"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Planeta dos Macacos - A Origem

No final dos anos 80, morando na casa de minha avó, a diversão era assistir aos filmes exibidos na "Sessão da Tarde", na Rede Globo. Alguns continuam bem fixos na memória: os do comediante Jerry Lewis e os da série "Planeta dos Macacos", por exemplo. Adorava a onda meio sci-fi relativa a um planeta onde os símios agem como humanos e as pessoas são tratadas como animais irracionais. Ficava intrigado. "Como é que isso foi acontecer, afinal?", pensava o jovem Huguinho. Fiquei sem resposta por mais de duas décadas.

A dúvida, ao que parece, começa a ser esclarecida em 2011.

No último sábado assisti ao tão comentado "Planeta dos Macacos - A Origem", do diretor inglês Rupert Wyatt. O longa dá início a uma trilogia que deverá explicar os outros filmes da série - aqueles que deixavam o hoje balzaquiano que vos escreve cheio de dúvidas, na infância. Tudo começa com o cientista Will Rodman - James Franco, em atuação apenas correta - às voltas com um projeto que poderá revolucionar a humanidade. Mais do que isso: devolver a capacidade de viver "normalmente" a seu pai, um professor de música portador do Mal de Alzheimer. Depois de testar uma substância intitulada ALZ 112 em macacos, e obter resultados positivos, ele se prepara para efetuar a demonstração formal da possível cura do Alzheimer aos representantes da empresa onde trabalha. Dá tudo errado. O animal que serviria de exemplo estava, literalmente, com a macaca - não acredito que eu escrevi isso -, e perde o controle no momento em que seria levado à apreciação. A macaca morre. O sonho de Will parece ter acabado. O motivo da loucura do animal era simples: instinto de proteção materna. Dentro do lugar onde ele era mantido é encontrado um filhote que, como seria descoberto mais tarde, herdou da mãe os genes turbinados pelo tal ALZ 112. Quase ninguém sabe da existência do macaquinho. Quem fica com o simpático bichinho?  O cientista. A história começa pra valer a partir desse momento.

Cesar, o macaco, é a melhor coisa do filme. É um verdadeiro deleite visual ver o animal crescer, se movimentar e apresentar uma inteligência fora do normal, sacando inclusive de linguagem de sinais. A mistura entre a alta tecnologia para criar o símio e a interpretação magistral do ator Andy Serkis só podia dar numa coisa: mágica.
A magia que Will quer é outra. Curar o pai está acima de qualquer desejo faraônico de se tornar "o" cientista. Ao notar que Cesar apresenta todas as características necessárias ao funcionamento correto do ALZ 112, não pensa duas vezes, e aplica a solução no pai, de forma ilegal. O remédio funciona... Ao menos, por algum tempo.
Falando em tempo, aliás, conforme este vai passando - e o macaco crescendo - começam a surgir os primeiros problemas. A juventude é a mesma merda em qualquer lugar, para qualquer ser vivo. Cesar começa a se questionar. "Sou um animal de estimação? Sou um ser humano? Sou um macaco?". Will tenta explicar o que aconteceu com ele, mas é difícil de entender. Para complicar, depois de agredir um vizinho, na intenção de proteger o pai do cientista, o macaco é levado para um espaço reservado a animais que estão fora do seu habitat natural, e é lá que ele entra em contato com outros de sua espécie, tendo a certeza de que é diferente dos demais. De todos. Primeiro vem o medo; depois a raiva; por fim, a revolta. O que será de nós?
"Planeta dos Macacos - A Origem" apresenta efeitos especiais surpreendentes, uma história interessante e algumas cenas antológicas, como a da batalha entre macacos e humanos na ponte Golden Gate, em San Francisco. Não, não é uma obra-prima, mas diverte e também instiga o público a acompanhar os dois próximos filmes que virão.

O Huguinho do final dos anos 80 iria amar; o Hugo destes tempos gostou. Agora é com você.

"Tá tudo bem, Will. Ainda podemos ser amigos... Sacanagem!"









Por Hugo Oliveira
    

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