"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 24 de abril de 2012

Fight the Future

Torcendo para que os executivos da Fox anunciem a renovação de Fringe para um temporada final (mesmo que curta) e, dessa forma, os produtores da série não precisem terminá-la nos episódios restantes desta quarta temporada. 

O último episódio, "Letters of Transit”, foi nada menos do que espetacular, daquelas mudanças de rumo inesperadas como nos melhores momentos de Lost e a participação mais do que especial de Henry Ian Cusick, nosso querido Desmond.

A cada novo episódio, fico feliz de estar acompanhando esta série em 'tempo real'. Se não assiste, não sabe o que está perdendo...

If anything goes wrong, Walter Bishop will be my constant
Por Ricardo Pereira

sábado, 21 de abril de 2012

Os Imperfeccionistas


Meu amigo – e companheiro de blog – Hugo Oliveira pediu que eu interrompesse temporariamente minha interminável biografia do Dostoievski para ler um livro desses imperdíveis que ele havia acabado de ler: Os imperfeccionistas, romance de estreia do escritor inglês Tom Rachman.

O livro conta a história de um jornal desde sua fundação, há mais de meio século, até os atuais tempos tão difíceis para a imprensa devido, principalmente, à internet. Mas isso, só aparentemente: o livro, na verdade, é sobre pessoas. Solitárias, desiludidas, desgastadas pelo tempo, personagens envolvidas de alguma forma com o jornal têm fragmentos de sua vida narrados com maestria, revelando os prazeres e infortúnios não apenas de trabalhar com jornalismo, mas de viver.

Os capítulos são como contos fechados em um determinado personagem, e, desde a primeira narrativa, senti-me envolvido de forma irreversível com as particularidades de cada uma daquelas figuras tão reais, com histórias tão cativantes. Relacionamentos fracassados, inseguranças, o vazio e o desperdício da vida, a morte, o isolamento entre seus pares, o resgate ilusório de um passado são alguns dos temas abordados, todos amalgamados por um viés: o da solidão.

Assim, acompanhamos, por exemplo, personagens seguros e autoritários no trabalho, mas com problemas pessoais que os levam a inseguranças e ao quase esgotamento de si fora das fronteiras da redação. E o modo como Rachman conduz a história faz com que figuras secundárias de um capítulo apareçam mais a frente e, com isso, o leitor tenha outra visão delas, a partir do desnudamento e aprofundamento de suas características.

A maneira simples e direta com que os fatos são narrados contribui para o impacto dos acontecimentos e para que nos identifiquemos – muitas vezes não de forma confortável – com traços de personalidade, sentimentos ou mesmo com alguns dos momentos retratados no romance.

Já assumindo o risco de soar piegas, é como se cada capítulo espetasse uma região diferente do coração. Mas o resultado de tanta amargura e melancolia – e é isso o que mais importa no caso – é uma leitura extremamente prazerosa.

uma gota de sangue em forma verbal
 Por Ricardo Pereira

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Mediano e simpático


É muito fácil falar mal do vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto. Com ou sem razão.

Cantor e compositor de um dos conjuntos mais famosos do chamado “Rock de Brasília”, que estourou no país inteiro através de nomes como Legião Urbana e Plebe Rude, nos anos 80, Dinho e seu grupo lançaram algumas boas canções e muitas faixas dispensáveis, ao longo de discos sempre marcados pela irregularidade.

Um ótimo motivo para detoná-lo, certo? Afinal, nada mais justo do que criticar um músico pela ausência de qualidade ou falta de relevância relativa ao trabalho apresentado.

Dinho sabia que nunca ia escrever ou cantar da mesma forma como Renato Russo, seu grande ídolo, fazia. Poderia, junto com sua banda, até exigir um empate técnico no quesito “conjunto da obra”, em relação ao companheiro de geração Plebe Rude. Mas o quarteto que criou “Até quando esperar?” perdeu a virgindade musical com “O concreto já rachou”, um mini-LP destruidor, onde quase todas as faixas eram acima da média.

Medalha de bronze, cara. Ao menos, por enquanto.

Quatro discos depois de “Capital Inicial”, de 1986, Dinho resolveu sair do grupo que lhe deu fama e grana. A banda continuou com um novo vocalista, mas nada aconteceu. Dinho lançou dois álbuns solos – o segundo, “Dinho Ouro Preto”, foi até elogiado pela crítica –, mas também não foi além.

Quando parecia que a história do conjunto havia chegado ao fim, eis que a banda volta com a formação original, grava um bom disco autoral – “Atrás dos olhos”, de 1999 – e, em seguida, lança um acústico com o selo MTV que emplaca pelo menos meia dúzia de músicas.  Só faltava os caras tocarem num Rock in Rio da vida e saírem de lá consagrados como responsáveis por um dos melhores shows da noite. E foi o que aconteceu.

