"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bom dia com o R.E.M.

Mais uma segunda-feira. Hora de levantar a cabeça e seguir em frente.
E não se engane: você não está sozinho nesta luta diária que é viver.

Escraaaaacha, R.E.M.!


"Bittersweet me"


"The great beyond"


"Bad day"


Por Hugo Oliveira

sábado, 24 de setembro de 2011

Axilas e outras histórias indecorosas - Rubem Fonseca


Rubem Fonseca é um dos meus contistas preferidos da literatura brasileira. Quando conheci, li suas grandes obras em sequência e fiquei extremamente impactado com seus personagens angustiados. Ora violentos e revoltados, ora desesperançados e vazios, às vezes isso tudo ao mesmo tempo. E até hoje, a leitura de contos como ‘Placebo’, ‘O Anão’, ‘Gazela’, ‘Um buraco na parede’ ou ‘O encontro e o confronto’ mexem comigo como se os estivesse lendo pela primeira vez.

Como professor, a obra de Rubem Fonseca é grande aliada do estímulo à leitura, porque os alunos – mesmo os que não suportam ler – costumam gostar das narrativas curtas, violentas, tensas e cinematográficas de seus melhores contos. E este autor acabou transformando-se em uma espécie de símbolo de “independência”, liberdade e fé na boa literatura, pois sua obra foi, de certa forma, responsável por minha demissão em um trabalho importante para mim.

Acabei de ler seu último livro de contos, Axilas e outras histórias indecorosas, lançado este ano. Se por um lado é impressionante a produtividade de Fonseca, que aos 86 anos, continua com boa regularidade de novos escritos e junto com este volume lançou a novela José, é inegável que seus novos trabalhos não possuem o mesmo vigor e impacto de obras como Lúcia McCartney ou Feliz Ano Novo. O que, aliás, é perfeitamente normal, levando em conta o tempo de carreira do escritor e as circunstâncias político-sociais da época de seus primeiros livros.

Em Axilas e outras histórias indecorosas, Rubem Fonseca não foge às características que o celebrizaram. Há o humor peculiar e a forte presença de violência e sexualidade em personagens muitas vezes comuns confrontados com situações que os levam ao ‘desvio da normalidade’ – ou do ‘decoro’, de acordo com o título da obra. As citações/homenagens também aparecem. Fonseca nos traz de volta o detetive Guedes, presente em obras anteriores, e Machado de Assis e Edgar Allan Poe são citados, mas não de forma gratuita, e sim relevantes para os contos em que aparecem.

As repetições me incomodaram em algumas histórias. Devido ao total domínio de Rubem Fonseca na confecção de contos, é sempre prazeroso ler suas pequenas histórias, mas em algumas delas fiquei com a sensação de já ter lido aquilo, ou algo muito próximo, em outros livros do autor. As circunstâncias da formação de um serial killer apresentadas em ‘Beleza’ e ‘Amar o seu semelhante’ ou a manifestação do gosto pela violência no comportamento humano de ‘Confiteor’ já foram trabalhadas de melhor forma em trabalhos anteriores.

Mas há, claro, grandes momentos. ‘Janela sem cortinas’ e ‘Suspeita’ possuem as marcas dos melhores contos do autor; ‘A mulher do CEO’, apresentando o desencanto do personagem com uma mulher que a princípio lhe pareceu perfeita, é muito bom; e ‘Livre-Alvedrio’, mostrando um investigador obcecado por entender o que leva uma pessoa ao suicídio, apresenta um final angustiado daqueles que te fazem fechar o livro antes de passar ao conto seguinte. E ‘Mordida’ e ‘Gordos e Magros’, contos cujos personagens são os mais ‘vivos’ dentre as boas figuras apresentadas neste volume, são dois dos meus preferidos.

Por contos como estes é que vale a pena continuar acompanhando cada lançamento de Rubem Fonseca. E mesmo os momentos repetitivos ou menos inspirados são melhores do que os produzidos pelos muitos imitadores do escritor que não param de aparecer na literatura brasileira recente.

Por Ricardo Pereira

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Wilco no David Letterman, 21/09

E pra ajudar a curar a ressaca do fim do R.E.M., uma hora de Wilco ao vivo no David Letterman. São doze canções, entre novas, do The Whole Love, e clássicos da banda.



Por Ricardo Pereira

Discoverer/Blue

O R.E.M., grupo de rock americano criado no início dos anos 80, anunciou o fim do conjunto ontem, 21 de setembro, através de um comunicado no site oficial – remhq.com.

Foram mais de três décadas de ótimos serviços prestados à música. Um EP, quinze álbuns de carreira e algumas coletâneas e discos ao vivo – além de participações em trilhas sonoras e compilações diversas.

Foi a banda internacional que eu mais assisti ao vivo – três apresentações. A primeira delas, no Rock in Rio 3, em 2001, permanece imbatível no quesito “excitação”. Era a turnê da coletânea “In Time: The Best Of R.E.M.  1988-2003”. Só clássicos. Abertura do show: “Finest Worksong”. Final: “It’s the End of the World as We Know It (And I Feel Fine)”. No meio do concerto: “Fall On Me”, “The One I Love”, “Find the River”, “Losing My Religion”, “Man On the Moon” e “Everybody Hurts”, entre outras.

