"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

domingo, 8 de novembro de 2015

Morrissey: adeus e olá

Na semana passada, adquiri dois ingressos para o show que o cantor inglês Morrissey vai efetuar no Rio de Janeiro, neste mês. A apresentação cairia numa quarta-feira, 25 de novembro, mas, por conta de uma confusão na agenda da casa de shows, teve que ser antecipada para um dia antes, terça, 24.

Comprei as entradas por um valor promocional, duas pelo preço de uma. Mesmo assim, desisti. Dei conta de que sair de Angra em direção ao Rio de Janeiro – Barra da Tijuca –, no começo da semana, seria tão trabalhoso quanto organizar a sonhada reunião do The Smiths, antigo grupo de Moz.

Trabalhoso e dispendioso. Eu e minha esposa não temos carro. Teríamos, então, que ir e voltar de ônibus, assim como alugar um quarto de hotel para passarmos o final da noite e o começo da madrugada, levantando acampamento assim que o sol começasse a nascer.

Estive presente nas duas ocasiões anteriores em que Morrissey se apresentou no Rio de Janeiro, em 2000 e 2012. O primeiro show foi mágico por conta de ter ficado frente a frente com o ídolo pela primeiríssima vez; o segundo, apesar de contar com um repertório melhor, foi um pouco decepcionante do ponto de vista emocional, além de seguir um roteiro à prova de surpresa. Nenhuma música diferente e nada de covers ou versões diferenciadas. Tudo absolutamente ensaiado. E previsível.

Não tinha muitas expectativas em relação ao próximo show. A motivação para comparecer ao espetáculo estava diretamente ligada às entrevistas mais recentes que Morrissey cedeu. Nelas, as pistas de que a aposentadoria musical estava chegando eram claras, o que transformava a apresentação do dia 24 numa provável despedida dos palcos brasileiros... Para sempre.

Caso o fim das apresentações e das gravações se configure, nada de tristeza por aqui. Morrissey marcou seu nome na música através de sua carreira com o The Smiths. Em voo solo, alternou bons discos e trabalhos irregulares, mas nunca deixou de lançar canções inesquecíveis. Missão cumprida.

Ainda não adquiri o disco World Peace Is None Of Your Business, último lançado por Moz, que serve de base para a atual turnê. Provavelmente, assistiria ao show sem conhecer o álbum, correndo o risco de prejudicar o julgamento relacionado ao desempenho do cantor e sua banda. Mas isso não importa; Moz será sempre Moz, para o bem e para o mal. E enquanto ele se despede com um adeus, minha devoção, agora ‘reservista’, dá-se através de um eterno ‘olá’ às músicas escritas por ele e seus parceiros.

Love, peace and harmony? Oh, very nice... But maybe in the next world.

 
Let me get my hands on your mammary glands: Morrissey é único



Por Hugo Oliveira

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