"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

domingo, 13 de março de 2011

Gonna See My Friend


Amizades não são apenas para porres ocasionais, companhias para shows, futebol, churrasco, tédio... Tudo isso é maravilhoso e importante, mas não são nesses momentos que percebemos o valor de uma amizade. Não apenas. Este fim-de-semana vivi um desses momentos em que um Amigo faz jus à definição da palavra.

Ontem acordei em um dia em que tudo parece desmoronar, em que o desespero é quase palpável. Vem acontecendo há uns dias, mas vinha ficando fora de controle. E nesse estado de alma cheguei a Niterói para encontrar meu amigo Pedro Henrique. Parecia que o mundo desabava na minha cabeça. Assim que cheguei chovia bastante, mas, parafraseando Lobão, ‘eu estava chovendo muito mais do que lá fora’.

Mas aos poucos as coisas foram se acertando, e não só pelas excelentes cervejas e músicas. E sim por uma leitura das situações que, compartilhada na cumplicidade, faz com que percebamos com mais clareza do que na solidão do desespero. E às vezes mesmo quando ouvimos o que não queremos, saímos agradecidos por ouvir de alguém que realmente se importa.

Além disso, algumas coisas não tem como dar errado. Fizemos a maratona R.E.M. ouvindo os discos do Fables of the Reconstruction (85) até o Automatic for the People (92), analisando cada um cuidadosamente, percebendo a evolução da banda, as letras e detalhes de cada canção. Teorias plausíveis como a da sequência ‘Everybody Hurts’ – morte, ‘New Orleans Instrumental Nº1’ – luto, ‘Sweetness Follows’ – funeral, e a importância da instrumental no meio ‘quebrando’ as outras duas. Enfim, essas pequenas bobagens tão importantes para nós.

(A quem interessar, nossa análise em notas:

Fables of the reconstruction – 8,0
Lifes Rich Pageant – 9,0
Green­ – 8,5
Document – 8,0 [8,5 para PH, se bem me lembro...]
Out Of Time – 10
Automatic for the people – 11)

À noite ainda saímos, eu, Pedro e Isabela e, já em um clima bem mais leve pudemos rir bastante, filosofar sobre letras de pagode e falar sério também, acho... E ainda terminamos na madrugada ouvindo Sopra tomando café com licor, uma beleza!

Voltei mais leve, os problemas ainda estão todos por aqui, mas ao menos parecem mais fáceis – ou menos difíceis – de serem resolvidos. E este texto é para agradecer a um Amigo por, em um fim-de-semana, ter salvado minha vida. Por mais que eu escreva, não será suficiente. Obrigado.

 Yeah, yeah we were altogether Lost in our little lives.
 
Por Ricardo Pereira

5 comentários:

  1. Gostei muito desse texto Ricardo. Muito bom mesmo. E oportuno. Destaco o seguinte trecho:

    "E às vezes mesmo quando ouvimos o que não queremos, saímos agradecidos por ouvir de alguém que realmente se importa."

    Que bom que vc pensa assim. Infelizmente nem todas as pessoas reagem bem nessas situações. às vezes você tenta ser sincero, honesto, fala coisas que desagradam ao outro e perde pontos na escala de amizade. Uma pena!

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  2. Que texto bom de ler...
    E de novo acho tudo muito bom o que você escreve.

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  3. Fala, Alexandre. Verdade, cara. Isso acontece com muita frequência mesmo... E é mesmo uma pena... Muita gente tem dificuldade em ouvir o que precisa e se contenta em escutar apenas o que espera ouvir...

    Obrigado Fernanda! Fico feliz que tenha gostado. Bjs

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  4. Emocionante Ricardo, neste mundão duro, ouço tanto o tempo todo... Que amigos não há... Que amigo só Deus. É verdade, mas acho que Deus tá aí neste espaço, que nos une. Que nos torna amigos!!! Bjs!!! Adorei ler e de trilha sonora está o REM na minha cabeça, rs!!! Demais!

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  5. Oi Norielem, que bom te ver por aqui de novo! rs E legal que tenha gostado! R.E.M. nunca é demais :) Beijo

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