Quem acompanha meus textos aqui deve ter estranhado que depois de tanto alarde com cada detalhe do lançamento de Collapse Into Now, novo álbum do R.E.M., ele tenha sido lançado e nada de eu comentá-lo. É que com o R.E.M. é diferente. Nunca baixo os discos quando disponibilizados, espero sempre chegar o ‘disco físico’ para então ouvir. É uma espécie de tradição que procuro manter com algumas bandas, o que faz aumentar o prazer e a expectativa por um novo disco.
E dessa vez esta ansiedade foi ainda maior. Ouvir Mike Mills afirmar ser o melhor trabalho desde Out Of Time, imprensa e fãs em elogios quase unânimes, foi impossível não criar grandes expectativas. E felizmente recompensada, na verdade até superada.
O álbum parece equilibrar a volta às guitarras de Accelerate, a sutileza dos discos dos anos 90 e a urgência do período I.R.S. E apesar de ser uma besteira essas comparações e eu amar intensamente o Up, as primeiras audições me fazem ter vontade de afirmar ser o melhor álbum da banda desde o New Adventures in Hi-Fi, de 1996.
As pessoas sempre procuram semelhanças dos lançamentos deles com o clássico Automatic for the people, mas acho que se este disco é irmão de algum outro é do New Adventures... mesmo. Ainda é prematuro comentar faixa a faixa, mas algumas se destacam de cara. ‘Überlin’ é da linhagem dos grandes hits pop da banda; ‘All the best’ e ‘Mine smell like honey’ têm guitarras sensacionais; ‘Walk it back’ e ‘Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I’ são típicas baladas R.E.M., melancólicas e emocionantes; ‘Oh My Heart’ é a minha preferida até agora e ‘Blue’, canção de encerramento do álbum, é quase uma mistura de ‘Country Feedback’ e ‘E-Bow the Letter’, inclusive pela participação da Patti Smith.
Algo interessante a ser observado é a mudança das letras de Michael Stipe, que vêm cada vez mais se afastando do mistério e obscurantismo do início da banda para letras mais diretas e reflexivas. Há quem veja como um defeito, não é o meu caso.
Collapse Into Now é o 15º álbum de estúdio de uma banda que está em sua quarta década de existência, e dá um orgulho danado vê-los lançando discos ainda relevantes e com essa qualidade. Um orgulho parecido com o de um pai que vê um filho crescendo e enfrentando a vida, ou melhor, o orgulho de um filho ao olhar para o pai envelhecendo, com rugas no rosto, sinais da idade, mas levando a vida com beleza e com a palavra certa, no momento certo, na hora em que você mais precisa.
Por Ricardo Pereira
Disco e texto ótimos!
ResponderExcluirAbraços, mano!
Show de bola.
ResponderExcluirVou por um link no meu blog ok?
abraços
Ele não é o melhor desde o Hi-Fi. Ele é só uma tentativa (extremamente fracassada) de fazer o Hi-Fi de novo. Sou fã ardoroso de primeira hora, mas não consegui gostar desse disco-cópia até o momento.
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