"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

To Forgive

“Take me on a trip upon your magic swirlin' ship,
My senses have been stripped, my hands can't feel to grip,
My toes too numb to step, wait only for my boot heels
To be wanderin'.
I'm ready to go anywhere, I'm ready for to fade
Into my own parade, cast your dancing spell my way,
I promise to go under it.”

Ando meio sumido daqui. Este fim de férias me proporcionou dias estranhos. Depois de passar duas semanas no Rio, voltar pra Angra foi anticlimax total... Acabou reforçando um traço meu que vez ou outra aparece, a vontade de ficar isolado, fechado em mim, com meus discos e livros.

E também algumas coisas andaram me aborrecendo. Sempre achei que minha transparência, sinceridade fossem qualidade, mas hoje não sei mais. Tá quase todo mundo falso, cheio de interesses ou fazendo joguinhos que não tenho muito saco para participar. Eu sei, eu sei, sempre foi assim, é o mundo, são as pessoas. É de uma imaturidade imensa escrever esse tipo de coisa, mas o que posso fazer?

Sempre fui muito de ficar ‘na minha’ e ando com medo de isso estar se acentuando com a idade. É uma característica que já me atrapalhou em relacionamentos, no trabalho e em diversas outras situações. Não sou lá muito sociável, não gosto de eventos de confraternização, não participo de amigo-oculto e muitas vezes prefiro ficar em casa do que ir pra ‘programas imperdíveis’ pra maioria das pessoas. Praia, viagens, sol infernal e eu muitas vezes opto por ficar em casa. Às vezes penso que estou cada vez mais assim, mas pode ser só uma fase.

Há também um tipo de comportamento que não consigo entender. Tenho um relacionamento muito aberto com meus amigos, e a gente se sacaneia o tempo todo, muitas vezes de forma pesada, vide as paródias que eu e Gláucio fazíamos pro Maycota. Mas nunca procuramos nos diminuir ou sentimos inveja um do outro. Tenho orgulho demais das conquistas dos meus irmãos, do Matheus, gosto pra caralho dos textos do Hugo, vibro com cada progresso do Pedro e do Rodrigo e faço questão mesmo de externar isso.

De resto, estou lendo a biografia do Bob Dylan e se já era fã do cara antes, agora então... Mas isso é assunto pra outro post. Hugo comentou de filme ali embaixo, há três em cartaz que faço questão de assistir. O ‘Somewhere’, da Sofia Coppola, o ‘Biutuful’, do Iñarritu e ‘Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas’. Espero conseguir assisti-los semana que vem, pois em Angra...

Esse texto, se escrito há dois dias, estaria ainda mais chato, casmurro, egocêntrico (sim, é possível) e ensimesmado. Porém voltei a trabalhar ontem e, por incrível que pareça, estar em sala de aula me faz um bem danado.

“Then take me disappearin' through the smoke rings of my mind,
Down the foggy ruins of time, far past the frozen leaves,
The haunted, frightened trees, out to the windy beach,
Far from the twisted reach of crazy sorrow.
Yes, to dance beneath the diamond sky with one hand wavingfree,
Silhouetted by the sea, circled by the circus sands,
With all memory and fate driven deep beneath the waves,
Let me forget about today until tomorrow.”

Por Ricardo Pereira

3 comentários:

  1. É Ricardo, compreendo, sua vida está a um passo da poesia. Só tome cuidado com o Hugo e suas criticas.....

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  2. Ricardo: quero muito assistir ao ‘Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas... Li coisas que classificavam o filme como obra-prima, e outras, como merda total. Tem que conferir, né? No mais, vamos marcar algo, cara! Abraços!

    Leonardo: o cara não tá falando de poesia, não. Tá falando da vida dele. Você podia ter um pouquinho mais de respeito, não?

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  3. Fala, Leo. Você tem fixação por poesia, né? Cara, não há poesia na minha vida, mesmo literalmente, prefiro textos em prosa. E nem mesmo no texto há, a não ser que você considere Dylan um poeta (e a letra de música citada é das mais pops dele...), penso que é um grande letrista de música, talvez o maior em língua inglesa, mas não poeta.

    Não entendo seus problemas com as críticas do Hugo. Aqui em Angra as pessoas vivem reclamando que ninguém se movimenta culturalmente, que ninguém valoriza arte etc etc Quando aparece gente se mexendo nesse sentido, muitos parecem reagir negativamente...

    Hugo, quero assistir também justamente por isso, os extremos da crítica. Fds que vem vou ao Rio, tentarei assistir os três que citei.

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