"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Decemberists - James Blake


No espaço de um mês serão lançados novos discos de duas das minhas bandas preferidas que acabarão tomando espaço muito grande por aqui. Por isso, vou aproveitar para falar dos dois discos lançados este ano que mais me agradaram até agora, antes dos furacões R.E.M. e Radiohead.

The King is Dead – The Decemberists      


Sabe aqueles dias em que se quer sumir, que o trabalho não rende, você está de saco cheio das pessoas e que o mundo parece ‘jogar contra’? Então, é para um lugar como este disco que gostaríamos de ir.

Não conhecia a banda (Os Dezembreiros, como lindamente chamou meu amigo Matheus – aliás acho muito que o José Miguel vai gostar do clima desse disco...), só de ouvir falar, e pelo que li e ouvi dos outros trabalhos, este é um álbum diferente na carreira deles, mais ‘relaxado’, tranquilo.

Alguns dos melhores discos lançados nos últimos anos remetem aos anos de 1970, como o Sky Blue Sky, do Wilco, o Changing Horses, do Ben Kweller e o Queen of Denmark, do John Grant. E este aqui vai por um caminho parecido, emulando a sonoridade de bandas de country rock daquele período.

Outra referência marcante no álbum, apesar do título smithiano (seria uma versão macha do Queen is Dead?), é o R.E.M., inclusive com participação do guitarrista Peter Buck em algumas faixas. Como a segunda, ‘Calamity Song’, que poderia facilmente estar em algum dos clássicos primeiros trabalhos da banda de Michael Stipe.

Há uma leveza, uma certa descontração (mais nas músicas do que nas letras) que permeia o álbum, um certo bucolismo em lindas baladas como ‘Rise to Me’, January Hymn’ e ‘Dear Avery’ ou em números mais agitados como ‘Rox in the Box’ ou ‘All Arise!’, uma das minhas preferidas.

É um disco que te ganha a cada audição, não porque vai crescendo como o do John Grant, mas porque vai se tornando íntimo, como se sempre estivesse ali, um refúgio necessário aos nossos dias ruins.


James Blake – James Blake


Em outro extremo, temos o disco do cantor James Blake. Aqui não encontramos tranquilidade, paz. É um disco que se faz íntimo e presente, mas de outra forma, consegue trazer neblinas, penumbra e frio mesmo nesses dias de calor infernal. Há vazios, balbucios, repetições, algo da eletrônica minimalista que tanto admiro no disco solo do Thom Yorke.

É como um disco de trilha sonora pessoal, mas não de qualquer dia, e sim dos dias de angústia, de medo e hesitação. Quando o cantor repete insistentemente que tudo que sabe é que está caindo, caindo, caindo..., estamos nessa junto com ele. É um disco curto, daqueles que nos fazem querer repetir assim que acaba, habitar mais um pouco aquele mundo estranho, etéreo, um provável espelho de nossa alma nos momentos mais melancólicos.

Por Ricardo Pereira

Um comentário:

  1. Dá pra fazer um lindo disco com o Zé Miguel dançando "We both go down together". Obrigado por apresentar essa banda meu brother.
    E nessa quinta? Vai rolar um "larica" lá em casa?

    ABS

    MATT

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