Inspirado pela última edição do Sessões Talk About The Passion, evento que visa à exibição de
documentários e filmes ligados à cultura pop, divulgo aqui uma lista pessoal
relacionada ao meu “top five” das músicas de Raul Seixas, cuja trajetória é
contada de forma competente e bela através do documentário Raul: o Início, o Fim e o Meio (2012), de Walter Carvalho.
“Eu também vou reclamar” – Canção à Bob Dylan incluída no
disco Há dez mil anos atrás (1976).
Enquanto o instrumental é baseado num Folk
Rock pra lá de animado, a letra expõe questionamentos, lamentações e
observações sobre o cotidiano de Raul, do mundo e de todos nós. “Dois problemas
se misturam / a verdade do universo / a prestação que vai vencer”. Quem nunca?
"Medo da chuva" – Uma quase balada dolorida sobre separação é
um dos pontos altos de um disco cheio de grandes canções – Gita (1974). “É pena que você pense que eu sou seu escravo /
Dizendo que eu sou seu marido e não posso partir / Como as pedras imóveis na
praia eu fico ao seu lado sem saber / Dos amores que a vida me trouxe e eu não
pude viver”. Raul Seixas dando um papo reto na esposa, dizendo que já estava em
outra.
“Let me Sing, Let me Sing” – Raul apareceu para o grande público
com esta música, carta de intenções de um compacto que ainda incluía “Teddy
Boy, Rock e Brilhantina” no lado B. Uma mistura improvável de Elvis Presley e
Luiz Gonzaga, Rock e Baião. No mesmo ano de lançamento, 1972, Raul participou
do VII Festival Internacional da Canção, defendendo a faixa. E a história se
fez.
“Gita” – Um clássico. Uma letra longa e linda, ancorada num
instrumental grandioso, que aumenta e diminui nos momentos corretos. O dedo, a
mão e todo o resto do hoje escritor de sucesso internacional, Paulo Coelho,
pode ser percebido na história contada, sobre alguém, algo, que é tudo e nada
ao mesmo tempo. “Eu sou a vela que acende / Eu sou a luz que se apaga / Eu sou
a beira do abismo / Eu sou o tudo e o nada.”
“Ouro de tolo” – Além de ser a grande canção de Raul Seixas,
é também uma das músicas mais bonitas do Brasil. Um questionamento sobre o
sentido da vida e as armadilhas que o conforto e a calmaria podem aprontar para
cima da gente. “É você olhar no espelho, se sentir um grandessíssimo idiota / Saber
que é humano, ridículo, limitado / Que só usa dez por cento de sua cabeça
animal / E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial / Que está
contribuindo com sua parte / Para o nosso belo quadro social”. Perfeito.
Por Hugo Oliveira
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