A segunda foi em Buenos Aires, na Argentina, no festival Personal Fest – 2008. Na época, o trio composto pelo vocalista Michael Stipe, pelo guitarrista Peter Buck e pelo baixista Mike Mills divulgava o disco “Accelerate”, roqueiro até a medula. Foi lindo e intenso. Tocaram duas canções que eu adoro, “Driver 8” e “Electrolite”, além de outras belas músicas. Um período inesquecível não apenas em relação ao show, mas à vida.

A terceira vez – e agora, tenho certeza, a última – que me deparei com a banda rolou uma semana depois do concerto em Buenos Aires. Foi na HSBC Arena, na Barra, Rio de Janeiro. O som não estava dos melhores, assim como o repertório. Mas foi a apresentação mais especial. Pessoas que eu amo estavam lá, assistindo ao show, do meu lado. Daqueles momentos de agradecer a Deus por estar vivo. Obrigado, pessoas.

Acabou. Ricardo, meu amigão e companheiro de blog, foi certeiro ao escrever em sua última postagem que “(...) não há luto, tristeza propriamente dita”, sobre o final da banda. Fica uma saudade danada e um orgulho indisfarçável, isso sim. Principalmente por saber que valeu a pena dedicar tempo e dinheiro ao conjunto.

Que trajetória honrosa. Irretocável. Um grupo que recebeu palmas da crítica e do público, do mainstream e do underground. Não acredito que haverá outro conjunto como o R.E.M..

Li em algum lugar, provavelmente na revista “Bizz”, que as bandas de rock foram feitas para acabar, têm prazo de validade. Passou do tempo, pronto: vira caricatura.

O R.E.M., que começou como um quarteto “college rock”, em Athens – contava com o baterista Bill Berry –, e terminou como um trio rock/pop mundialmente famoso, soube nascer, crescer e envelhecer com dignidade. E isso é mais difícil do que lançar uma obra-prima – eles lançaram –, unir popularidade e respeito – eles uniram – e manter um grupo junto por mais de três décadas – eles mantiveram.

Descanse em paz, R.E.M.. Missão cumprida.

... O R.E.M., grupo de rock americano criado no início dos anos 80, anunciou o fim do conjunto ontem, 21 de setembro, através de um comunicado no site oficial – remhq.com.

Para sempre

Por Hugo Oliveira

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

R.E.M. - Um texto de 'despedida'

Acabei de saber que o R.E.M. anunciou, em seu site oficial, o fim da banda. Talvez devesse esperar o impacto da notícia diminuir antes de vir escrever sobre isso, mas não resisto a comentar meu sentimento neste momento. Após o susto, meu primeiro pensamento foi o vazio de saber que não haverá mais discos novos da banda e que não poderei mais assisti-los ao vivo.

Não há luto, tristeza propriamente dita. Entendo a escolha dos caras de parar a banda enquanto ainda lançam material relevante, vide os dois ótimos últimos lançamentos. Já comentei aqui, ao falar sobre o Collapse Into Now, o orgulho que sinto deles, o quanto são importantes para mim. Eu e Hugo, meu companheiro de blog, sempre conversamos sobre o quando eles nos representam (e o nome do blog não é por acaso...), o quanto eles sempre conduziram a carreira de forma brilhante, conseguindo manter a integridade em todos os momentos.

Musicalmente, acompanham-me desde minha infância, seus álbuns foram fundamentais na minha formação não só musical, mas também pessoal. Fui atrás das referências que eles comentavam, os artistas que admiravam e foi, sem dúvida, junto com o Radiohead, a banda de rock n’ roll que mais ‘vivi’.  Estiveram presentes nas Bizz que lia quando ainda não havia internet; no encantamento com a diversidade de Out of time (os anteriores fui conhecendo com o tempo); na certeza de estar frente a frente com um clássico desde a primeira vez que ouvi o Automatic for the people; no quanto o Up e sua beleza ‘torta’ viraram referência pra mim, tornando-se um dos discos mais importantes da minha vida. Pontuaram relacionamentos importantes, servindo de trilha sonora para momentos lindíssimos, nos discos que gravei para pessoas amadas, dos encontros e histórias bonitas com amigos. Enfim, um relacionamento entre fã e ídolos, como quase não existe para os jovens de hoje, criados com as facilidades e a transitoriedade próprias da internet.

E os shows? O primeiro a que assisti, há dez anos, no Rock In Rio, foi uma experiência de grande intensidade, porque com 20 anos era ainda mais deslumbrado e impressionável do que ainda sou aos 30. Sentir-me tão perto de meus ‘heróis’, cantando a poucos metros as canções ‘da minha vida’, ver as pessoas em volta no mesmo clima, o repertório irrepreensível, ‘Find the River’ de surpresa... Lançando mão de mais um clichê nesse texto tão pessoal, um momento mágico.

E o segundo, em 2008, turnê do Accelerate, junto com amigos queridos que gostam e vivem a banda tanto quanto eu. O grande diferencial deste show foi esse: meus irmãos Henrique, Fábio, Hugo, Pedro Henrique, Marcel e Carol juntos ali comigo, Michael, Mike, Buck e Berry (ok, este estava ‘no feno’, mas sempre está presente quando o assunto é R.E.M.).