O Capital Inicial é hoje um dos conjuntos de rock/pop mais famosos do país. A banda toca em tudo quanto é canto, renovou o público e conseguiu lançar discos melhores do que aqueles produzidos em meados dos 80/começo dos 90 – embora a fonte pareça estar secando.

Agora, aos 46 anos, o cantor que sempre disse que só sabia tocar rock, que ia envelhecer fazendo esse tipo de música, resolveu gravar um novo disco solo lotado de versões internacionais de clássicos e algumas novidades incensadas do estilo. Tudo bem para você, caro leitor?

Seria desonesto generalizar, mas, para gente como eu, que respira música pop, err, “séria”, que acaba de voltar de um show do Morrissey e que está sofrendo com um ingresso do festival Coachella na mão, sem poder ir ao evento por causa da falta de grana, a resposta automática é não.

Foi o primeiro pensamento que me veio à cabeça quando Ricardo, a outra mente por trás deste blog – aliás, a mais atuante por esses dias –, enviou uma mensagem, via celular, falando que “There Is A Light That Never Goes Out”, dos Smiths, não ficou horrorosa na voz do Dinho, mas “Hallelujah”, clássico de Leonard Cohen imortalizado na voz do cantor Jeff Buckley, havia ficado “tenebrosa”.

Eu ri muito e, automaticamente, visualizei o álbum como uma grande merda.  Mesmo sem ter escutado. Aí, bateu uma coceirinha na mente, lá no fundo da consciência. “Porra, vai esculachar sem ter escutado?”. Resolvi encarar a missão.

“Black Heart” tem doze canções. É um disco de um cara que cresceu ouvindo rock, tocando esse tipo de música simples e apaixonante. Dinho poderia ter gravado um álbum com clássicos da MPB, na intenção de soar mais adulto e brasileiro. Mas não. Registrou faixas que parecem falar muito de onde ele veio e para onde está indo. Ainda assim, também soa como um músico querendo provar para todo mundo que é “do rock”, que está ligado com o que aconteceu e acontece no cenário.

“Steady As She Goes”, da banda americana Raconteurs, e “Time Is Running Out”, do trio inglês Muse, ganharam versões muito fracas. São justamente as canções mais atuais do repertório que o cantor escolheu. A primeira não consegue reproduzir um tiquinho da tensão que a original carregava. Uma música morta, do começo ao fim; já a segunda, se transformou num indie brega de fundo de quintal, com direito a refrão com cara de coro de igreja ruim. Detalhe: em ambas, um backing vocal contribui para o (des) serviço.

“Hallelujah”, canção do cantor e compositor Leonard Cohen que ficou famosa na voz de Jeff Buckley, também surge como outra bola fora do trabalho. Música simples, mas de grande carga emocional, ela aparece em arranjo ligeiramente diferente, com um violão mais presente e uma percussão marcando a faixa. Nem a bonitinha intervenção instrumental no refrão – parece um violão, um banjo, algo do tipo – consegue salvar a faixa da ausência de uma interpretação mais emocionada, feita com o coração... Mesmo que negro.

A simplicidade e o respeito ajudam o cantor em dois momentos: “Hard Sun”, de Eddie Vedder, e “(Are You) The One That I’ve Been Waiting For?”, de Nick Cave, são simpáticas, bem parecidas com as originais, sem grandes ousadias ou retrocessos.

“Suspicious Mind”, que Mark James parece ter criado exclusivamente para a voz de Elvis Presley, pode até ter perdido em explosão, mas ganhou um arranjo mais sutil e interessante, com uma boa quebra de ritmo no meio.  “There Is A Light That Never Goes Out”, dos Smiths, aparece numa velocidade mais acelerada do que a original, com Dinho cantando com vontade, mas fazendo firulas vocais suspeitas, quase desnecessárias. A dramaticidade da voz de Morrissey e das cordas presentes na canção original – boladas por Johnny Marr – faz falta.

A primeira música de trabalho do disco, “Nothing Compares 2 U”, gerada através do cantor Prince, mas adotada pela cantora irlandesa Sinéad O’Connor, ganhou um groovezinho chulé, mas nada que possa arranhar o brilho da interpretação mais famosa, que foi defendida com um dos vídeos mais singelos e arrebatadores dos anos 90. Talvez este seja o grande problema do disco – mais do que o instrumental sem grandes momentos e a voz mediana de Dinho: a incapacidade do álbum em chamar a atenção do ouvinte médio do Capital para os originais das canções escolhidas, muitas, peças fundamentais no caminho traçado pelo vocalista e sua banda.

