"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

sábado, 26 de março de 2011

Resenha - Collapse Into Now, R.E.M.



Quem acompanha meus textos aqui deve ter estranhado que depois de tanto alarde com cada detalhe do lançamento de Collapse Into Now, novo álbum do R.E.M., ele tenha sido lançado e nada de eu comentá-lo. É que com o R.E.M. é diferente. Nunca baixo os discos quando disponibilizados, espero sempre chegar o ‘disco físico’ para então ouvir. É uma espécie de tradição que procuro manter com algumas bandas, o que faz aumentar o prazer e a expectativa por um novo disco.

E dessa vez esta ansiedade foi ainda maior. Ouvir Mike Mills afirmar ser o melhor trabalho desde Out Of Time, imprensa e fãs em elogios quase unânimes, foi impossível não criar grandes expectativas. E felizmente recompensada, na verdade até superada.

O álbum parece equilibrar a volta às guitarras de Accelerate, a sutileza dos discos dos anos 90 e a urgência do período I.R.S. E apesar de ser uma besteira essas comparações e eu amar intensamente o Up, as primeiras audições me fazem ter vontade de afirmar ser o melhor álbum da banda desde o New Adventures in Hi-Fi, de 1996.

As pessoas sempre procuram semelhanças dos lançamentos deles com o clássico Automatic for the people, mas acho que se este disco é irmão de algum outro é do New Adventures... mesmo. Ainda é prematuro comentar faixa a faixa, mas algumas se destacam de cara. ‘Überlin’ é da linhagem dos grandes hits pop da banda; ‘All the best’ e ‘Mine smell like honey’ têm guitarras sensacionais; ‘Walk it back’ e ‘Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I’ são típicas baladas R.E.M., melancólicas e emocionantes; ‘Oh My Heart’ é a minha preferida até agora e ‘Blue’, canção de encerramento do álbum, é quase uma mistura de ‘Country Feedback’ e ‘E-Bow the Letter’, inclusive pela participação da Patti Smith.

Algo interessante a ser observado é a mudança das letras de Michael Stipe, que vêm cada vez mais se afastando do mistério e obscurantismo do início da banda para letras mais diretas e reflexivas. Há quem veja como um defeito, não é o meu caso.

Collapse Into Now é o 15º álbum de estúdio de uma banda que está em sua quarta década de existência, e dá um orgulho danado vê-los lançando discos ainda relevantes e com essa qualidade. Um orgulho parecido com o de um pai que vê um filho crescendo e enfrentando a vida, ou melhor, o orgulho de um filho ao olhar para o pai envelhecendo, com rugas no rosto, sinais da idade, mas levando a vida com beleza e com a palavra certa, no momento certo, na hora em que você mais precisa.

Por Ricardo Pereira

3 comentários:

  1. Show de bola.

    Vou por um link no meu blog ok?

    abraços

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  2. Ele não é o melhor desde o Hi-Fi. Ele é só uma tentativa (extremamente fracassada) de fazer o Hi-Fi de novo. Sou fã ardoroso de primeira hora, mas não consegui gostar desse disco-cópia até o momento.

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