Poderia falar das letras mais marcantes, dos fraseados de guitarra, dos backing vocals perfeitos de Mike Mills, mas esse texto não ambiciona ser uma análise técnica. É apenas um relato emocional, de um cara criado e mantido por heróis, ídolos. Sujeitos como os integrantes do R.E.M., que lançam o que muitos consideram ‘apenas’ canções, mas para ele são como os tijolos que sedimentam o caminho de sua existência.

E a despedida do título é apenas modo de dizer, pois as canções, essas sempre estarão por aqui.

Obrigado, caras.

Why not smile? You've been sad for a while
 Por Ricardo Pereira

terça-feira, 20 de setembro de 2011

The Harrow & The Harvest - Gillian Welch


Sou obcecado por listas. À medida que o ano avança, vou ranqueando mentalmente os discos, filmes, livros de que mais gostei lançados desde janeiro. E em 2011, não obstante a concorrência de “sempre favoritos” da casa, um disco vem crescendo e flertando com o topo da minha lista imaginária: The Harrow & The Harvest, da cantora Gillian Welch.

Este disco veio complementar minha paixão recente por canções country. De um aprofundamento maior nas obras de Neil Young e Dylan à descoberta e encantamento com as canções de Gram Parsons, passando por álbuns como Wanted! The Outlaws (Willie Nelson, Waylon Jennings, Jessi Colter & Tompall Glaser) e The Lady's Not For Sale (Rita Coolidge) até trabalhos recentes como o lindíssimo Changing Horses, de Ben Kweller e o bom The King is Dead, do The Decemberists, obras constituídas (ou influenciadas por) folk/country vão ganhando cada vez mais espaço por aqui.

Por isso The Harrow & The Harvest bateu tão forte. É um álbum minimalista, com instrumental restrito aos violões/guitarras, banjo e gaita a serviço de canções sensíveis e emocionantes, resgatando temas tradicionais do folk, country e bluegrass. E toda esta delicadeza abriga letras muito boas, buscando inspiração na lírica recorrente do country tradicional adaptando-a aos dias atuais. Como se, habilmente, com seu canto envolvente, Welch nos levasse a Nashville idealizada por tantas histórias e canções, e por lá encontrássemos, se não a solução, uma proveitosa reflexão sobre o que passamos nos dias de hoje.

E nessa “viagem”, é quase possível sentir o cheiro de uísque e apreciar a paisagem do sudeste americano. Não o real, e sim o mais importante, que se materializa e vive em canções de beleza rara nos dias de hoje, como ‘Dark turn of mind’ ou ‘Tennessee’. Compostas em 2011, porém atemporais, significativas para o ouvinte sensível de qualquer época, idade ou nacionalidade.


Por Ricardo Pereira

sábado, 17 de setembro de 2011

Sérgio Sampaio: o rei do 'sem-querer'

A descoberta do trabalho de Sérgio Sampaio foi das experiências musicais mais intensas e excitantes que já me ocorreram. Há uns anos atrás, meu amigo Cecel gravou um cd com Eu quero é botar meu bloco na rua e o álbum me encantou desde a primeira audição. Intenso, emocionante, urgente, desafiador, poderia encher o parágrafo de adjetivos e não seria suficiente. E à medida que ficava íntimo dos outros discos – o sambista Tem que acontecer; o sensível Sinceramente; e Cruel, o póstumo – tornava-me cada vez mais admirador de Sampaio e não me conformava com a pouca informação disponível sobre sua vida e obra. 

Sabia da existência da biografia Eu quero é botar meu bloco na rua! (ed. Muiraquitã), de Rodrigo Moreira, mas não conseguia encontrá-la para comprar. Este ano finalmente consegui e recomendo aos fãs do artista, aos que desejam conhecer melhor seu trabalho e aos apreciadores da música popular brasileira de uma maneira geral, pois o livro faz justiça ao talento de um de nossos grandes compositores. Talento este injustiçado por uma série de motivos que o livro procura apresentar, mostrando, de maneira imparcial, as qualidades e defeitos do biografado.

Tive a impressão de algumas lacunas, devido a passagens muito rápidas entre algumas fases da vida do cantor. Gostaria, por exemplo, de um capítulo maior sobre A sociedade da Grã Ordem Kavernista, mas por razões pessoais: esse disco marcou uma época muito boa – e muito doida também – em que os amigos (e primos) no meio das conversas mandavam um trecho de uma das letras ou das vinhetas malucas do álbum.  Há também um equívoco sobre filmes do Woody Allen e alguns desvios gramaticais inaceitáveis em uma pesquisa tão bem feita. Mas nada disso obscurece o que mais importa: o conteúdo biográfico e a muito bem feita análise dos discos e canções. Eu, que adoro ler críticas de meus discos preferidos, deliciei-me com trechos de matérias jornalísticas da época dos lançamentos ou de shows realizados. Além, é claro, de excelentes histórias e curiosidades pinçadas pelo autor.

O livro me deixou muito orgulhoso da personalidade tipicamente alvinegra de Sérgio Sampaio e com uma mistura de perplexidade e frustração pelo modo com que seu talento foi desperdiçado, em parte por ele mesmo e muito pelo panorama musical de sua época. É angustiante acompanhar um compositor em plena criatividade, com canções cada vez mais fortes e sensíveis, não poder lançá-las por boicote das gravadoras e por executivos que preferiam artistas padronizados ou de público certo, com os quais obteriam lucro imediato.

