"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rubber Ring


Desde que começaram a circular na internet boatos de que o cantor inglês Morrissey, ex-vocalista da banda The Smiths, vai se apresentar no Brasil neste ano, não consigo pensar em outra coisa. Certo: é obsessão mesmo, coisa de fanático. Mas não dá para negar a importância de um cara que escreveu coisas como “There is a light that never goes out”, “Charming man”, “Hand in glove” e “Bigmouth strikes again”, entre outras.

Moz vai se apresentar em três cidades brasileiras em março. Dia 7 em Porto Alegre, dia 9 no Rio de Janeiro e dia 11 em São Paulo. O show que me interessa é o do Rio, que acontecerá na Fundição Progresso. Confesso não ser muito fã da acústica da casa – no Circo Voador seria o ideal –, mas fazer o quê? Quer outra confissão? Vamos lá: não tenho mais muito saco para apresentações ao vivo. É sempre bom dar aquela conferida em determinada banda, ok, mas o meu negócio é mesmo o disquinho para ouvir em casa, saboreando cada detalhe.

A apresentação do topetudo vai ser uma exceção. Suas músicas, e principalmente as de sua antiga banda, foram as que eu mais ouvi na vida. Continuo ouvindo. Mais uma ocasião para concluir que valeu a pena dedicar tempo e grana por um artista pop do outro canto mundo, mas que fala diretamente ao canto esquerdo do peito de garotos e garotas de todo o planeta.

Morrissey elevou o nível das letras no cancioneiro rock. Seus escritos vão da melancolia ao humor ácido em questão de segundos. Coisa de gênio, de quem respirou música pop desde novo e que sabia como o jogo funcionava. O encontro com o músico Johnny Marr, que seria o guitarrista de seu famoso grupo, descambou naquela que talvez seja a última grande dupla de compositores nos moldes de Lennon/MacCartney, Jagger/Richards e Plant/Page – pelo menos, em relação ao rock.

Muito já foi falado sobre o cantor. É difícil escrever algo sobre sua vida, seu trabalho musical e seu legado. Neste momento, por exemplo, estou aqui me torturando. Cada palavra digitada implica um pensamento do tipo. “Que merda... Isso não é digno do cara e de sua obra”. Por aí dá para entender o tamanho da encrenca.

É por isso que pretendo não ser redundante. Já li biografias e revistas especializadas. Já escutei discos – com os Smiths e em carreira solo.  Já assisti ao show que o cantor realizou em 2000, no antigo ATL Hall, no Rio. O jeito é apelar para o pessoal.

Morrissey me transformou num cara melhor. Através dele conheci bandas e artistas como New York Dolls, Patti Smith, Magazine, Bowie e T.Rex. Por causa do cantor descobri os livros de Oscar Wilde. Compartilhei suas canções com amigos e amores.

Sigo dançando, rindo e vivendo. Penso nele com carinho. Não poderia ser diferente.
Morrissey continua no canto do meu quarto, segurando uma tocha e perguntando se eu consigo ouvir sua voz.

Claro, cara. Alta e clara.

Já estava com saudades, amigo...

 Por Hugo Oliveira

3 comentários:

  1. Belo texto, cara. A expectativa é grande por aqui também. E 'Rubber Ring', porra... essa emociona sempre!

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  2. Ainda bem que você falou de compositores de rock, mano... Pq já ia falar de Claudinho/Buchecha e do Anderson Leonardo/Andrezinho... hahaha

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  3. Ótimo texto. Morrissey é incrível mesmo. Só não sei se vou conseguir ir no show dele... E vou ficar super triste por não ir.

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