"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 28 de março de 2011

Domingo em preto e branco

Belezinha? Let’s go: o domingo por aqui foi dedicado ao cinema. Aos clássicos do cinema. Assisti a três películas em seguida. Todas de diretores famosos. A primeira é uma das grandes obras do neo-realismo italiano, “Ladrões de bicicleta”, de Vittorio De Sica – 1948. Numa Itália devastada pela 2ª Guerra Mundial, um pai de família, Ricci – interpretado pelo novato Lamberto Maggiorani –, acaba conseguindo o que muitos estão a procura: um emprego. Só tem um problema... Ele precisa de uma bicicleta para exercer sua nova função, de colador de cartazes. A mulher de Ricci, Maria – Lianella Carell –, coloca os lençóis da casa no penhor, para conseguir o dinheiro que vai patrocinar o meio de transporte. O final feliz poderia pintar a partir desse ponto, mas algo muito triste acontece. A bicicleta é roubada no primeiro dia de trabalho. O filme então se transforma numa busca desesperada pelo veículo, empregada pelo pai de família e por seu filho, Bruno – um moleque chamado Enzo Staiola, que deixa qualquer um emocionado apenas com olhar. Eles buscam pistas, conversam com possíveis suspeitos e até visitam uma vidente, na tentativa de encontrar algum indício quanto ao destino da bicicleta. Cruel, muito cruel.





O segundo filme, “Os incompreendidos”, de 1959, é o primeiro que veio ao mundo pelas mãos de François Truffaut. E não é pouco: se tornou um dos títulos indispensáveis do movimento conhecido como “nouvelle vague”. A película conta a história de Antoine Doinel – Jean-Pierre Léaud –, um pré-adolescente que leva a vida matando aula, cometendo pequenos furtos e mentindo para a família – esta, sempre ausente, por causa do trabalho. Por mais que os pais o aconselhem – e o castiguem – e os professores ofereçam punições humilhantes ao garoto, ele não consegue ver um futuro, ou até mesmo um caminho mais “digno” para sua vida. Daí em diante, ele terá que arcar com as conseqüências de seus atos... E com a dureza da sociedade.








A última película, mas não menos importante. “O sétimo selo” – 1956 – é um filme sueco, do diretor Ingmar Bergman, o ídolo supremo do nova-iorquino Woody Allen. Não é uma obra fácil. Num dos períodos mais sombrios da Idade Média, o cavaleiro interpretado por Max Von Sydon volta das cruzadas desiludido, sentindo falta de um sentido para a vida e questionando a todo o tempo a existência de Deus. Para piorar, é uma época em que uma peste vem devastando o povo, de cidade em cidade. Sabendo que sua morte é apenas uma questão de tempo, o cavaleiro, seu fiel escudeiro e uma pequena comitiva seguem sem destino pelo mundo, tendo como companheira... A morte. Sim, esse é o filme que apresenta a clássica sequência em que o homem – o cavaleiro – joga xadrez com o “senhor vestido de preto”. Inesquecível. Mesmo assim, a cena mais impactante é a de uma procissão sinistra, que mistura religiosos fanáticos e pessoas que se autoflagelam na esperança de que a peste não os alcance. Impactante.




Por Hugo Oliveira

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