Agora com o disco 'de verdade', tenho ouvido com mais atenção o Guia, do António Zambujo. E encontrei uma letra maravilhosa do escritor angolano José Eduardo Agualusa com definições muito boas de Amor. A canção chama-se 'Barroco Tropical', que é também o nome do último romance de Agualusa.
"O amor é inútil: luz das estrelas
A ninguém aquece ou ilumina
E se nos chama, a chama delas
Logo no céu lasso declina.
O amor é sem préstimo: clarão
Na tempestade, depressa se apaga
E é maior depois a escuridão,
Noite sem fim, vaga após vaga.
O amor a ninguém serve, e todavia
A ele regressamos, dia após dia
Cegos por seu fulgor, tontos de sede
Nos damos sem pudor em sua rede.
O amor é uma estação perigosa
Rosa ocultando o espinho,
Espinho disfarçado de rosa,
A enganosa euforia do vinho."
Uma beleza, né?
Por Ricardo Pereira
Nenhum comentário:
Postar um comentário