"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

an aching heart into a pop song

Para quem, assim como eu, anda apaixonado pelo lado b do Suck it and see, último do Arctic Monkeys, encontrei essas três versões acústicas do Alex Turner para três das canções de que mais gosto.

Reckless Serenade


 
Suck it and see


Love is a laserquest

Por Ricardo Pereira

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Conversas com Riobaldo


Seis e dezesseis da manhã, domingo de carnaval, toca a campainha do meu apartamento. Não havia dúvida, só poderia ser ele. Depois de uma ausência significativa, encontro-me novamente com um companheiro de eternidade: Riobaldo.

Olha desconfiado, diz que pareço cansado, quer saber como me encontro na vida, se mais pra alegria ou pro desassossego. Comento o quanto às vezes tendo a me sentir mais velho do que sou e minha dificuldade no trato com as pessoas. Recebo como resposta um olhar na fronteira entre a dureza e a placidez: “Se não, o senhor me diga: preto é preto? branco é branco? Ou: quando a velhice começa, surgindo de dentro da mocidade.” E prossegue, com o intuito de me tranqüilizar: “gostar exato das pessoas, a gente só gosta, mesmo, puro, é sem se conhecer demais socialmente...”

Conto da minha vida recente, desde a última vez em que estivemos juntos. Falo do meu medo de ter me acostumado à solidão, de ter feito do meu cantinho o Sertão, sobre flores nascendo no canto de meu quarto escuro... Entendendo tudo, Riobaldo sorri: “Acho que o espírito da gente é cavalo que escolhe estrada: quando ruma pra tristeza e morte, vai não vendo o que é bonito e bom.” Surpreende ao elogiar a canção da Gillian Welch (“uma tristeza que até alegra”) e continua: “o correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Parecendo saber que me inquietava a dúvida sobre se as diferenças entre as pessoas seriam um entrave para o amor, indaga: “Quem sabe direito o que uma pessoa é? Antes sendo: julgamento é sempre defeituoso, porque o que a gente julga é o passado. A gente só sabe bem aquilo que não entende...” E antes que eu pudesse falar qualquer coisa: “O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.” E, mais uma vez, sublinhou: “Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”

Foram horas de conversa, sobre o mundo, as pessoas, o mal, o bem. Elogiou meu silêncio (“O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”), minha cultura (sem saber – ou sabendo – que esta suposta erudição é nada perto de sua simplicidade e sabedoria; aliás, conversando com Riobaldo, fico com a sensação de que o mesmo é mais sábio até do que seu criador...), mas deixou diversos alertas contra meus receios e ansiedade: “O senhor escute meu coração, pegue no meu pulso. O senhor avista meus cabelos brancos...Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo.”

Não quis se alongar muito quando comecei a falar de saudade. “O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de ideia e saudade de coração...” Notei que estava em vias de ir embora, sem despedidas, pois “despedir dá febre”, e fiquei pensando na importância de Riobaldo na minha vida, no quanto nossas conversas eram cada vez mais fundamentais, do quanto suas palavras reverberam em mim, traduzindo-me ao falar de si. Mais uma vez, como a saber do que eu pensava, falou: “amigo... é que a gente seja, mas sem precisar de saber o por quê é que é."

E dirigiu-se para a porta, a me deixar com saudade antecipada e certeza de muitos encontros até o fim da minha existência... Ainda virou e com a voz só possível a um homem “após as tempestades”, deixou no ar: “A gente tem de sair do sertão! Mas só se sai do sertão é tomando conta dele a dentro...”. E foi, deixando sua presença marcante por todo meu dia e a reflexão de que a vida é, sim, muito perigosa, mas com as companhias e as palavras certas, pode ter o seu tanto de beleza e sentido. Ou, parafraseando meu visitante, “esta vida está cheia de ocultos caminhos. Se o senhor souber, sabe; não sabendo, não me entenderá...”. 


 Por Ricardo Pereira

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Please, please, please, let me ‘hear’ what I want (parte 2)


Embora esteja um pouco atrasado, publico agora o meu repertório dos sonhos em relação ao show que o cantor Morrissey vai realizar no dia 9 de março na Fundição Progresso. Se metade das canções rolarem, vou ficar muito satisfeito! Ah, e tem outra: segundo o próprio, as apresentações da turnê sul-americana contarão com repertórios maiores, compostos de 22 músicas. Assim você me mata, Tia Moz...

  1. There is a light that never goes out (The Queen is Dead, 1986)
  2. First of the gang to die (You are the Quarry, 2004)
  3. Everyday is like Sunday (Viva Hate, 1988)
  4. You have killed me (Ringleaders of the Tormentors, 2006)
  5. Still ill (The Smiths, 1984)
  6. One day goodbye will be farewell (Years of Refusal, 2009)
  7. Charming man (The Smiths, 1984)
  8. Something is squeezing my skull (Years of Refusal, 2009)
  9. Suedehead (Viva Hate, 1988)
  10. I know it’s over (The Queen is Dead, 1986)
  11. I want the one I can’t have (Meat is Murder, 1985)
  12. I’m ok by myself (Years of Refusal, 2009)
  13. Let me kiss you (You are the Quarry, 2004)
  14. The youngest was the most loved (Ringleaders of the Tormentors, 2006)
  15. Dear god please help me (Ringleader of the Tormentors, 2006)
  16. The national front disco (Your Arsenal, 1992)
  17. Now my heart is full (Vauxhall and I, 1994)
  18. You’re gonna need someone on yourside (Your Arsenal, 1992)
  19. People are the same everywhere (música nova)
  20. Billy Budd (Vauxhall and I, 1994)


"Nem quero ver as músicas que esses meninos escolheram..."


Por Hugo Oliveira


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Please, please, please, let me 'hear' what I want

Daqui a um mês, Morrissey estará se apresentando no Rio. A ansiedade por aqui é grande e, enquanto não chega a hora do show, eu e meu companheiro de blog, Hugo Oliveira, ficamos a imaginar como será a apresentação e resolvemos listar, cada um, o que seria seu repertório dos sonhos. Fechei em 20 músicas, sendo três do Smiths.

01 - All you need is me (Years of Refusal, 2009)

02 - Spring-Heeled Jim (Vauxhall and I, 1994)

03 - The youngest was the most loved (Ringleaders of the Tormentors, 2006)

04 - We hate it when our friends become successful (Your Arsenal, 1992)

05 - Reel around the fountain (The Smiths, 1984)

06 - I have forgiven Jesus (You are the Quarry, 2004)

07 - I'm throwing my arms around Paris (Years of Refusal, 2009)

08 - Alma matters (Maladjusted, 1997)

09 - The more you ignore me, the closer I get (Vauxhall and I, 1994)

10 - That's how people grow up (Years of Refusal, 2009)

11 - Rubber Ring (The world won't listen, 1987)

12 - Boxers (single, 1995)

13 - The world is full of crashing bores (You are the Quarry, 2004)

14 - I'll never be anybody's hero now (Ringleaders of the Tormentors, 2006)

15 - You're the one for me, Fatty (Your Arsenal, 1992)

16 - The national front disco (Your Arsenal, 1992)

17 - Black Cloud (Years of Refusal, 2009)

18 - One day goodbye will be farewell (Years of Refusal, 2009)

19 - You know I couldn't last (You are the Quarry, 2004)

20 - There is a light that never goes out (The Queen is Dead, 1986)



Por Ricardo Pereira