"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 31 de março de 2011

Para o resto de nossas vidas

Tive um dia cheio ontem. Depois de uma viagem ao Rio, a trabalho, ainda tive forças para fazer uma caminhada/corrida noturna. Cheguei em casa às 23h, tomei um banho e, um pouco antes de dormir, sentei no sofá, para ver minha mãe zapear entre os canais.

Demos de cara com isso:



O vídeo acima apresenta a primeira parte do filme "Peter's friends" - em português, "Para o resto de nossas vidas" -, de Kenneth Branagh - 1992. Não consegui achar a versão legendada, logo, postei a original. Difícil entender aquele inglês britânico na conversa inicial, não? Tranquilo. Mesmo assim, aguente até 3:54. A música "Everybody wants to rule the world", da dupla Tears for Fears, embala uma sequência de imagens linda, com os acontecimentos mais marcantes/importantes entre os anos de 1982-1992. Eu me arrepiei vendo... E estou arrepiado agora, revendo o vídeo enquanto vou bolando esta postagem.

Ah, talvez não seja tudo isso. É bem provável que as imagens, aliadas à música, emocionem a mim por algum motivo que, inclusive, desconheço. Um saudosismo bobo de alguém que, apesar de não ter lembranças muito claras quanto ao começo da década de 80, se recorda bem do final da "década perdida" e do começo dos estranhos anos 90.

Não bastasse o começo da película, que acabou prendendo a minha atenção, o filme é um achado. Uma obra cinematográfica fácil, uma "quase comédia".
Eu disse "quase".

A história gira em torno de um grupo de amigos ingleses, todos, egressos da Universidade de Cambridge. Separados pelo próprio andamento da vida - sempre ela... -, eles têm uma nova chance de se reencontrar, 10 anos depois do último contato, que se deu em 1982. O convite parte de Peter que, ao herdar uma mega mansão de seu pai, acredita que já é hora de rever os grandes amigos, e escolhe a passagem de ano para reuní-los.

Um final de semana não vai mudar a vida de ninguém... Ao menos é o que parece.

Uma década depois, a amizade entre os personagens continua intacta. Gosto muito da cena em que eles chegam à mansão, e todos vão se abraçando, felizes e emocionados. Depois de devidamente instalados, eles começam a conversar... E aí, aparecem os complicadores. A passagem do tempo oferece soluções para muitas coisas, mas nessa bagagem estão inclusos problemas, medos, coisas por dizer, arrependimentos etc. É pegar ou largar, companheiro. Viver é foda, morrer é difícil, concorda? Eu pego. E vamos levando.

A partir desse momento, o filme torna-se tragicômico. Você ri de várias coisas, mas sabe que, no fundo, o assunto é sério. Ah, e ainda existe um segredo que só é revelado no final... Que por sinal, é bem bonito.
"Para o resto de nossas vidas" é um filme sobre amizade e sobre a dificuldade de lidar com o começo da vida adulta. Mais do que isso: é um pequeno tratado sobre a arte de rir e chorar com os amigos, por tudo o que a vida coloca na nossa frente.

Pegue um copo, junte a sua turma e faça um brinde.
Estamos vivos.


Por Hugo Oliveira

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