Restou escrever sobre as quatro melhores faixas de “Black Heart”. “Lovesong”, do The Cure, uma das influências primárias do Capital Inicial, ficou ótima. Gravada com tesão, instrumentos e voz para cima, com a urgência que a música merece. “Love Will Tear Us Apart”, do Joy Division – o “pós-punk” supremo –, surpreende pela criatividade. A simplicidade é mantida, mas em compensação, Dinho e os músicos que gravaram o álbum não economizam no bom gosto. Não tem a ‘dor’ e o espírito torturado da gravação original? Ótimo: sinal que ao menos nessa canção o vocalista conseguiu oferecer algo de novo. Outros tempos, certo?

“Dancing Barefoot”, da cantora pré-punk Patti Smith, ganhou uma roupagem mais encorpada... E acordes iniciais que lembram “Island Of The Sun”, do conjunto power pop americano Weezer. O órgão de churrascaria caiu bem na faixa, assim como o backing vocal, que finalmente marcou um gol, aos 45 do segundo tempo e chorado. A versão para “Being Boring”, movida a violões, também ficou bonita, prontinha para o momento “celulares ligados” durante os shows que o vocalista deverá realizar para divulgar o álbum.

Dinho parece ser um cara legal. Um quase tiozão com boas intenções e influências roqueiras relevantes. Se o objetivo do cantor era homenagear as bandas e os cantores que fizeram – e fazem – sua cabeça, ele conseguiu. Por outro lado, para nós, ouvintes, é um resultado abaixo do esperado.

E a gente costuma criar expectativas em relação às pessoas legais, certo?

Não foi dessa vez... Mas foi divertido.


Que país é esse? Ninguém se mobiliza para ouvir o álbum do cara? É a porra do Brasil!

 Por Hugo Oliveira



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Bebendo com Dylan


Hoje Bob Dylan veio me visitar, apareceu pra beber comigo.

O dia começou estranho desde cedo, uma solidão que não era só minha. Em um tempo em que a tristeza e a melancolia deram um tempo de mim, resolveram aparecer juntas sem motivo aparente. E, durante o dia, liguei umas sete vezes para meus pais; troquei mensagem com meu amigo Hugo a respeito do livro que ele me emprestou – um pouco responsável pelo clima disso tudo –; senti vontade de falar com o Pedro, com meus irmãos. Um modo de não estar tão só no meu canto que normalmente me é mais do que suficiente.

Cheguei a casa com este sentimento de incompletude. Amigos de longa data preparando-se para beber a trezentos quilômetros de distância e minha garota também longe saindo para se divertir com amigos só aumentaram minha solidão. Até que a campainha toca e Dylan aparece com um punhado de boas cervejas e as palavras sempre oportunas.

Bebemos juntos, assistimos futebol, apresentei Cartola a ele – aprovadíssimo –; escutamos Wilco, ele disse que algumas daquelas canções ele teria escrito aos 30; sobre o Radiohead, comentou que é provavelmente o que faria se tivesse 30 hoje em dia. Não gosta de comentar a própria obra, por mais que eu insista... Mostrei-lhe a versão do Jeff Tweedy para “Simple Twist of Fate”, não proferiu uma palavra, percebi a aprovação apenas pelo brilho de seu olhar.

Comecei a falar da importância do Blood on the tracks para mim, o disco que contém “tudo o que um ser humano pode aprender sobre o amor”, segundo li em algum lugar que não me lembro agora. Ele julgou a afirmação estúpida e zombou dos que cultuam toda a dor presente naquelas dez canções.

À medida que fomos ficando bêbados, seus conselhos pareceram cada vez mais incompreensíveis e encantadores. Sua voz impregnou de tal forma meus pensamentos, suas frases ecoavam de tal maneira em minha mente, que não percebi sua retirada. O jogo havia acabado, as cervejas também, já não me sentia tão só.

Como um mantra ou um disco arranhado, uma voz roufenha e alcoolizada ocupava meu pensamento: “all that you can do is do what you must”.

E, desta forma, pude dormir em paz.


Por Ricardo Pereira

terça-feira, 17 de abril de 2012

Todo o amor


O amor é tema recorrente na música pop, responsável tanto por discos lindíssimos quanto por pieguices lamentáveis. Renato Russo, em uma entrevista, afirmou a vontade de escrever ‘eu te amo’ numa canção sem que isso soasse brega. Conseguiu no sexto disco de estúdio de sua banda em “Vamos fazer um filme”.

