada na cadeira da sala de cinema’.

Muitas emoções com um elenco tão reduzido quanto entrosado. Michelle – Mary Elizabeth Winstead – é uma mulher que, após brigar com o marido, resolve sair de casa. Para onde ela vai não sabemos, mas fica claro que a personagem não conseguirá chegar.

Um acidente entre o veículo de Michelle e outro carro faz com que a moça perca os sentidos. Ela acorda num quarto diminuto, sem janelas, acorrentada. Pouco depois de recobrar os sentidos, Howard – numa interpretação magistral de John Goodman –, que parece ser o proprietário do local, aparece para dar boas-vindas. Em pouco tempo, Michelle fica sabendo que está numa espécie de bunker, e que lá em cima, algo estranho aconteceu. Alienígenas? Ataque terrorista? Catástrofe natural? Ninguém sabe, nem ela, nem Howard e nem Emmett – John Gallagher Jr. –, o terceiro elemento preso/protegido no abrigo.

A vontade de descobrir o que aconteceu com o mundo e o que está se passando com as pessoas reunidas quase que por acaso leva o filme e o espectador às profundezas de um suspense de respeito, que oferece um final surpreendente e, com algumas ressalvas, brilhante.


Rua Cloverfield, 10 subverte o ‘final à Scooby-Doo’. Nele, o monstro real pode usar a máscara do bandido ou, até mesmo, vestir duas fantasias distintas. Mas disso, nós, brasileiros, estamos cansados de saber... Principalmente em relação ao nosso cenário político de hoje e sempre. O que teimamos em desconhecer é a capacidade de fazer um filme pipoca inteligente e tão aberto a interpretações. Que este sirva de alento. E exemplo.




Por Hugo Oliveira

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Pequeno recesso no blog... Mas já voltamos!

Por conta de compromissos pessoais e profissionais, o blog Talk About The Passion entrou num pequeno recesso. De qualquer forma, no dia 11 de abril o diário virtual volta com força total. Aguarde e confie!