"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Pearl Jam Twenty



Minha relação com o Pearl Jam nunca foi de fã, mas sempre admirei o trabalho da banda. Ouvi o Ten quando o mundo inteiro ouviu. Embora, na época, achasse a banda boa, um rock clássico, calcado no hard rock, não percebia sinceridade ali, principalmente em relação à visceralidade do Nirvana.  Depois veio o Vs, meu preferido deles até hoje, e apesar de acompanhar a discografia da banda, - minha canção preferida é “Off he goes”, do No Code - outro disco deles que fui gostar mesmo foi o Yeld, de 98.


Assistindo a Pearl Jam Twenty, de Cameron Crowe, documentário em comemoração aos vinte anos de carreira da banda, o primeiro “preconceito” a cair foi o da falta de sinceridade. Podem acusá-los de muita coisa, mas não de não serem honestos com sua carreira e sentimentos. Minha visão de um Eddie Vedder meio Bono Vox felizmente foi desfeita ao assistir ao filme.

O documentário é muito bem dirigido, intercalando os principais acontecimentos desses vinte anos com grandes performances ao vivo. Aliás, mesmo com grandes álbuns, sempre senti o Pearl Jam como uma banda de palco e isso é totalmente confirmado, tanto na qualidade das apresentações quando no cuidado na organização dos set-lists. O fato de não repetirem o mesmo show faz com que os fãs acompanhem várias apresentações da mesma turnê, como meu amigo Pedro Henrique fez recentemente, ao assistir aos cinco shows da turnê brasileira, cada um com repertório e clima diferentes um do outro.

São muitos os momentos interessantes destacados: a rixa ‘criada’ entre o Pearl Jam e o Nirvana e a aproximação deles depois de um tempo – a cena de Cobain tirando Vedder para dançar nos bastidores de uma entrega de prêmios dessas é impagável; a disputa pelo poder na banda; os conflitos com a Ticketmaster; a aproximação com Neil Young e o quanto ele os ajudou a conduzir a carreira após o suicídio de Cobain e as cobranças comerciais; a maturidade com que os integrantes lidam com os percalços da carreira. Aliás, envelhecer só fez bem à banda.

Senti falta de mais cenas de bastidores das gravações dos discos e penso que deveria ter sido dado um destaque maior à “pirataria oficial”, os bootlegs lançados oficialmente, o que considero uma boa sacada do Pearl Jam, uma forma de aproximação e respeito com os fãs. E esse é o lance do filme, mostrar o quão especial é a relação da banda com seus admiradores, o quanto de identificação e fidelidade foi criado principalmente a partir do fim da explosão do grunge e dos novos caminhos trilhados disco após disco.

Pearl Jam Twenty é um bom documentário de rock n’ roll, não vai me tornar fã – mesmo gostando da imprevisibilidade com que conduzem a carreira, ainda os considero tradicionais demais para o meu gosto, o que, pensando bem, talvez seja seu maior mérito – mas me fez admirar ainda mais a banda e deixa, ao término do filme, aquela vontade de revisitar suas grandes canções.


Por Ricardo Pereira

3 comentários:

  1. Que coisa Ricardo, você não gosta tanto assim de Pearl Jam... hehehe. Não que seja uma banda obrigatória e etc, mas você gosta de umas coisas que não são tão diferentes e tal, ou melhor, bandas que são da mesma época, e que a maioria das pessoas que ouvem Pearl Jam curtem, como o Smashing Pumpkins.
    Eu meio que sempre ouvi Pearl Jam, só os hits, pra falar a verdade. E ultimamente resolvi abandonar essa vergonha, e ouvi o VS. Porque o Ten eu ouvi há algum tempo e este estava no meu computador, haha. O VS é realmente muito bom, até comprei. Agora falta continuar e ouvir o Vitalogy e os demais álbuns.
    Sempre admirei essa ideia de banda que eles me passam, e realmente é algo que se sobressai. Não gosto muito dessas bandas que vivem mudando seus integrantes e continuam lançando discos (pelo menos teoricamente, rsrs, porque ouço várias assim), mesmo quando o integrante era meio que fundamental pra banda sabe. Acho que fica algo muito frio, comercial demais pra minha ingenuidade.

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  2. Acho a banda bem boa, mas não ouço tanto. Apesar de ser da mesma época, não bateu tão forte como o Smashing Pumpkins que você citou, acho Billy Corgan muito bom compositor, um dos grandes letristas de rock das últimas décadas!

    Mas respeito demais o Pearl Jam pela integridade, essas coisas que citei no texto. Se você tá descobrindo a discografia dos caras agora, vale muito assistir a esse doc, é muito bom mesmo!

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  3. Eu fui no show aqui em sp desta turnê. Achei muito legal fazerem um show diferente a cada dia, nunca ouvi de uma banda que fizesse isso.
    Vou procurar o documentário! bjs

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