‘Alternativo’, ‘maldito’, ‘gauche’, ‘marginal’, ‘drop-out’, ‘errático’... Foram vários os epítetos lançados para caracterizar Sérgio Sampaio, tentando definir sua pluralidade e atitude pouco convencionais para a época. E muitos dos que se preocupavam mais em como classificá-lo perdiam – e privavam o público de conhecer – o desenvolvimento de um talento raro, registrado em canções geniais – sem contar as que se perderam... – de um cara que, ciente de sua sensibilidade poética e muitas vezes abusando dos excessos de álcool, musicou, escreveu, viveu e morreu como os poetas ultrarromânticos que tanto admirou desde sua infância.  

Ou, em suas próprias palavras:

“Quase que fui pro buraco
Por pouco não fui morar no porão
Dancei, mas não sei não
Tive cuidado
De ter os pés quase sempre no chão
E a cabeça voando
Como se voa na imaginação
Longe do resto do bando
Mas sempre perto do meu coração”

Aquele que permanece firme, no ostracismo e na glória, merece a eternidade.
 Por Ricardo Pereira

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos - A Origem

No final dos anos 80, morando na casa de minha avó, a diversão era assistir aos filmes exibidos na "Sessão da Tarde", na Rede Globo. Alguns continuam bem fixos na memória: os do comediante Jerry Lewis e os da série "Planeta dos Macacos", por exemplo. Adorava a onda meio sci-fi relativa a um planeta onde os símios agem como humanos e as pessoas são tratadas como animais irracionais. Ficava intrigado. "Como é que isso foi acontecer, afinal?", pensava o jovem Huguinho. Fiquei sem resposta por mais de duas décadas.

A dúvida, ao que parece, começa a ser esclarecida em 2011.

No último sábado assisti ao tão comentado "Planeta dos Macacos - A Origem", do diretor inglês Rupert Wyatt. O longa dá início a uma trilogia que deverá explicar os outros filmes da série - aqueles que deixavam o hoje balzaquiano que vos escreve cheio de dúvidas, na infância. Tudo começa com o cientista Will Rodman - James Franco, em atuação apenas correta - às voltas com um projeto que poderá revolucionar a humanidade. Mais do que isso: devolver a capacidade de viver "normalmente" a seu pai, um professor de música portador do Mal de Alzheimer. Depois de testar uma substância intitulada ALZ 112 em macacos, e obter resultados positivos, ele se prepara para efetuar a demonstração formal da possível cura do Alzheimer aos representantes da empresa onde trabalha. Dá tudo errado. O animal que serviria de exemplo estava, literalmente, com a macaca - não acredito que eu escrevi isso -, e perde o controle no momento em que seria levado à apreciação. A macaca morre. O sonho de Will parece ter acabado. O motivo da loucura do animal era simples: instinto de proteção materna. Dentro do lugar onde ele era mantido é encontrado um filhote que, como seria descoberto mais tarde, herdou da mãe os genes turbinados pelo tal ALZ 112. Quase ninguém sabe da existência do macaquinho. Quem fica com o simpático bichinho?  O cientista. A história começa pra valer a partir desse momento.

Cesar, o macaco, é a melhor coisa do filme. É um verdadeiro deleite visual ver o animal crescer, se movimentar e apresentar uma inteligência fora do normal, sacando inclusive de linguagem de sinais. A mistura entre a alta tecnologia para criar o símio e a interpretação magistral do ator Andy Serkis só podia dar numa coisa: mágica.
A magia que Will quer é outra. Curar o pai está acima de qualquer desejo faraônico de se tornar "o" cientista. Ao notar que Cesar apresenta todas as características necessárias ao funcionamento correto do ALZ 112, não pensa duas vezes, e aplica a solução no pai, de forma ilegal. O remédio funciona... Ao menos, por algum tempo.
Falando em tempo, aliás, conforme este vai passando - e o macaco crescendo - começam a surgir os primeiros problemas. A juventude é a mesma merda em qualquer lugar, para qualquer ser vivo. Cesar começa a se questionar. "Sou um animal de estimação? Sou um ser humano? Sou um macaco?". Will tenta explicar o que aconteceu com ele, mas é difícil de entender. Para complicar, depois de agredir um vizinho, na intenção de proteger o pai do cientista, o macaco é levado para um espaço reservado a animais que estão fora do seu habitat natural, e é lá que ele entra em contato com outros de sua espécie, tendo a certeza de que é diferente dos demais. De todos. Primeiro vem o medo; depois a raiva; por fim, a revolta. O que será de nós?
"Planeta dos Macacos - A Origem" apresenta efeitos especiais surpreendentes, uma história interessante e algumas cenas antológicas, como a da batalha entre macacos e humanos na ponte Golden Gate, em San Francisco. Não, não é uma obra-prima, mas diverte e também instiga o público a acompanhar os dois próximos filmes que virão.

O Huguinho do final dos anos 80 iria amar; o Hugo destes tempos gostou. Agora é com você.

"Tá tudo bem, Will. Ainda podemos ser amigos... Sacanagem!"









Por Hugo Oliveira
    

Bom dia com Lou Reed

... Porque a "tia Lou" sempre tem moral.


