"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Woody

Fiquei sabendo do aniversário de Woody Allen através deste blog – na verdade, por causa do ótimo texto postado pelo Ricardo. Minha relação com ele também é forte. Gosto de quase tudo o que foi levado à telona através das mãos mais nova-iorquinas do cinema. Sim, porque ao menos para mim, não existe nada mais Nova Iorque do que Woody. Não conheço a cidade. Minhas referências? Greenwich Village, C.B.G.B, 11 de setembro, Empire States, Chinatown, pré-punk, Broadway, Brooklyn, New York Times e, mais recentemente, Strokes. E desde sempre, Woody.

Engraçado. O baixinho de óculos de aros grossos, sempre ranzinza, sempre hipocondríaco, me faz pensar na minha mãe. “Eu odeio esse cara”, ela sempre diz quando vê algo que faz alusão a ele... Ou aos filmes que ele fez. A primeira vez que me deparei com um longa de Woody eu ainda morava na casa de minha avó – a atual residência em que vivo estava em construção. “Tudo o que você queria saber sobre sexo, mas tinha medo de perguntar”, de 1972. Deve ter sido uma reprise, no final dos anos 80. Eu pensava. “Sexo? Caramba! Que coisa... Estranha”. Não devo ter entendido nada – principalmente em relação à cena dos espermatozóides, que hoje, é a minha predileta –, mas uma imagem grudou: a teta gigante atacando os seres humanos com jorros de leite.

Das tetas às tretas. Às tretas emocionais – horrível isso... Mas não resisti. Um punhado de anos depois, já fascinado de forma séria pela sétima arte, eis que dou de cara com Woody, novamente. Ou melhor, com Mickey Sachs, personagem do cineasta – sim, ele também atua em seus filmes –, ex-marido de Hannah, protagonista do filme “Hannah e suas irmãs”, lançado em 1986. Paixão à primeira vista. Ou angústia ao primeiro complicador emocional. E não tenha dúvidas: eram vários complicadores. Confusão, medo, amor, ódio... Tudo “junto e misturado”, igualzinho a esse negócio fofinho e arrombador chamado vida.

Depois disso, vários filmes passaram pelo meu DVD e pelos cinemas que visitei. A maioria deles ficou por aqui, indo da cabeça ao coração ininterruptamente, como se eu fosse o pinball predileto do garoto “cego, surdo e mudo” cantado pelo grupo de rock The Who em seu mais emblemático trabalho, “Tommy”.

Tommy can you hear me?
Can you feel me near you?

Mother:

Tommy can you feel me?
Can I help to cheer you?

Voltando à vaca fria: chega, certo? Já deu para sacar que o cara faz a minha cabeça. E muito. Os títulos que mais gosto estão todos no texto abaixo, do Ricardo, descritos de forma simples e direta. Mesmo assim, não se deixe levar pelas impressões dele. Ou pelas minhas. Assista aos longas. Tire suas conclusões. Reflita. “Se fode aí”.

Por coincidência, ontem, ao entrar no banheiro para tomar um banho, levei comigo uma edição da “Bravo!”, publicação nacional sobre cultura. Um dos textos inclusos na revista era assinado por outro cineasta, Domingos Oliveira, do Brasil. Era um tipo de carta ao diretor nova-iorquino. Falava sobre o poder de Woody, sobre o talento dele. Além disso, também tecia comentários, leves, quanto ao novo filme do colega americano, na época, “O sonho de Cassandra” – 2007. O texto terminava do mesmo jeito que são finalizadas as correspondências entre velhos amigos. Com afeto.


Parabéns, Woody
E obrigado por tudo.

Do amigo Hugo Oliveira





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