"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tiros em Realengo

Ainda é muito cedo para publicar opiniões a respeito do massacre que aconteceu nesta quinta, 7 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, quando um ex-aluno da instituição, Welligton Menezes de Oliveira, de 23 anos, atirou em vários estudantes que se encontravam no local - por enquanto, 11 morreram; 22 ficaram feridos.

O responsável pelo ataque, que, segundo informações divulgadas pela grande mídia, suicidou-se após o ato, teria deixado uma carta onde dizia que era portador do vírus HIV.

Hoje em dia a Aids pode ser controlada através de uma mistura de remédios. Mesmo assim, o atirador parece ter preferido um outro coquetel: sensacionalismo + desespero + loucura + notoriedade torta. Um prato cheio para os coleguinhas da imprensa.

Assassinos seriais sempre geram curiosidade. Não importa o sexo, a cor ou a classe social: do engravatado ao catador de latinhas, todo mundo quer o seu quinhão de tragédia... E querem rápido. Afinal de contas, ninguém pode ficar de fora das rodinhas que se formarão no final de semana, nas milhares de mesas de bar do Brasil.

"A violência é tão fascinante/e nossas vidas são tão normais", já dizia o falecido vocalista da banda Legião Urbana, Renato Russo, na canção "Baader-meinhof blues". O escritor Truman Capote também já cantou a pedra em seu clássico "A sangue frio". Cinema? Vários exemplos, mas escolho um que representa muito bem o poder exercido por esse tipo de crime/ação. "Assassinos por natureza", de Oliver Stone - 1994.

Na película em questão, assistimos a história dos personagens Mickey Knox e Mallory Knox, que não apenas sentem prazer em matar e cometer atos violentos, mas também, sabem exatamente como funciona "o jogo". O que eles fazem? Deixam algumas vítimas sobreviverem aos ataques, para que seus atos sejam transmitidos ao mundo, através das próprias vítimas. Em algum lugar um jornalista "marrom" goza litros... Aliás, todos gozam. Todo mundo no "bonde da mea culpa". Até o chão.

É correto afirmar que cada caso é um caso. Aliás, comparar a vida real com um filme - muito verossímil, diga-se de passagem - é injusto, até. Mesmo assim, eis a questão aí, batendo na porta não apenas das escolas de todo o país, mas fazendo "toc-toc" na consciência da nação: por quê?

Não perca o seu tempo pensando. Algumas manchetes, reportagens especiais e programas televisivos depois, todo mundo já esqueceu. Outras atrocidades e tragédias vão aparecer. De repente já é natal, ano novo, e o carnaval começa a chegar.

Todo mundo cantando!

(...) Carnaval, futebol
Não mata, não engorda e não faz mal
Carnaval, futebol
Se joga para cima e vira sol

Vai, vai, vai fica aqui meu avião
Vem, vem, vem que o Brasil não tem vulcão
Vai, vai, vai suba aqui na minha moto
Vem, vem, vem aqui não tem terremoto

Insolação do coração é pouco. Temos uma queimadura de último grau na alma, isso sim.
Fazer o quê? Beber, é claro.
Conheço um boteco ótimo, o "Bar-bárie".
Ah, que inocência a minha...
É claro que você sabe onde fica.





Por Hugo Oliveira




   


2 comentários:

  1. não esperava encontrar a iveteaxéclaudia seja lá quem for no final. ótimo post.

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  2. Estou chocada com tudo isso, não sei qual violência é pior, a do assassino ou a da mídia, que dissemina as instruções por aí... É isso aí mesmo! (Tudo parece ser tão real, mas você viu este filme também...)

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