"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Toque a nossa música, Sam

No último domingo o mundo ficou um pouquinho mais triste. Faleceu o ator canadense Leslie Nielsen, famoso por filmes de comédia escrachados como "Apertem Os Cintos, O Piloto Sumiu!" e principalmente pelos longas da série "Corra Que A Polícia Vem Aí" - três, no total.

Algumas coisas que eu não sabia sobre o "velhinho sempre engraçado": ele tinha  84 anos. Nem parecia. Vai ver que é a tal magia do cinema. O camarada faz milhões de espectadores se escangalharem de rir, em todo o mundo, e como prêmio, recebe a eterna juventude.

Ok, menos. Já no primeiro filme de Leslie que assisti, o cara era grisalho. De repente, ele ganhou mesmo é a capacidade de se eternizar na telona. Acha isso pouco? Vai nessa.

É correto afirmar que o trecho em que o cavaleiro joga xadrez com a morte, no filme "O Sétimo Selo", de Ingmar Bergman, ou o momento em que descobrimos que a palavra "rosebud", balbuciada por Charles Foster Kane, no leito de morte, é, na verdade, uma alusão ao paupérrimo trenó que ele tinha quando menino - no clássico "Cidadão Kane", de Orson Welles -, são cenas sempre presentes no inconsciente coletivo cinéfilo. Inesquecíveis. Mas isso não quer dizer que um gênero considerado por muitos como menor - este jornalista incluso - não tenha os seus momentos sublimes.

Outra coisa: Leslie começou a carreira em produções dramáticas para a televisão. Consegue imaginar a figura que interpretou o hilário tenente Frank Debrin tentando fazer com que os espectadores cheguem às lágrimas? Eu não. É o tal "efeito Cabeção". O cara fica marcado por um tipo de papel ou personagem - se você nunca assistiu a um episódio de "Malhação", um que o tal "Cabeção" tivesse participado, não pode ser deste mundo.

Momentos sublimes relacionados às atuações do ator? Vários. Destaco o seguinte: o tenente Frank, na continuação de "Corra Que A Polícia Vem Aí". Ele está dentro de um bar, com uma mulher. Climão rolando. E aí, homenageando/sacaneando um dos grandes marcos do cinema, "Casablanca", ele pede que o pianista, "Sam", toque a música deles. O pianista obedece, faz uma linda introdução e... Ataca com uma música muito da escrota, nada romântica. Frank fala algo do tipo. "Essa não, Sam. A outra". Para passar mal de rir.

Resumindo: o que todas essas pessoas querem dizer - Leslie, Didi, Jerry Lewis, Mazzaropi, Jim Carey e outras milhares - é que a vida não deve ser levada muito a sério.

E que rir, em muitas ocasiões, é sempre o melhor remédio.

That's all, folks!

Descanse em paz, Leslie. Ah, em paz nada: toque o terror no céu!



O radialista - e amigão do peito - Rodrigo Camacho já deve estar se mijando de rir




Por Hugo Oliveira

4 comentários:

  1. Rapaz, só de ver essa foto e ler Rodrigo Camacho na legenda, já dá vontade de rir. rs

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  2. Cara por acaso na sexta fui no cinebotequim( por sinal um otimo bar no centro do Rio) e o filme do dia era "apertem o cinto..."
    No inicio a galera reclamou, mas depois o bar parava em algumas cenas de tanto rir... Realmente o velhinho era foda.

    Abc

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  3. Hugo, até eu que odeio piada consigo rir com este cara!!! Adorei seu texto!!!

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