"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

domingo, 31 de março de 2013

Redenção

Normalmente, o Wilco me salva e protege de qualquer decepção ou desapontamento. Nesta madrugada, curiosa e paradoxalmente, a tarefa ficou a cargo de Elliott Smith.


Abençoado seja, esteja onde estiver.

Por Ricardo Pereira

quinta-feira, 21 de março de 2013

O que é feito dele


Já havia encomendado até o atestado de óbito do blog. Não via mais este espaço produtivo e, pouco a pouco, a cada dia de silêncio, a certeza do fim instalava-se tanto para mim quanto para Hugo, grande amigo com quem divido o Talk about the passion, repositório de rabiscos irregulares sobre preferências musicais, literárias, cinematográficas, pessoais. Pequeno universo virtual composto de textos muitas vezes imperfeitos, repletos, no entanto, de uma força vital originada de uma sem-cerimônia característica dos que não temem os riscos de uma escrita passional.

Verdade que, nos últimos meses, venho relegando o blog a segundo plano. Imperdoável que não tenha escrito sobre a trilogia BANE, brilhante obra teatral do dramaturgo inglês Joe Bone; meu encantamento pela escrita de Jennifer Egan – iniciado com A visita cruel do tempo e confirmada por O Torreão; e mesmo sobre filmes assistidos recentemente que mexeram comigo de alguma forma, desde os bobos mas bonitinhos Paris-Manhattan, O lado bom da vida ou As vantagens de ser invisível aos dilacerantes Amor e O Mestre. Aliás, sobre este último, recomento a excelente resenha de Ana Maria Bahiana, melhor do que qualquer coisa que eu pudesse escrever sobre a obra.

Minha última tentativa de texto havia sido sobre o final de Fringe, série em que  J.J. Abrams, talvez calejado após a repercussão negativa do final de Lost, preparou um desfecho redondinho, dosando informação e emoção na medida certa. Minha dificuldade em escrever suponho que tenha vindo da sensação de Fringe – assim como torcer pelo Botafogo ou ouvir Steve Earle ou Townes Van Zandt – fazer parte de um prazer restrito a alguns poucos abençoados. E seria como se escrever sobre isso violasse algum tipo de código de exclusividade quase maçônico.

O que pode ser também apenas uma desculpa para não ter que escrever mais por um período, é claro.

Nesse tempo em que andamos parados, alguns – poucos, mas fundamentais – leitores andaram perguntando e nos incentivando a continuar. E na última semana, em um bate papo informal, Hugo e eu discutimos os rumos do blog. E descobrimos um carinho pelo que construímos nestes dois anos e meio de imperfeições e belezas escondidas nos textos aqui guardados.

Decidimos então tentar, no meio de uma rotina cada vez mais exigente, arrumar um tempo de dedicação para não deixar que o Talk about the passion fique por aqui. Vamos tentar a voltar escrever com regularidade. Aguardemos, então, os próximos passos...


Por Ricardo Pereira