Queria conseguir escrever um texto ‘pra cima’, otimista, para colocar aqui, mas minha cabeça tá jogando contra. Aqueles dias de preguiça da vida e não, não vem um texto ranzinza sobre o carnaval, a culpa tá longe de ser dele.
“Everybody's going out and having fun
I'm a fool for staying home and having none.”
I'm a fool for staying home and having none.”
“Neil, homem velho, será que você tem tantas angústias quanto eu?” Ontem poderia ter saído, ou pro carnaval com a Loo, pra Garatucaia ouvir música de verdade e falar aquele tanto de besteira com Cecel, ido pra Niterói pra casa do Pedro e fazer a maratona R.E.M., ouvindo seus vinis em sequência... Peço desculpas a todos pela ausência, mas me bateu uma imobilidade, cansaço de quase tudo e não que eu estivesse deprimido. À noite saí pra comer alguma coisa, depois ouvi o primeiro Ben Kweller, li um pouco antes de dormir, enfim, as coisas que me fazem bem, me divertem... Mas...
(Tenho uma espécie de bloqueio, uma espécie de limite de qualidade. Na verdade, pra postar o que escrevo, tenho que ter a certeza de que não parece com os textos de uma pessoa específica. E, pela primeira vez, talvez esteja dando motivos pra alguém pensar isso, o que me aflige, mas que se foda, ao menos dessa vez.)
Meu problema é a idealização, por mais que eu cresça, continua sendo o que me fode. Quando criança/adolescente sonhava ter só uma mulher na minha vida, aquelas histórias bonitas praticamente inexistentes, sabe? E isso é uma frustração que vou carregar sempre comigo...
Outra coisa é como lidar com a vida. Antes eu pensava que bastava ser um cara educado, honesto, respeitar as pessoas e andar no ‘caminho correto’ – que porra é essa? – que tudo se resolvia, que a vida faria justiça a isso. Dá até vontade de rir, desculpa aí se quem estiver lendo isso sentir aquela espécie de ‘vergonha alheia’ por esse texto... Ignorem, é um desabafo bobo, mas necessário agora. Daqui a pouco, bons textos, vídeos bacanas vão aparecendo e isso vai ficar soterrado pra eu reencontrar daqui a alguns anos e provavelmente me envergonhar.
Dostoievski é um dos grandes leitores da alma humana, isso não é novidade (ou não deveria ser) pra ninguém. Trecho de Os Irmãos Karamazov: “Agora eu me vou, mas fique sabendo que a senhora realmente só ama a ele. E o ama tanto mais quanto mais ele a ofende. Eis a sua mortificação. A senhora o ama precisamente tal qual ele é, ama-o sendo ofendida por ele. Se ele se emendasse, a senhora o largaria imediatamente e deixaria de amá-lo de vez. (...) Oh, há muito de rebaixamento e humilhação aí, mas tudo isso vem do orgulho...”.
Eu sei, ando obcecado por esse tema, mas é a pura realidade, gostaria de alguém que pudesse me explicar de verdade porque é assim.
“De repente o medo de morrer sozinho me incomoda mais do que o usual”. Pra fechar esse desabafo, a frase do último disco do Superguidis que me persegue como um fantasma. Há drama, exagero, essa merda toda aqui, mas medo também... e mágoa também, muita.
I am the book and you are the blinding. |
Por Ricardo Pereira
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