"Perfect day"


"I can't stand it"


"Romeo had Juliette"

Por Hugo Oliveira

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um ótimo texto - Roberto Carlos e "O portão"

Passando por aqui mais uma vez para divulgar o belíssimo texto do historiador e jornalista Carlos Eduardo Lima sobre o show de Roberto Carlos em Jerusalém. Publicado no site Scream & Yell, "Quase nada se modificou" é, na verdade, muito mais do que um apanhado de impressões a respeito da apresentação do Rei. É um texto que diz muito sobre os sentimentos e as sensações que eu e meus amigos - e provavelmente você e os seus - estamos começando a provar, por estes tempos.

Siga o link: http://www.screamyell.com.br/


Quando vi que dois braços abertos/me abraçaram como antigamente/tanto quis dizer e não falei/e chorei





Por Hugo Oliveira

Viver não tem cura

Acabei de ler a biografia "Paulo Leminski - o bandido que sabia latim", de Toninho Vaz. Quase 400 páginas em três noites. Ok, concordo que eu leio rápido, mas o escritor do volume também teve culpa no cartório, no bom sentido. O texto flui que é uma beleza. Claro, informativo e simples. Através de uma cacetada de entrevistas com familiares, amigos e até desafetos, Vaz consegue oferecer um retrato ora colorido - alegre e vivo -, ora preto e branco - pesado e angustiante -  a respeito do multifacetado "polaco". Da infância em Curitiba, quando descobriu o gosto pelas palavras e a sede por sabedoria, passando pela pré-adolescência num mosteiro em São Paulo e pela juventude e a vida adulta marcadas pela poesia, boemia, amores e viagens a São Paulo e Rio de Janeiro, somos apresentados a um ser humano que, baseado em um de seus próprios poemas, decidiu ser exatamente o que era, sabendo que isso ia levá-lo além, para o bem e para o mal.
Leminksi seguiu religiosamente o zeitgeist dos 60/70. Fez a transição perfeita do beatnik para o hippie. Passava horas conversando sobre poesia, literatura, música, personalidades mundiais e cinema, entre outros milhões de assuntos. Seus asseclas? Jovens, sempre eles. Lotavam sua casa. Queriam ser como ele. As mulheres, por sua vez, derretiam-se pelo jovem ainda saudável, com porte de lutador faixa preta de judô - sim, a informação confere. Era "o cara", para muitos; para outros, apenas um intelectual metido a besta, um doidão de plantão. Um bandido que sabia latim... E inglês, francês, alemão... A lista é grande.
O reconhecimento pintou aos poucos. Lançou um livro revolucionário, "Catatau", e colheu boas críticas; compositores como Caetano Veloso, Jorge Mautner e Moraes Moreira gravaram suas canções. O culto só tendia a aumentar, e não poderia ser diferente: Leminski viveu de - e pela - arte, 24 horas por dia. Para acompanhá-lo, era necessário seguir o seu ritmo. Neiva, a primeira mulher, não aguentou; Alice, a segunda, foi mais longe. Com a última teve filhos - um deles, falecido aos 10 anos, uma das partes mais trágicas da biografia -, parcerias e um amor de verdade, real, com todas as complicações e delícias que apenas esse sentimento louco pode oferecer.
Viver de sonho também causou problemas sérios ao poeta conhecido como "cachorro louco". Conta no banco? Identidade? CPF? Não tinha. Alimentação saudável e limites quanto à bebida e substâncias ilícitas? Nem pensar. Ele tinha coisas mais importantes para pensar. Escolha feita, é chegada a hora de colher os frutos. Tanto os maduros quanto os podres. Vou tentar exemplificar este último parágrafo. No documentário "Ervilha da fantasia", feito para televisão, de Werner Schumann, o poeta é filmado em sua casa, muito simples e aparentemente desorganizada, com livros espalhados por todos os lados. Usa roupas paupérrimas e os dentes estão estragados. Quando abre a boca, parece um lorde, um gênio, o cara mais cool e antenado do planeta. Tenho vontade de abraçá-lo quando vejo as imagens - mesmo sabendo que ele odiava tomar banho. Fico tentado a pagar uma vodka para o mestre, apesar de saber que ele já sofria de cirrose, doença que iria matá-lo quatro anos depois, em 1989 - o doc foi lançado em 1985.
A vontade de dar uma porrada na cara do polaco, e quebrar o restante dos dentes do homem, também rolou forte, em muitos momentos do livro. Num trecho específico, principalmente. Ele e a mulher, Alice, estão saindo do enterro do filho, Miguel, falecido aos 10 anos por causa de um câncer. De repente, a companheira do poeta é despertada de seu estado de tristeza pela voz de Leminski, conversando em voz alta sobre música e criação. "Como ele pode?", questiona Alice. "Que filho da puta!", pensei eu. Grosso modo, o poeta responderia depois, através de um bilhete encontrado. "Maremotos em mares mortos. Pai morto. Mãe morta. Filho morto. Irmão morto. Como querer que a minha vida não seja torta?". Ah, sim, Pedro Leminski, irmão de Paulo, cometeu suicídio, enforcando-se em casa. Não justifica. Mas explica. Nem todo mundo consegue carregar o peso do mundo com um sorriso na cara e acenando para todos.
Um dos nomes mais brilhantes da literatura brasileira dos anos 70. Filho querido - e maldito - de Curitiba. Alcoólatra. Irresponsável. Apaixonado. Genial. Sem chance.

"A vida é demais para os poetas. Sobretudo para os melhores".

