"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Melhores discos da década - Nacionais

Complicado mesmo esse negócio de listas. Estava conversando com meu amigo Pedro Henrique agora e ele questionou – com toda a razão – a ausência do Accelerate do REM e do Make Believe do Weezer da lista dos discos internacionais da década. E não foram só estes os arrependimentos...

Esta nacional foi ainda mais difícil de ficar em 20. Ficaram de fora grandes discos como os outros dois Mombojós, o Quatro, Vagarosa, o Método Tufo..., o segundo da Mariana Aydar, o Que belo estranho dia para se ter alegria, o Aventureiro, o lindo disco de estreia do Dois em Um, os Moptop, o segundo Nervoso... Enfim, a lista:

01 Bloco do Eu Sozinho (2001) – Los Hermanos

O disco da década com mais impacto para mim e parte dos meus amigos. Na primeira audição já sabia tratar-se de um disco importante demais. Rock, samba, melancolia e dois bons letristas na mesma banda de rock nacional!

02 Saudade das Minhas Lembranças (2005) – Nervoso

Gosto de tudo nesse disco, nome, capa, letras, músicas... Muita gente acha brega, pelos ecos da Jovem Guarda, o vocal à Erasmo, o sentimentalismo excessivo. Ou seja, exatamente o que mais me agrada no disco!

03 No chão sem o chão (2009) – Romulo Fróes

Ambicioso, ousado, um disco duplo, com quase duas horas de boa música. Entortando o samba, Romulo e uma grande banda apresentam números fortes, com letras enigmáticas e arranjos inventivos.

04 Ventura (2003) – Los Hermanos

A banda apara as arestas do Bloco... e lança um disco mais coeso, ampliando a conexão rock-MPB com uma temática recorrente - o cara ‘estranho’, que não se adapta (nem quer se adaptar) ao mundo como ele é – desenvolvida em belezas como ‘O Vencedor’ e ‘De Onde Vem a Calma’


05 Uhuuu! (2009) – Cidadão Instigado

Há quem não se adapte a voz de Catatau – o melhor guitarrista do Brasil atualmente -, quem ache brega de doer, quem ache maluco demais. Eu acho genial. ‘Como as luzes’, ‘Dói’, ‘Doido’, ‘Ovelhinhas’, ‘Homem velho’ mostram um passo a frente (mais pop?) em relação aos discos anteriores.

06 (2006) – Caetano Veloso

Pode-se acusar Caetano de muita coisa, nunca de acomodação. Aqui ele se junta com uma banda bem mais jovem e lança um disco de rock, com letras inspiradíssimas sobre o fim de seu casamento.

07 Nadadenovo (2004) – Mombojó

Ao contrário do que o nome diz, tai um disquinho que trouxe um monte de novidades e me fez viciar e virar fã instantaneamente da banda. Rock, pop, bossa, eletrônica, tem de tudo por aqui, misturado com muito bom gosto e energia por esses caras, que fazem um dos melhores shows nacionais.

08 Velocidade da Luz (2006) – Grupo Revelação


Tai um grupo de samba injustiçado. As pessoas infelizmente confundem com o tosco pagode paulista... Acredito que o tempo corrigirá isso. O disco é irretocável, quando a gravadora quiser ganhar dinheiro é só trocar a capa e lançar como Perfil. Difícil apontar destaques, mas a música título, ‘Nunca Mais’, a beleza de declaração de amor ‘Capaz de tudo’, a breguinha ‘Pensamento’ marcaram seriamente por aqui.

09 Certa manhã acordei de sonhos intranquilos (2009) – Otto


Mais um disco inspirado em um fim de relacionamento. Consegue convencer até os que torciam o nariz para Otto, pois aqui ele podou os excessos, canta mesmo e construiu músicas boas de cantar junto. Bom manter na estante em caso de decepções amorosas. (Revendo a lista, percebo o quanto sou ainda mais brega do que digo que sou...)