Mas oito anos antes, em “‘Índios’”, já havia o sentimento demonstrado em versos inspirados: “É só você que tem a cura para o meu vício de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi”. O sempre criticado Oswaldo Montenegro, em seu segundo álbum, lançou “Por brilho”, declaração de amor escrita curiosamente quando do término de um relacionamento marcante em que o eu lírico afirma a possibilidade de permanência do amor independente da situação ou distância.

Chico Buarque, maior letrista da música brasileira, possui uma série de memoráveis canções de amor. Uma de minhas preferidas é “Valsa brasileira”:

“Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer”

Bob Dylan, maior letrista do mundo, entre outras, tem essa:

“Sad-eyed lady of the lowlands
Where the sad-eyed prophet says that no man comes
My warehouse eyes, my Arabian drums
Should I leave them by your gate
Or, sad-eyed lady, should I wait?”

Uma por que tenho um encantamento especial está no magnífico Mellon Collie and the Infinite Sadness, com a carga dramática típica de Billy Corgan:

“too late to turn back now, I’m running out of sound
and I am changing, changing
and if we died right now, this fool you love somehow
is here with you”

Poderia ainda citar versos de Roberto e Erasmo, “Something”, “Your Song” e inumeráveis outros exemplos de declarações de amor na música popular. Mas este texto só existe pela minha admiração e obsessão recente pelos últimos versos de “Message from Mid-Bar”, canção do Wilco inexplicavelmente relegada ao b-side do último álbum, The Whole Love.  Neles, Jeff Tweedy, de forma ao mesmo tempo romântica e realista, condensa uma espécie de lirismo niilista com resultado admirável:

“Then I told you
In my arms
I hate you less
Than the rest
We’re all swine
But you’re all mine”



Por Ricardo Pereira

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O fim das lembranças

"Mas o que estou querendo dizer, sabe, é que a morte é mal interpretada. A perda da nossa vida não é a maior. Não chega nem a ser perda. Para os outros, talvez, mas para nós, não. Para quem morre, a vivência simplesmente cessa. Para quem morre, não há perda. Entende? E talvez esse seja um jogo de palavras também, já que não torna a morte menos assustadora, não é mesmo?

O que realmente temo é o tempo. Ele é o verdadeiro demônio: fustiga-nos quando preferíamos ficar à toa, levando o presente a passar a toda a velocidade, impossível de ser contido, e quando se vê,  tudo se torna passado, um passado que não se aquieta, que flui, formando histórias espúrias. Meu passado... não parece nem um pouco real. A pessoa que o vivenciou não fui eu. É como se o meu eu atual estivesse sempre se dissolvendo. Tem aquela frase de Heráclito: "Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, pois as águas já não são as mesmas, nem a pessoa". Está certíssima. Gostamos dessa ilusão de continuidade e a chamamos de lembrança. O que explica, talvez, por que nosso maior temor não é o fim da vida, mas o fim das lembranças.

(...)

Sabe aquele ditado idiota, "Nascemos e morremos sozinhos"? É uma besteira. Nascemos e morremos cercados. Somente nesse ínterim ficamos sós."

(Trecho de Os Imperfeccionistas, de Tom Rachman)

Por Ricardo Pereira

domingo, 15 de abril de 2012

Rufus e Ronson contra a pasmaceira

Uma amiga postou no Facebook o clipe da música nova do cantor e compositor canadense Rufus Wainwright, "Out Of The Game", incluída no álbum de mesmo nome, a ser lançado neste mês no Reino Unido e no Canadá - nos Estados Unidos, o disco chega às lojas em maio, e no Brasil... Mistério.

A música é bonita; o vídeo, engraçadinho. Mas, ao menos por enquanto, nada de novo no front. E isso é bom e ruim, ao mesmo tempo.

Rufus Wainwright transpira talento, bom gosto e afetação. Lançou seu primeiro disco em 1998, mostrando que não estava de brincadeira. Músicas como "Foolish Love", "April Fools", "In My Arms" e "Millbrook" ofereciam um rara mistura entre erudição musical e, em certo sentido, talento Pop, com P maiúsculo mesmo, para diferenciar o cantor das "popices" exclusivamente descartáveis, tão em voga nestes tempos.

Seguiram-se discos igualmente inspirados - "Poses", de 2001, e "Want One", de 2003 -, participações especiais em álbuns de gente como Antony and the Johnsons - na arrepiante e doloridíssima "What Can I Do" - e Pet Shop Boys, e até uma visita ao Brasil, em maio de 2008, para shows em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. Nunca me esquecerei de um comentário que li na internet, sobre a apresentação em solo carioca. "Parece que até a respiração dele é afinada", disse um internauta atencioso.

