"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Mundo Bita e o clube das adoráveis canções

Algo que vez ou outra me incomoda é a qualidade da música feita para crianças disponível hoje em dia. Olhando para as cantigas de roda adaptadas em desenhos faiscantes e com cores berrantes para hipnotizar os pequenos, o que podemos encontrar, por exemplo, na Galinha Pintadinha (e em diversos outros “filhotes” da galinácea), comecei a achar um luxo ter passado minha primeira idade ouvindo canções da autoria de Sullivan e Massadas, pra não falar no sensacional “A Arca de Noé”, de Vinicius e Toquinho e participação de grandes nomes da música brasileira.

No entanto, recentemente, encontrei algo atual que se destaca nesta seara. Passando uns dias com um grande amigo e sua filha de dois anos e meio, percebi o encantamento dela pelas canções da série Mundo Bita. Feito com uma simplicidade encantadora (e sem precisar tratar a criança como um pequeno imbecil), Bita é um sujeito gordinho, com sorriso simpático, que usa cartola, topete e um bigode de respeito. Acompanhado de seus amigos animais, conta o dia a dia e estimula a imaginação das crianças sem precisar recorrer ao cancioneiro infantil da época “do seu tatataravô”.


E são precisamente as canções que primeiro me fisgaram no universo Bita. Não apenas por serem atuais, claro, mas por possuírem melodias cativantes e bem construídas. Algumas irresistíveis, como essa “Fazendinha” com levada country, que após duas audições não sai da minha cabeça e me faz cantarolar sem perceber: “lá na fazendinha é manhã...”.


Pense em alguma canção do rock brasileiro mainstream dos últimos dez anos com essa qualidade. Bem, melhor seguirmos com o texto...

O Mundo Bita é criação de Chaps Melo, da empresa Mr Plot, responsável pelo desenvolvimento do projeto. Além do country da fazenda, Bita transita por vários estilos musicais, normalmente com acerto, como o rockabilly “Dinossauros” (em que a voz lembra algo entre Gabriel do Autoramas ou o Nervoso, dos Calmantes); a valsinha “Fundo do Mar”, que me lembra as fases aquáticas dos Mario Bros e o reggae “Viajar pelo Safari”, que, como vocês podem conferir, é melhor do que qualquer projeto de hit das anêmicas bandas brasileiras do estilo:


Todas as citadas são do único projeto que ouvi, o inaugural “Bita e os animais”. Depois dele ainda vieram “Bita e o nosso dia” e “Bita e as brincadeiras”, que já me foi muito bem recomendado por minha prima Luisa, com aprovação de seus dois pequenos, Joaquim e Antonia.

Ainda não tenho filhos, mas se os tivesse, antes que chegassem aos Beatles, passariam obrigatoriamente pelo Bita.

Por Ricardo Pereira

2 comentários:

  1. Excelente texto Tino!!!
    Realmente Bita é sensacional e uma ótima referência musical para nossas crianças. Fica fácil fazer uma ponte de Bita para Beatles, R.E.M., Weezer, Los Hermanos entre outros já citados. Destacaria ainda o jogo de vocais que me faz pensar que o autor das músicas com certeza ouve Lennon e McCartney e/ou Stipe e Mills.
    Parabéns e um abraço!

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  2. Marcela sempre gostou e Helena fica mexendo as cadeiras quando Bita entra em cena. Umas fofurinhas ouvindo coisa boa.

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