10 Canções Dentro da Noite Escura (2005) – Lobão

Um disco denso, pesado, intenso. Lobão constrói quase a arquitetura de um pesadelo. Outro que deveria ser mais ouvido, até para ser reavaliado, pois é um dos melhores de sua carreira. Mas o povo parece só querer ouvir ‘Me chama’...


11 Cosmotron (2003) – Skank

Já estabelecidos como grande banda pop do país, em uma fórmula baseadas em reggaes e baladas bonitinhas, o Skank resolve ‘crescer’ e lança um disco querendo ser Beatles. Tinha tudo para dar errado, mas funciona que é uma beleza! Pena que os show continuem ainda muito tradicionais...


12 Feito pra Acabar (2010) – Marcelo Jeneci

Álbum de um frescor pop, com letras muito boas e arranjos inspirados. Quanto mais ouço, mais gosto. Jeneci tem tudo para ser um dos destaques na música brasileira desta década.

13 Efêmera (2010) – Tulipa

Estreia deliciosa desta cantora, um combinado de canções pop, inventivas, um disco que dá vontade de ouvir sem parar. ‘Às vezes’ é uma das grandes músicas nacionais dos últimos anos, é urbana em sua letra, mas tem algo bucólico ali. Linda música, lindo disco.

14 Toda cura para todo mal (2005) – Pato Fu

Uma banda que envelhece muito bem, às vezes mais pop do que precisava, mas é compreensível. Difícil manter durante a carreira toda o pique daqueles três primeiros discos primorosos. Este disco me parece que foi pouco ouvido, uma pena, pois traz um pouquinho de tudo que eles fizeram de bom. E ‘Agridoce’ é bonita demais!

15 Pareço Moderno (2008) – Cérebro Eletrônico

Ah, meus amigos modernos... Uma maluquice danada, mistura de um monte de coisas, de sentimentos variados e o melhor é que no final deu certo. Marcou época também aqui durante um bom tempo.

16 Sou/Nós (2008) – Marcelo Camelo

Tive certa resistência nas primeiras audições, por conta de muita expectativa e também por achar lento demais, devagar demais. Mas o disco veio chegando, conversando, devagar, sem pretensão e quando vi estava apaixonado! E o que antes achava lentidão mostrou ser delicadeza e lirismo em alta escala. Eu me rendo.

17 Entre uma balada e um blues (2001) – Oswaldo Montenegro

Já vejo os preconceituosos torcerem o nariz: “Tá brincando, né, Ricardo? Revela tudo bem, mas Oswaldo não!!” Óbvio que entendo as críticas, mas ele tem pelo menos três discos muito bons, os dois primeiros e este. Aqui, o cantor intercala baladas e blues em um disco inspiradíssimo produzido por Roberto Menescal.

18 A Amarga Sinfonia do Superstar (2007) – Superguidis

Queria que esse disco existisse entre meus 15 e 20 anos... Eu seria fanático pela banda. Mas mesmo entre os 25 e os 30 funcionaram, mesmo como nostalgia, afinal “já sou velho demais, mas não tão esperto quanto eu queria ser”.

19 Sublime Mundo Crânio (2007) – Lasciva Lula

É uma pena não ter dado certo, pois tinha tudo para isso. Ouço bastante até hoje, acho criativo, empolgante, emocionante às vezes. Adoro ‘miolos, ‘a letra da canção desgovernada’, ‘postais’...

20 À Procura da Batida Perfeita (2003) – Marcelo D2

Ok, depois deste, D2 entrou numa fórmula gasta e repetitiva... E nem se tocou que encontrou a batida perfeita enquanto a procurava. A mistura de samba e hip hop atinge um patamar impressionante neste disco em músicas como ‘Re-Batucada/ Do Jeito Que O Rei Mandou’ e ‘A maldição do Samba’.

"Quero não saber de cor, também."


Por Ricardo Pereira

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