"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 16 de março de 2011

Angles - The Strokes

 
Desde o início, sempre gostei bastante dos Strokes. O primeiro, Is this it, uma bela coleção de hits rock n’ roll como não aparecia há um tempo, marcou bastante aqui e foi trilha sonora de vários bons momentos. Room on fire é o que mais gosto deles, o equilíbrio perfeito, “enxuto, simples, bom de qualquer maneira”, como definiu minha amiga Ingrid. São dois discos fortes, urgentes com canções curtas e poderosas.

Neles encontramos a síntese do ‘som Strokes’ – que, eu sei, não é nada original, arremedo do melhor produzido pelo pós-punk americano, mas funciona que é uma beleza – bons riffs, letras com frases curtas e algo adolescentes, e vocal intenso e amargurado, lembrando Jim Morrison nos momentos em que a banda pisa o freio. No terceiro álbum, First Impressions of Earth, eles vieram mais ambiciosos, buscando mudanças na sonoridade e receberam críticas por isso. Reconheço que é uma disco irregular, mas ainda assim gosto bastante dele, há grandes canções e julgava saudável a banda lutar para não virar auto-paródia. 

Mas ao ouvir o novo disco, Angles, não sei se o que pensar mais disso. Pois pela primeira vez, um disco deles me decepciona. Parece um rascunho do que o álbum poderia ter sido, deixou-me com uma impressão de desleixo por parte da banda. ‘Machu Pichu’ inicia os trabalhos em um clima algo reggae e tem até uma letra interessante, não é uma música ruim, mas não diz a que veio, poderia ter sido lado b de algum single. ‘Under cover of darkness’ é a que mais se aproxima da sonoridade dos dois primeiros e é fácil entender porque foi escolhida para primeira música de trabalho, muito boa, hit certo. ‘Two kind of happiness’ é a pior do disco, começa oitentista, parte para um refrão fraco, confuso, indigno do legado construído por eles. A próxima, ‘You’re so right,’ é outra faixa que parece perdida, indefinida, repetitiva, vocal robótico, salva-se apenas o solo de guitarra. E a primeira parte do disco fecha com ‘Taken for a fool’, que surge como um alívio depois de duas decepções seguidas. É uma canção ok, ‘pra cima’, com uma letra interessante e bom refrão.

O lado dois começa com ‘Games’, a que mais se parece com Phrases for the Young, o bom disco solo de Julian Casablancas. Estão aqui os sintetizadores, o vocal característico e a falta proposital de guitarras . ‘Call me back’ é uma que os fãs mais tradicionais vão reclamar, é a lentinha do disco, bem diferente do resto do conjunto de canções, mas me agradou bastante. ‘Gratisfaction’ possui um refrão empolgante, mas não é nada demais, uma faixa preguiçosa. ‘Metabolism’ lembra o terceiro disco e é das que mais gostei nessas primeiras audições, vocal angustiado e um clima arrastado compõem uma boa canção, apesar de serem provavelmente estas as características citadas por quem não vai gostar. E a última, ‘Life is simple in the moonlight’, é a minha preferida do disco. Influenciada por música brasileira - mas nada de bossa nova como alguns vêm dizendo por aí! –, possui boa letra e dinâmica interessante, vai crescendo em ritmo e intensidade.

A segunda parte melhora, no entanto não salva o disco de ser frustrante. Até acho que com mais audições vai crescer um pouco, mas depois de dois 10 e um 8, um álbum que circula entre 5 e 6 deve ser visto sim como uma decepção. Talvez seja o momento da banda delimitar os limites para a experimentação, Casablancas é um grande compositor pop e pode mais do que isso. Recuperação neles!

Por Ricardo Pereira

4 comentários:

  1. Eu gostei desse álbum, ficou bem diferente dos outros, cheio de batidas eletrônicas, mas o que mais gosto nos Strokes são os riffs de guitarra..
    under cover of darkness, machu picchu, gratisfaction e taken for a full, acho que são as melhores. Não gostei de call me back...

    ResponderExcluir
  2. Cara, acho que eu que esperei demais... Tenho ouvido mas o disco ainda não desce legal. Nessa onde de mistura com eletrônica ainda prefiro o solo do Casablancas.

    Abs

    ResponderExcluir
  3. Fala, Pepê! Cara, acho essa meio... 'preguiçosa'... rs Mas até que o disco melhorou um pouco (mas só um pouco rs) por aqui!

    Abs

    ResponderExcluir