Era preciso superar uma incômoda
dívida existente quanto ao Pearl Jam. Embora soubesse tratar-se de um dos
grandes shows de rock n’ roll da atualidade, ainda não os havia assistido ao
vivo, tendo perdido inclusive, por questões pessoais, uma oportunidade com
ingresso comprado. Para resgatar o débito, nada melhor do que um concerto na
Argentina, célebre por possuir um público diferenciado, vibrante e
participativo.
É, realmente, impressionante.
Viajei com um amigo grande fã da banda, o qual me apresentou a outros
admiradores que fazem valer a alcunha de fanáticos. Em alguns momentos parecia
estar entre adoradores do Grateful Dead a discutir repertórios de cada show a
que estiveram presentes, que músicas de toda a discografia faltavam assistir ao
vivo, discutindo o fato de que o próximo concerto coincidiria com o aniversário
da esposa do Eddie Vedder (!) e o que isso poderia trazer de surpresa no
repertório, uma relação de proximidade curiosa.
No que diz respeito ao público
argentino especificamente, é algo espantoso. Fiquei a princípio desapontado com
o fato de ser proibida a venda de bebida alcoólica no local do show. Ao
comentar isso com um amigo argentino, esse declarou que a proibição era
correta, pois do contrário seria “um massacre”. A força de tal declaração
apontava para o que estava para presenciar. Primeiramente, eles vivem o rock n’
roll culturalmente muito mais do que estamos acostumados no Brasil. Demonstraram
atenção e incentivo à enérgica apresentação da banda de abertura, Capsula, como
raramente vejo acontecer por aqui. E a energia e participação durante a atração
principal é algo extraordinário, que se assemelha a uma torcida de futebol em
dia de jogo decisivo. Tal paralelo pareceu materializado quando, após tocar “Dissident”,
a banda parece sem reação, entre deslumbrada e apalermada ao presenciar a
torcida, digo, público entoar um canto futebolístico adaptado ao Pearl Jam.
Veja os dois primeiros minutos do vídeo abaixo, emocionante é pouco.
Tal comportamento da audiência
obviamente reflete na performance da banda, que fez um show de mais de três
horas de duração, numa simbiose perfeita de experiência de banda clássica com
empolgação de iniciantes. Pedro Henrique, amigo que já assistiu a dezenas de
apresentações do Pearl Jam, disse nunca ter visto um desempenho tão incendiário
do guitarrista Mike McCready, possivelmente incentivado pela massa que cantava,
não só as letras, mas também as linhas de guitarra de cada uma das canções. Era
possível perceber a mistura de satisfação e incredulidade na troca de olhares
entre os integrantes da banda em diversos desses momentos.
Uma das grandes virtudes de um
show do Pearl Jam é a imprevisibilidade. Assim como acontece com um concerto do
Wilco, por exemplo, você pode esperar qualquer canção já gravada pela banda
incluída no repertório do show, o que gera um clima expectante entre cada
intervalo de música. Foi minha estreia em uma apresentação deles e, para mim,
não poderia ser melhor, já que executaram grande parte de meu álbum preferido, Vs (1993) - seis canções (sete, se
consideramos a inserção de “W.M.A” em “Daughter”), parte do ótimo último álbum
lançado, Lightning Bolt (2013), além
dos números clássicos e covers sempre presentes.
Os destaques para mim foram
algumas surpresas como “Red Mosquito”, presente no set a pedido do público; a
já citada “Dissident”, em ótima execução; “Swallowed Whole”, canção do último
disco e que parece emular/homenager o R.E.M. - ao vivo começou mais devagar e
foi crescendo lindamente; a inesperada e belíssima “Footsteps”, acompanhada por
um raro momento de silêncio dos presentes como se a reconhecer a raridade e
delicadeza da ocasião; e uma “Immortality” executada com intensidade incomum.
Ao contrário do que me pareceu a
princípio, assistir ao show sóbrio trouxe-me algumas vantagens. Se não estive
tão envolvido emocionalmente como normalmente estaria, pude apreciar detalhes com
uma calma e atenção que a ebriedade não permitiria. E isso fez com que eu
percebesse uma sinceridade na banda e em Eddie Vedder de que algumas vezes
duvidei. A escolha de “Imagine” para homenagear os 75 anos de nascimento de
John Lennon e a importância de suas canções poderia soar populista ou
panfletária, mas soa verdadeiramente tocante; assim como não dá para duvidar da
humildade contida na declaração do vocalista agradecido pelas manifestações da plateia,
que os faziam sentirem-se tão grandes.
E quanto ao Eddie afirmar que o público
argentino é uma de suas “bandas preferidas”, olha, depois do que presenciei,
não há como não concordar com ele.
Por Ricardo Pereira
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