Leitura obrigatória, companheiro/companheira.


"Distraídos venceremos!"



Por Hugo Oliveira

Bom dia com Dexy's

Taí uma bandeca que eu preciso conhecer melhor, Dexy's Midnight Runners. Curte?


"Geno"


"There, there my dear"


"Come on Eileen"


Por Hugo Oliveira

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Leitura dinâmica

Cá estou eu, amigo/amiga. O blog anda meio parado, né? Coisas da correria louca da vida. Logo a gente - eu e Ricardo - retorna ao ritmo normal, e as postagens voltam a aparecer.
Por enquanto, vamos de leitura. Err, mais ou menos. Escrevo sobre os livros que estou lendo e os que pretendo ler, em pouco tempo.

O volume "Bowie - a biografia", de Marc Spitz, já está nas últimas páginas. Conta a história do cantor inglês David Bowie que, apesar de ter lançado suas primeiras músicas no final dos anos 60, foi no começo da década seguinte que alcançou sucesso mundial com o disco "The rise and fall of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars", onde popularizou de vez o som "glam", rock bicha, cheio de glitter e sexualidade ambígua. O volume é muito detalhista quanto ao início da carreira de Bowie, seu vício em substâncias ilícitas e seus últimos discos lançados. Mesmo assim, peca por não dar  mais ênfase justamente à época especial do artista, quando lançou discos como "Aladdin Sane", "Diamond dogs", "Young americans", "Station to station" e os álbuns que compõe a trilogia composta em Berlin - "Low", "Heroes" e "Lodger". Quem é fã vai gostar... Mas não encontrará grandes novidades no livro.


Outro volume que estou terminando - em tempo recorde! - é "Paulo Leminski - O bandido que sabia latim", do jornalista Toninho Vaz. Trata-se da biografia do poeta, escritor, compositor, judôca, boêmio e agitador cultural Paulo Leminski, falecido em 1989. Curitibano, Leminski viveu intensamente sua curta estadia neste planeta. Amou, sonhou, influenciou, cantou, fumou, escreveu e bebeu, sem moderação. Morreu aos 44 anos, por complicações ligadas ao excesso de bebida. Foi considerado por boa parte da crítica especializada como um dos grandes - novos - nomes da literatura/poesia brasileira. Não quero estragar a surpresa, até porque, pretendo escrever uma postagem específica sobre a obra. Mesmo assim é impossível deixar de citar passagens como a visita de Gal e Caetano ao poeta, em Curitiba; o processo de composição de "Catatau", livro que Leminski demorou oito anos para escrever; o relacionamento com Alice, segunda mulher, conturbado e apaixonado; as noitadas, as drogas, as conversas apaixonadas sobre a arte; as perdas familiares.
"O bandido que sabia latim" é apaixonante e apaixonado, assim como era o "cachorro louco", um ser humano errático, genial, ingênuo e, acima de tudo, indispensável. Afinal de contas, não é qualquer um que tem a manha de escrever um verso como o que segue logo abaixo.

Lápide 1
Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito
são suas obras completas.






Agora é a vez dos próximos da lista: o primeiro escolhido é "Crash! - uma breve história da economia - da Grécia antiga ao século XXI", de Alexandre Versignassi. Sou uma besta em relação à economia. Acho lindão quem entende do assunto. Logo, quando soube que o livro de Alexandre tem uma linguagem acessível e também usa do bom humor para apresentar histórias e informações interessantes quanto ao assunto, não pensei duas vezes. Vamos ver no que vai dar.







O segundo será "Os últimos soldados da Guerra Fria", de Fernando Morais. Já conhecia o trabalho de Fernando através do volume "Olga" - muito bom, por sinal. Também ouvi elogios rasgados em relação à biografia que o escritor produziu sobre Assis Chateaubriand - Tio Antônio, pai do Ricardo, não me deixa mentir. Logo, quando soube do tema, um volume dedicado a história dos agentes secretos cubanos que se infiltraram em organizações de extrema-direita dos USA, considerei seriamente a hipótese de comprar o volume. Não o fiz porque acabei ganhando o livro de presente. Felicidade total... E expectativa relacionada ao volume.




Simbora na onda da leitura!

Por Hugo Oliveira

domingo, 11 de setembro de 2011

WILCO - "Born Alone"

Primeiro clipe do disco novo do Wilco, The Whole Love.



E que ano é esse, com lançamentos de R.E.M., Radiohead e Wilco, hein?

Por Ricardo Pereira

sábado, 10 de setembro de 2011

Pra sonhar: Federer x Djokovic


Hoje meu coração está dividido. Daqui a pouco entrarão em quadra, disputando uma vaga na final do US Open, meus dois tenistas preferidos: Roger Federer, o maior da história, e Novak Djokovic, o melhor da atualidade.

Federer é o jogador mais completo, mais técnico que já vi jogar. Aos 30 anos, seus melhores dias já passaram, no entanto ainda é um prazer vê-lo brindar o mundo com sua classe e suas jogadas geniais e imprevisíveis. A aula de tênis que ele deu contra o argentino Juan Monaco neste mesmo torneio é um bom exemplo.

O jogo de Djokovic me encanta cada vez mais por aliar parte da técnica refinada de Federer com a força de Nadal (e antes que os fãs deste reclamem de algo, deveriam estar assistindo ao UFC ao invés de tênis) e uma força psicológica que o impulsiona nesta extraordinária temporada que vem fazendo.

