Roberto Coelho de Souza é o cara que eu sempre quis ser. Foi o meu companheiro de cinema na infância - "Comando para matar", "Os caça-fantasmas", "Meu primeiro amor", "Rambo 2", "Predador" e mais um milhão de filmes -, o meu "financiador de cultura" na adolescência - livros, discos etc - e, agora, é o meu amigo. Meu grande amigo.
Trabalhamos juntos na reforma de uma casa, na Ilha Grande - na praia de Parnaioca. Numa caminhada para chegar ao local do trabalho, ele me falou uma coisa que deixou meus olhos marejados... E que eu nunca vou me esquecer. "Um dia você vai passar por aqui com o seu filho, e vai falar pra ele que você já passou aqui com o seu pai".
Queria ter a barba e o bigode do meu pai. Queria ter a responsabilidade e o controle que ele tem. Queria ser hábil como ele é. Queria estar com ele nos momentos mais inusitados. Por exemplo: ele me contou que quando começou a trabalhar no estaleiro Verolme, em Angra dos Reis, pediram para ele organizar uma quantidade de madeira absurda, para empilhar uma por uma - uma coisa do tipo. Consigo imaginar o meu velho, novinho, carregando aquilo sem medo, sem se atrapalhar, peça por peça, sem saber onde tudo aquilo ia dar - ia dar em várias promoções, em respeito entre os colegas e em muita, muita experiência profissional.
Pai, como eu queria estar lá, ajudando você...
Queria estar com ele na Praia do Aventureiro, na Ilha Grande, quando, num acesso de raiva, orgulho e descontrole, resolveu demolir a própria casa, coluna por coluna, marretada por marretada... Ao som de John Lennon, no rádio, cantando "Imagine" - é uma longa história.
Se eu estivesse lá, pai, não saberia o que fazer... Mas estaria ao seu lado.
Queria estar ao lado dele de uma forma mais adulta, quando meus avós paternos faleceram. Lembro dele no cemitério, contando piadas e fazendo brincadeiras com as fotos de diversas lápides.
Queria rir e chorar com você, Robertinho.
Queria, mas não posso. Não pude. Mesmo assim, o presente está aí para recuperarmos o tempo perdido.
Estarei na sua festa, pai. Discotecando para você. Tentando, a todo momento, te fazer sorrir.
Te amo, velhão.
" O presente é abençoado. O resto, recordado" - Jim Morrison |
Por Hugo Oliveira
ultimamente, só sei dizer "achei lindo".
ResponderExcluirPorra, Hugão, fiquei emocionado aqui, cara...
ResponderExcluirE parabéns ao Robertinho!! Junto com meu pai e o do Pedro, referências pra gente, né?
Abraço!
É, amigos: nem sei o que dizer. Rs.
ResponderExcluirAh, é o Hugo.
ResponderExcluirLinda homenagem. Hugo, vc é o Fábio Jr. das homenagens aos pais em blogs.
ResponderExcluirRobertinho, Robertinho do Aventureiro. Mal me conheceu colocou sua casa da ilha a disposição da minha família. Falei com minha mulher, que cara louco, nem sabe quem sou. É ruim de ir hem? Mas contrariando todas as possibilidades, surpreendendo até eu mesmo (quem me conhece sabe como sou). Aceitei o convite eu e minha mulher, chegamos de surpresa, estávamos atravessando um período difícil na vida. E essa pessoa super generosa, confirmou tudo aquilo que eu havia percebido no nosso primeiro encontro. Nos deixando a vontade como se a casa fosse nossa. Com seu bom humor, pescarias e trilhas nos fez esquecer todos nossos problemas. Parecia que nos conhecíamos há anos (vidas passadas?).
ResponderExcluirA partir desse dia, ganhamos um grande amigo. Amizade verdadeira. Parabéns Robertinho. E obrigado por tudo.
E ai hem Hugo que texto foda, ta ficando bom nisso
Esse tema pai/filho tem me tocado muito ultimamente já que meu mestre Aldo passou de
ResponderExcluirser protetor a criatura quase fragil em meu ver
mais intimo. Devemos ser gratos à vida pelos Robertinhos e Aldos de corações de ouro terem nos
feito homens de bem a exemplo deles.
"It's not time to make a change
Just relax, take it easy
You're still young, that's your fault
There's so much you have to know
Find a girl, settle down
If you want, you can marry
Look at me, I am old
But I'm happy..."