O assunto mais comentado das últimas semanas? O cantor Michel Teló e a música “Ai, se eu te pego”, que vem ganhando notoriedade pelo mundo através das zilhões de versões devidamente disponibilizadas na internet, em vários idiomas.
Quem pariu o “Menino Jesus da popularidade/Anticristo do bom gosto” foi a cantora e compositora Sharon Acioly – Dança do Quadrado, lembra? –, com uma ajudinha do empresário Antonio Dyggs, dono de uma casa noturna em Feira de Santana, na Bahia.
A música nasceu como um funk carioca (?!?). Ao escutar a canção, em Porto Seguro, Dyggs resolveu fazer umas modificações na obra, para que a banda Meninos do Seu Zeh, de forró, pudesse levar a música aos palcos – ele era o empresário do grupo.
Pronto. Serviço feito. Para formalizar todo o processo que desaguaria no maior hit musical brasileiro de 2011, Dyggs entrou em contato com Sharon. Mostrou as modificações feitas e sugeriu uma parceria. Proposta aceita, “Assim você me mata” se transformou em “Ai, se eu te pego”.
Antes de se tornar esse monstro pop que todos conhecem, a canção fez sucesso no Nordeste, por meio de gravações de artistas diversos. Um loirinho que estava em Salvador, participando como cantor de uma festa de São João, no ano passado, escutou um conjunto tocar a música. Resolveu gravar. Deu no que deu.
Seja por sorte, trabalho duro ou cafajestagem, o sucesso acontece. Mas, e agora: o que acontecerá com Michel Teló?
Nem adianta afirmar que a citada canção foi boa para a carreira dele. Ela foi ótima, sim. Está sendo. Por enquanto. Não existe mais “carreira”. Ao menos, não como conhecemos.
Você já deve saber, mas não custa repetir: foi-se o tempo em que as gravadoras investiam de forma pesada na carreira dos artistas, visando não apenas o lucro imediato, mas o estabelecimento de um produto... Para que ele pudesse render continuadamente.
Hoje é tudo amanhã. O novo se transforma em velho em menos de três minutos, tempo de uma canção. “Ai, se eu te pego”, por exemplo. Você se lembra de quando o grupo NX Zero e o cantor Luan Santana eram novidades? Pode acreditar: não são mais. Eles vão levando, faturando uma boa nota com shows aqui e ali, mas daqui a pouco pimba!, chega o próximo da lista. Tem certeza que você leu “novidade”? Pisque os olhos. Ah, eu confundi. “Velharia” tem o mesmo número de letras, foi por isso.
Você ainda tem o seu perfil no Orkut? Consegue se lembrar dos ex-BBBs que participaram da sétima edição do reality show? Ainda acha o vídeo de “Larica dos Moleques” engraçado? Seu tênis quadriculado continua fazendo sucesso?
Eu respondo. Não tenho mais Orkut. Não me lembro de muitos ex-BBBs – da sétima edição então, nem pensar. “Larica dos Moleques” já começa a causar um pouco de vergonha alheia. Meu tênis quadriculado ainda “causa” um pouquinho, mas só porque é da Lacoste.
Você, leitor, deve estar pensando que eu vou terminar este texto com uma afirmação do tipo “a internet mudou tudo”.
Não mesmo. Não existe vida antes da internet. Não existe passado, e muito menos presente.
Só nos importa o amanhã.
Ai, se eu te pego, futuro... |
Por Hugo Oliveira
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