A expectativa para o jogo é grande. A melhor partida a que assisti este ano foi justamente a semifinal de Roland Garros entre Roger e Nole. Às vezes penso que seria melhor o Djoko passar e manter a freguesia pra cima do Nadal, continuando sua praticamente impecável jornada deste ano. Por outro lado, gostaria de ver Federer vencer mais um Grand Slam, se possível em cima do Nadal, adversário que lhe causa problemas constantes nos últimos confrontos.

Na verdade, é o tipo de jogo que é impossível torcer para um dos dois, apenas assisto maravilhado a oportunidade de contemplar o espetacular tênis desses dois atletas geniais. E se nem Federer nem Djokovic for o campeão, pior para o torneio, para quem aprecia a beleza ao assistir a uma partida de tênis, e para o esporte, de uma maneira geral.


Por Ricardo Pereira

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sérgio Sampaio e Garrincha

"Reputo Sérgio Sampaio um dos grandes compositores de nossa recente MPB, indubitavelmente um artista único, melodista, poeta e intérprete de qualidades raras e grandes tiradas, de originalidade e talento que sobressaem a cada nova audição, cada canção resgatada, cada nova composição gravada. Encantando e surpreendendo, em sua simplicidade harmônica, como um verdadeiro Garrincha da MPB, driblando os percalços, entortando a defesa dos insensíveis e marcando gols de placa com suas canções. Lamentavelmente, com um fim inglório, similar ao do grande craque do Botafogo, time de seu coração."

- Trecho de 'Sérgio Sampaio, estrela solitária da MPB?', prefácio de Sérgio Natureza à biografia Eu quero é botar meu bloco na rua!, de Rodrigo Moreira.


Por Ricardo Pereira

Vômito verde e amarelo

O jornalista André Forastieri, que tem um blog no portal R7 e que escreve MUITO sobre música - foi editor da revista Bizz -, postou um texto muito oportuno não apenas em relação ao aniversário do "político" Paulo Maluf, mas também quanto ao embrulho no estômago que sentem quase que ininterruptamente aqueles que vivem nesse país chamado Brasil.

Siga o link e chame o "Raul"... Ou o "Hugo": http://noticias.r7.com/blogs/andre-forastieri/2011/09/06/tem-dia-que-da-vontade-de-vomitar-o-brasil/

Why so serious?




Por Hugo Oliveira

Poeminha

Assisto ao grandioso espetáculo
com olhos de grãos de areia.
Pisco.
Existir?
Um cisco.

Por Hugo Oliveira

sábado, 3 de setembro de 2011

Machete, o Mito

A primeira vez que tive contato com o cinema de Robert Rodriguez foi através do meu amigo Matheus. Ele vivia falando sobre El Mariachi, filme que me recomendava como supra sumo da tosqueira, até que um dia em uma reunião de amigos em sua casa, resolvemos assisti-lo, já tarde da noite. E o filme confirmou tudo que meu amigo comentara, morremos de rir, com direito a voltar determinadas cenas.

Um tempo depois, fui assistir ao Grindhouse, projeto de Rodriguez e Tarantino, e antes mesmo de começar o filme, fiquei super entusiasmado com o trailer fake de Machete. E, pelo visto, não só eu, pois o sucesso foi tão grande, que resolveram transformar a brincadeira em um longa. E daí chegamos a um dos filmes mais divertidos dos últimos tempos.

Machete parte de uma premissa batida, um homem com objetivo de vingar o assassinato de sua família, tendo como pano de fundo a relação entre imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e americanos xenófobos. Mas o enredo é o de menos, o que importa são os diálogos nonsense (“Deus tem misericórdia, eu não”, vindo do padre assassino irmão do protagonista é demais!) e cenas absurdas abusando dos mais diversos clichês de filmes B para divertir o espectador. É tudo muito caricato, desde a canastrice dos violões interpretados por Steven Seagal e Robert De Niro, passando pelos cenários, figurino, situações forçadas e a trilha sonora que funciona que é uma beleza.

Mas o grande destaque é Danny Trejo, que normalmente atua como vilão e aqui é o protagonista, encarnando perfeitamente “a lenda" Machete. Imagine uma superdose de virilidade, grosseria e autoconfiança, e teremos as características de nosso herói. É ele quem rouba o filme com as cenas mais improváveis de violência e heroísmo, além de tiradas divertidíssimas como “Machete não manda mensagens”, “Você mexeu com o mexicano errado”, entre outras.

E foram essas as características que me fizeram, nas duas vezes a que assisti, sentir a empolgação parecida que sentia na infância ao “torcer” para outros heróis estereotipados como Stallone Cobra ou Rocky. Se estiver procurando filmes profundos, filosóficos, fique longe. Mas se quiser “apenas" diversão, é satisfação garantida!

"Pra que ser uma pessoa de verdade, se já sou uma lenda?"
 Por Ricardo Pereira

Parece Smiths... Mas não é!

Influenciado pelo post anterior, ofereço agora alguns exemplos de grupos que, de alguma forma, dão continuidade ao legado "smithiano". Para mim não importa: homenagem, influência, chupação descarada... Eu quero é guitarras fazendo cosquinha no coração, porra!


