Os cartazes dos filmes “Compramos um zoológico”, “Os Muppets”, “Amanhecer – parte 1” e “Happy Feet 2 – O pinguim” estavam expostos na entrada do Angra Shopping, em Angra dos Reis. Grandes, coloridos e chamativos, eles anunciavam a programação atual dos cinemas que funcionam no estabelecimento.
Espremido entre eles, um cartaz com o tamanho de uma folha A4 estampava a frase “O Palhaço”, acompanhada da silhueta de um homem. Ah, havia a divulgação de um horário também, 21h, em letras “garrafais” – lembra daquelas garrafinhas de Coca-cola minúsculas, que eram distribuídas como brinde nos anos 80?
É bem provável que nada disso tenha sido intencional, mas a situação serve perfeitamente para ilustrar o tipo de obra que o ator Selton Mello, também diretor da película, quis fazer.
“O Palhaço” é um filme pequeno, sem qualquer significado pejorativo. Pequeno e bem amarrado. São 88 minutos conduzidos por doçura e emoção, para que o espectador conheça a história do Circo Esperança e de sua trupe.
Os artistas circenses são liderados por Valdemar, dono do circo – interpretado pelo ator Paulo José –, e por seu filho, Benjamin – Selton Mello. Juntos, eles formam a dupla de palhaços Puro Sangue e Panguaré, que é responsável pela trama principal.
Benjamin pensa em desistir do picadeiro e do nariz vermelho. A vida dita “normal”, com um emprego das 8h às 17h, esposa e comodidades materiais começa a parecer mais vantajosa para o jovem palhaço. É nesse ponto que a figura de um ventilador consegue resumir o dilema do rapaz: conhecer novos – e aparentemente melhores – ares ou continuar seguindo conforme o vento?
O engraçado – e melancólico – intérprete de Pangaré só vai descobrir a resposta a posteriori. Antes disso, exemplos dos prós e contras da vida circense são levados ao telão, enquanto uma verdadeira homenagem aos artistas do circo vai sendo feita através de cenas que mostram a beleza lúdica do espetáculo – em detrimento às dificuldades pelas quais passam as estrelas do show.
Cada integrante do elenco de “O Palhaço” desempenha o seu papel com maestria, independente do tamanho e da importância da cena. O mesmo vale para as participações especiais, divertidíssimas – a do ator e cantor Moacyr Franco, como um delegado corrupto, e a do ator Ferrugem, como um funcionário gozador, são as melhores. O ator Paulo José, por sua vez, não precisava nem falar: cada olhar e cada expressão valem mais do que mil palavras... E fica difícil não se emocionar quando pai e filho, que formam a dupla de palhaços, se reencontram no picadeiro, depois de um período afastados.
Um grande amigo que assistiu ao filme junto comigo e com minha namorada disse ter achado a obra pessimista. Eu respeito, mas discordo. Acredito que “O Palhaço” é sobre ter fé e esperança nas escolhas que fizemos para nossas vidas, apesar de tudo. Mesmo em níveis e trajetórias diferentes, todos sentem calor e também têm que suar a camisa para adquirir o tão sonhado “ventilador”.
O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou jornalista. Simples assim? Nem tanto... Mas a vida segue.
Você teria um sutiã sobrando para me arranjar? |
Gostei bastante do filme, acordei hoje até achando melhor do que havia achado ontem. Mas o que achei mais legal foi o lance da multiplicidade de interpretações, a gente ter visto o mesmo filme e enxergado o final de forma tão distinta. Você ter visto otimismo onde só consegui sentir pessimismo e resognação. De repente essa é a beleza da coisa toda.
ResponderExcluirAbs
Na verdade, eu acredito que essa é a beleza da coisa toda! Abraços, mano!
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ResponderExcluirSegunda eu liguei pro cinema e eles disseram que não iam exibir esse filme no dia, e na entrada pelo estacionamento também não vi mais o mini cartaz. Será que ainda tá passando? Gosto muito do trabalho do Selton Mello. To curiosa pra ver.
ResponderExcluirPô, eu assisti na última quarta, Fernanda. É bem provável que ainda esteja sendo exibido.
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