Desde que começaram a circular na internet boatos de que o
cantor inglês Morrissey, ex-vocalista da banda The Smiths, vai se apresentar no
Brasil neste ano, não consigo pensar em outra coisa. Certo: é obsessão mesmo,
coisa de fanático. Mas não dá para negar a importância de um cara que escreveu
coisas como “There is a light that never goes out”, “Charming man”, “Hand in
glove” e “Bigmouth strikes again”, entre outras.
Moz vai se apresentar em três cidades brasileiras em março.
Dia 7 em Porto Alegre, dia 9 no Rio de Janeiro e dia 11 em São Paulo. O show
que me interessa é o do Rio, que acontecerá na Fundição Progresso. Confesso não
ser muito fã da acústica da casa – no Circo Voador seria o ideal –, mas fazer o
quê? Quer outra confissão? Vamos lá: não tenho mais muito saco para
apresentações ao vivo. É sempre bom dar aquela conferida em determinada banda,
ok, mas o meu negócio é mesmo o disquinho para ouvir em casa, saboreando cada
detalhe.
A apresentação do topetudo vai ser uma exceção. Suas
músicas, e principalmente as de sua antiga banda, foram as que eu mais ouvi na
vida. Continuo ouvindo. Mais uma ocasião para concluir que valeu a pena dedicar
tempo e grana por um artista pop do outro canto mundo, mas que fala diretamente
ao canto esquerdo do peito de garotos e garotas de todo o planeta.
Morrissey elevou o nível das letras no cancioneiro rock.
Seus escritos vão da melancolia ao humor ácido em questão de segundos. Coisa de
gênio, de quem respirou música pop desde novo e que sabia como o jogo funcionava.
O encontro com o músico Johnny Marr, que seria o guitarrista de seu famoso
grupo, descambou naquela que talvez seja a última grande dupla de compositores
nos moldes de Lennon/MacCartney, Jagger/Richards e Plant/Page – pelo menos, em
relação ao rock.
Muito já foi falado sobre o cantor. É difícil escrever algo
sobre sua vida, seu trabalho musical e seu legado. Neste momento, por exemplo,
estou aqui me torturando. Cada palavra digitada implica um pensamento do tipo.
“Que merda... Isso não é digno do cara e de sua obra”. Por aí dá para entender
o tamanho da encrenca.
É por isso que
pretendo não ser redundante. Já li biografias e revistas especializadas. Já escutei
discos – com os Smiths e em carreira solo.
Já assisti ao show que o cantor realizou em 2000, no antigo ATL Hall, no Rio. O jeito é apelar para o pessoal.
Morrissey me transformou num cara melhor. Através dele
conheci bandas e artistas como New York Dolls, Patti Smith, Magazine, Bowie e T.Rex.
Por causa do cantor descobri os livros de Oscar Wilde. Compartilhei suas
canções com amigos e amores.
Sigo dançando, rindo e vivendo. Penso nele com carinho. Não
poderia ser diferente.
Morrissey continua no canto do meu quarto, segurando uma
tocha e perguntando se eu consigo ouvir sua voz.
Claro, cara. Alta e clara.
Já estava com saudades, amigo... |
Belo texto, cara. A expectativa é grande por aqui também. E 'Rubber Ring', porra... essa emociona sempre!
ResponderExcluirAinda bem que você falou de compositores de rock, mano... Pq já ia falar de Claudinho/Buchecha e do Anderson Leonardo/Andrezinho... hahaha
ResponderExcluirÓtimo texto. Morrissey é incrível mesmo. Só não sei se vou conseguir ir no show dele... E vou ficar super triste por não ir.
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