"Haunted by you" - Gene


"Olympian" - Gene


"Truth, rest your head" - Gene


"Roseability" - Idlewild


"These wooden ideas" - Idlewild


"You held the world in your arms" - Idlewild


"Shiver gone" - Popundret


"Friendship love" - Popundret


"Life can be so hard" - Popundret


"Brother" - The Organ


"Love, love, love" - The Organ


"Crazy" - Northern Portrait


"The Müchhausen in me" - Northern Portrait


"When goodness falls" - Northern Portrait

Por Hugo Oliveira

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Northern Portrait ou Como fazer uma "viúva" do The Smiths feliz

O Ministério da Saúde Musical adverte: não há nada de novo no primeiro disco "cheio" da banda dinamarquesa Northern Portrait, "Criminal art lovers", lançado em janeiro de 2010 pelo selo Matinée Records. Por outro lado, existe um amontoado de particularidades relativas ao CD que tem feito o fator "arrepiamento" chegar a níveis extraordinários.
Estou falando dos pêlos do meu braço... Mas poderia/pode ser o do seu. Na dez canções do grupo encabeçado pelo vocalista e guitarrista Stefan Larsen, não se ouvem apenas ecos do Smiths - acima de tudo -, como a maioria das publicações digitais vem alardeando. Na verdade, o que se escuta é o som de um conjunto que, mesmo que não intencionalmente, apresenta influências de bandas diversas como  Gene, Idlewild e Popundret, estas, absolutamente inspiradas no trabalho do quarteto oitentista mais famoso de Manchester. Dã!
Não sei se deu para entender - tem tanto tempo que eu não escrevo aqui que acho que já até perdi o jeito. O que quero dizer é que o lance da influência/homenagem/chupação direta já atingiu outros níveis. Agora, não é necessário ir direto à fonte. Outros já fizeram o "trabalho sujo", e por vezes, conseguiram aparar certas arestas... Mesmo que nem sempre as canções sejam obras-primas. É o caso do Northern Portrait. A impressão que se tem, ouvindo o álbum, é que nem mesmo as guitarras de Johnny Marr, guitarrista e compositor dos "Silvas", conseguiram soar tão brilhantes quanto as que são tocadas por Stefan e Jesper Bonde. A cozinha formada pelo baixista Caspar Bock e o baterista Michael Sorensen também merece destaque, fazendo uma cama perfeita para o pessoal das seis cordas deitar e rolar num jingle jangle que faz o sol brilhar a qualquer momento. Basta apenas colocar o fone... E sorrir.
Está achando que é exagero? Talvez. Vou tentar explicar. Mantenho uma relação doentia com guitar bands à Smiths. Coisa de louco mesmo. Obssessão. É só ouvir alguém cantando letras sobre relacionamentos, com uma guitarrinha dedilhada, estalando - Rickenbaker ou semi-acústica, de preferência -, pronto: lá se vai o senso crítico pra vala. Eu tenho noção de que a maioria desses imitadores dos Smiths não vai dar em nada. Dois, três disquinhos simpáticos e tchau. Mesmo assim eu insisto. E ganho lá as minhas recompensas sonoras.
As 10 canções de "Criminal art lovers" são como amores de verão. Dez Meninas lindas, inteligentes, boas de papo. Você se apaixona por 5, 7 dias... Mas sabe que vai esquecer em pouco tempo. Mesmo assim, quando algum amigo fizer menção ao affair, você vai falar algo do tipo. "Putz, aquela menina era mesmo demais... Sempre vou me lembrar com carinho".
As dez primeiras faixas do álbum formam a melhor abertura de um disco que eu ouvi em meses. Peraê: mas o disco tem dez músicas! Bingo: é tudo tão bom e tão chiclete - e tão igual, não poderia deixar de mencionar - que não dá para destacar alguma canção específica.
Ainda não tive tempo de dar uma analisada nas letras, mas acredito, pelos trechos que venho pescando em cada audição, que é um disco sobre relacionamentos. Não poderia ser diferente. O amor - ou a ausência dele - e suas implicações vem sendo pano para a manga da música pop desde sempre... E a música pop tem regras que não devem ser quebradas, correto?
Ouvir o début  do Northern Portrait é dirigir um carro conversível - vermelho - a toda velocidade, em alguma autoestrada deserta. Vento batendo nos cabelos. Velhas fotografias e lembranças sendo jogadas ao léu. Lágrimas e sorrisos no rosto. Sem destino.


    Faixas
  1. The Münchhausen In Me
  2. When Goodness Falls  
  3. Crazy
  4. The Operation Worked But The Patient Died
  5. Criminal Art Lovers  
  6. Life Returns To Normal
  7. Murder Weapon  
  8. What Happens Next?
  9. That's When My Headaches Begin
  10. New Favourite Moment 




"Criminal art lovers": um disco para chamar de seu


Por Hugo Oliveira

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O processo de criação vai de 10 até 100 mil


Os autores do blog estão sumidos. Agosto foi o mês com menos postagens desde o nascimento deste espaço. Eles prometem voltar. Um está com a alma imersa em amor; o outro queria estar com esse ‘problema’ também, passou um período relativamente longo perdendo tempo e, agora que voltou à vida, está tentando consertar o que é possível, mas não consegue ainda administrar o tempo. Ambos estão em um período de muito trabalho.

Mas não, o blog não morreu.

..!! in an intastella burst i am back to save the universe!!