Agora, depois de um punhado álbuns e músicas memoráveis, Rufus resolveu gravar um disco com o produtor musical mais importante da atualidade, Mark Ronson, que já colocou as mãos em canções de gente como Lily Allen, Robbie Williams, Adele e Amy Winehouse. Parece o casamento perfeito, já que Ronson é conhecido justamente por não mudar de forma radical a sonoridade de determinado artista, mas sim, de explorar o melhor dela, injetando tendências e modernidades na medida certa, com parcimônia.

Rufus Wainwright merece o sucesso mundial. Grana, reconhecimento e qualquer bofe que lhe apeteça. Certo: é bem provável que ele já tenha tudo isso. Mesmo assim, sua música continua clamando por uma espécie de tradução, ainda que parcial, ao público menos afeito a sutilezas e erudições... E isso não quer dizer diluir canções em fórmulas fáceis ou fazer o joguinho "sou uma puta da indústria musical". Na verdade, Mark Ronson pode ser a resposta para essa leitura mais contemporânea. E eu torço por isso.

É muito cedo para falar que "Out Of The Game" vai representar um divisor de plumas na carreira artística de Rufus. De qualquer forma, esperava que uma faixa mais poderosa fizesse o papel de cartão de visitas do álbum.

Arrisco dizer que Rufus e Ronson perderam um importante round do combate. Mas ainda faltam outros onze.

Estou na torcida. Por Hugo Oliveira

Radiohead - Coachella 2012



Taí o show inteiro que o Radiohead fez ontem à noite no Coachella.

Se liga no repertório:

1. Bloom
2. 15 Step
3. Weird Fishes/Arpeggi
4. Morning Mr Magpie
5. Staircase
6. The Gloaming
7. Pyramid Song
8. Daily Mail
9. Myxomatosis
10. Karma Police
11. Identikit
12. Lotus Flower
13. There There
14. Bodysnatchers
15. Idioteque

16. Lucky
17. Reckoner
18. After the Gold Rush intro, Everything In It's Right Place

19. Give Up the Ghost
20. Paranoid Android

Passou da hora deles voltarem, né?

Por Ricardo Pereira

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Arctic Monkeys - Lollapalooza Brasil


Acompanhei parte do Lollapalooza Brasil apenas pela televisão através da transmissão do canal Multishow. Sei que não é a condição ideal para comentar as apresentações, nada supera o calor de estar no show, mas poucas bandas me fariam sair de casa para um festival hoje. Em São Paulo então, acho que apenas Wilco, Radiohead e, talvez, o Portishead.

Dos shows a que assisti do nosso Lollapalooza, achei interessante o Manchester Orchestra, que não conhecia; o MGMT teve lá seus bons momentos; Friendly Fires e Foster the People foram festival de vergonha alheia; e o único a que assisti do sábado, Foo Fighters, foi o que eu já esperava. Dave Grohl é bastante carismático, compõe boas canções, a banda é competente, mas a apresentação é um amontoado de clichês tipicamente rock n’ roll. Não me enche os olhos, só reforçou minha opinião sobre o Foo Fighters ser o ‘Capital Inicial’ do mundo.

O show mais aguardado por mim era o do Arctic Monkeys, banda que admiro mais a cada álbum lançado. Imagino que quem estava lá não tenha do que reclamar, os integrantes estão mais seguros no palco; Alex Turner, pouco a pouco, vai ganhando carisma de bandleader, melhorando a interação com o público; e Matt Helders, o baterista, é um monstro. Os dois, aliás, que sustentam a apresentação. Quanto ao repertório é que entra o meu porém, a banda ainda privilegia demais os dois primeiros discos – os que o público mais parecem querer ouvir –, deixando de lado parte da evolução demonstrada nas composições desde Humbug. Talvez ainda precisem de certo amadurecimento para se assumirem como banda mais ‘melodiosa’ do que ‘barulhenta’...

Meu setlist ideal seria:

01-    Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair
02-    Brianstorm
03-    Crying Lightning
04-    I Bet You Look Good on the Dancefloor
05-    The Hellcat Spangled Shalalala
06-    Library Pictures
07-    This House Is a Circus
08-    She’s Thunderstorms
09-    Secret Door
10-    Mardy Bum
11-    Suck It And See
12-    Black Treacle
13-    Cornerstone
14-    Love is a Laserquest
15-    That’s Where You’re Wrong
16-    When The Sun Goes Down
17-    R U Mine?

Bis:

18 – Dance Little Liar
19 – Fluorescent Adolescent
20 – From the Ritz to the Rubble
21 –505



Por Ricardo Pereira