"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Não fosse o bom humor


Não sou do tipo de cara que morre de rir assistindo a filmes. Muitas vezes sei que aquilo é engraçado, admiro como foi feito, mas, se rio, é ‘por dentro’. Acontece que semana passada, assistindo a ‘O Pequeno Nicolau’, peguei-me rindo no cinema naturalmente. O filme é leve, simples e encantador. Mostra a visão infantil dos fatos do mundo, a partir de Nicolau, um menino que pensa que sua mãe está grávida e sente-se ameaçado pelo novo irmãozinho, e seus amigos da escola.

O pai de Nicolau é interpretado por Kad Merad, um ator que passo a admirar mais a cada filme e que consegue me fazer rir fácil, só de olhar sua expressão. E, o que é importante, consegue fazer rir através de uma interpretação sutil, sem exageros ou extravagâncias, aproveitando-se das situações a seu favor.

Kad Merad é o protagonista de ‘A Riviera não é aqui’, um dos filmes recentes de que mais gostei e que recomendo muito a quem ainda não assistiu. É um filme que trata das diferenças regionais da França de uma forma encantadora. Merad interpreta Philippe Abrams, um carteiro que procura uma transferência para um lugar melhor, mas por utilizar de meios ilícitos (em uma cena engraçadíssima!) é penalizado e transferido para o que o filme antecipa como o terror, Nord-Pas-de-Calais, região ao norte da França. Acontece que Philippe, aos poucos, fica encantado com os costumes e pessoas do lugar. O sotaque é satirizado de um forma muito boa, o que para os franceses deve soar muito melhor, mas a legenda em português procura compensar.

Dany Boon, famoso humorista francês, é o diretor e também interpreta muito bem Antoine Bailleul, um carteiro atrapalhado, subordinado a uma mãe megera e apaixonado por sua colega de trabalho, a linda Annabelle (Anne Marivin). Mas quem rouba a cena mesmo é Kad Merad, que com suas reações e timing perfeitos mostra o desespero de estar se mudando para o que julgava ser o inferno e a mudança de comportamento ao se encantar com a cidadezinha e seus habitantes em sequências realmente engraçadas. Vale procurar e ficar atento ao trabalho desse talentoso ator.


Por Ricardo Pereira

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