Nunca fui um grande fã dos Ramones. Banda formada em Nova York, na primeira metade dos anos 70, ela foi uma das principais responsáveis, para o bem ou para o mal, da popularização de um movimento musical conhecido como punk rock. Guitarras baratas fazendo três acordes maltratados e distorcidos; baterias aceleradas, sem viradas de 10 minutos; baixos simples, mas marcantes, pontuando as canções de uma forma inédita. Vocais gritados, sem técnica, com letras que retratavam os problemas sociais e o cotidiano dos garotos pobres ao redor do mundo.
O vocalista do quarteto nascido em Queens, subúrbio de N.Y, Joey Ramone, era uma das personalidades mais adoradas do estilo. E uma das mais atormentadas, também. Fosse quanto à situação de seu conjunto – que nunca conseguiu o reconhecimento merecido – ou na sua vida pessoal – perdeu a amada namorada para o guitarrista de sua própria banda, Jonnhy –, o “altão”, famoso por cantar segurando o pedestal numa postura cool pra cacete, sempre me pareceu um cara tristonho. Infeliz, até. Tive certeza disso quando assisti ao documentário “End of the century – The story of the Ramones ”, que conta a história do conjunto de uma forma muito verdadeira. E cruel. Imagine um grupo que inventou um estilo que continua reverberando ao longo dos anos, mas que, ao contrário do que se imagina, não lucrou com a invenção – fosse com fama ou dinheiro. Pense agora que essa banda teve que assistir a várias outras pegando a fórmula e fazendo fortuna em cima disso. Some brigas, drogas, bebedeiras e personalidades diferentes – e até psicóticas – dentro do conjunto ao coquetel. O resultado não poderia ser pior. Depois que a namorada trocou Joey por Jonnhy, eles nunca mais foram amigos, e passaram a trocar apenas as palavras essenciais. Consegue imaginar o clima dentro da banda como deveria ser? Pois é: ter uma banda nem sempre é tão divertido quanto parece...
Joey se foi no dia 15 de abril de 2001. De câncer, como seu companheiro/rival, Jonnhy – este, em 2004. Apesar do punk ser conhecido como um ritmo agressivo, o ex-vocalista dos Ramones sempre foi um compositor muito romântico, fosse nas músicas rápidas ou nas baladas da banda. Em homenagem aos 10 anos da morte do cara, segue uma versão que ele gravou no seu primeiro – e último – disco solo, “Don't worry about me”.
Você que está lendo, assim como eu, pode não considerar o quarteto americano como a melhor coisa do mundo. Mesmo assim, a importância dos Ramones para a música – rock, pop – é inegável.
Minha primeira banda tocava “Blitzkrieg bop”, um dos grandes hinos do grupo. Agora, sem um conjunto, mas discotecando, sempre aperto o play para “What a wonderful world”. Aperte também. O mundo é, sim, maravilhoso. E esta é pra você, Joey.
One, two, three four...
Por Hugo Oliveira
Huguenote, adorei o post homenagem pro querido Joey. Pra mim, o quarteto americano foi a melhor coisa do mundo. Desde a minha adolescencia, até hoje emociona. Hey Ho Let's Go!
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