Já falei por aqui o quanto adoro listas, não passo um ano que seja sem ranquear os discos, livros, filmes lançados. Mas, ao mesmo tempo, tendo a me arrepender assim que as organizo ao perceber “injustiças” cometidas ao organizá-las. Na minha recente sobre os discos internacionais do ano passado, por exemplo, já me incomoda o fato de o disco do Jayhawks estar tão abaixo do que ‘deveria’. O álbum me agrada mais a cada audição, é tudo tão bonito, tão cuidadoso, e suas qualidades vão se revelando maiores à medida que a intimidade cresce, que se acostuma com a ordem das faixas, que os detalhes vão se impondo. Veja, “Guilder Annie”, por exemplo, que beleza de canção:
O Suck it and see, do Arctic Monkeys é outro que gostei de cara e que vem me acompanhando cada vez mais. Não passo um dia sem que alguma das músicas dele esteja comigo. Na verdade, penso que as últimas cinco faixas formam a ‘sequência perfeita’ em um álbum lançado em 2011. Em um disco simples, básico de rock n’ roll, elas trazem uma intensidade emocional que apontam para uma banda mais lírica e emocionante que pode estar surgindo ao passo em que os integrantes vão, pouco a pouco, abandonando a urgência juvenil dos primeiros lançamentos. Fique com “Love is a laserquest”, mas poderia ser a faixa título, ou a linda “Piledriver Waltz”, ou...
Porém a maior injustiça da minha lista – por enquanto – é a não inclusão do Bad as me, do Tom Waits. Por mais que aprecie os momentos mais pesados e cáusticos do disco, são as baladas que andam batendo mais forte. “Back in the crowd’, “Kiss me” possuem seu encanto, força, até o momento, lá pelo finalzinho, em que o disco chega em “Last Leaf”,
, e o mundo parece ficar em suspenso, enquanto Waits e Keit Richards passeiam por versos como:
“I fight off the snow
I fight off the hail
Nothing makes me go
I'm like some vestigial tail
I'll be here through eternity
If you want to know how long
If they cut down this tree
I'll show up in a song
I'm the last leaf on the tree
The autumn took the rest
But they won't take me
I'm the last leaf on the tree”
O ouvinte para e pensa de repente que nada tão bonito foi lançado em 2011, mas essa sensação dura pouco, cerca de quatro minutos, o tempo de chegar a última faixa do álbum, “New Year’s Eve”. Literatura e música confundem-se num quase conto maravilhoso em uma interpretação irrepreensível. Como se um disco insistisse em possuir duas faixas 7.
Por Ricardo Pereira
Pois é, listas são listas. Eu adoro ver uma lista, mas mais para ver o gosto da pessoa quem escreveu. Algumas coisas são impossíveis de listar, deixar álbuns em posições distintas, ou então em ordens diferentes de citação. Comigo então, tantos álbuns seriam o número 1 em minha lista...
ResponderExcluirFora o fato de que eu não ando ouvindo coisas novas, eu demoro muito pra ouvir álbuns. Tom Waits é um bom exemplo, ele está entrando em minha vida, até agora só ouvi Rain Dogs pra falar a verdade, vou ouvir em breve esse último dele, e com certeza ouvir outros...