"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 20 de setembro de 2011

The Harrow & The Harvest - Gillian Welch


Sou obcecado por listas. À medida que o ano avança, vou ranqueando mentalmente os discos, filmes, livros de que mais gostei lançados desde janeiro. E em 2011, não obstante a concorrência de “sempre favoritos” da casa, um disco vem crescendo e flertando com o topo da minha lista imaginária: The Harrow & The Harvest, da cantora Gillian Welch.

Este disco veio complementar minha paixão recente por canções country. De um aprofundamento maior nas obras de Neil Young e Dylan à descoberta e encantamento com as canções de Gram Parsons, passando por álbuns como Wanted! The Outlaws (Willie Nelson, Waylon Jennings, Jessi Colter & Tompall Glaser) e The Lady's Not For Sale (Rita Coolidge) até trabalhos recentes como o lindíssimo Changing Horses, de Ben Kweller e o bom The King is Dead, do The Decemberists, obras constituídas (ou influenciadas por) folk/country vão ganhando cada vez mais espaço por aqui.

Por isso The Harrow & The Harvest bateu tão forte. É um álbum minimalista, com instrumental restrito aos violões/guitarras, banjo e gaita a serviço de canções sensíveis e emocionantes, resgatando temas tradicionais do folk, country e bluegrass. E toda esta delicadeza abriga letras muito boas, buscando inspiração na lírica recorrente do country tradicional adaptando-a aos dias atuais. Como se, habilmente, com seu canto envolvente, Welch nos levasse a Nashville idealizada por tantas histórias e canções, e por lá encontrássemos, se não a solução, uma proveitosa reflexão sobre o que passamos nos dias de hoje.

E nessa “viagem”, é quase possível sentir o cheiro de uísque e apreciar a paisagem do sudeste americano. Não o real, e sim o mais importante, que se materializa e vive em canções de beleza rara nos dias de hoje, como ‘Dark turn of mind’ ou ‘Tennessee’. Compostas em 2011, porém atemporais, significativas para o ouvinte sensível de qualquer época, idade ou nacionalidade.


Por Ricardo Pereira

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