A Visita (2015),
filme mais recente de M. Night Shyamalan, é mais um argumento de peso contra
aqueles que insistem em desqualificar o diretor e suas obras. Brincando com a ideia de a película ser um
documentário amador, gravado por dois pré-adolescentes que vão passar uma
semana na casa dos avós que nunca chegaram a conhecer, Shyamalan oferece ao
espectador um filme de suspense poderoso, redondo, que não faz concessões à
inclusão de cenas fortes e até mesmo da utilização do bom humor em algumas
passagens.
Becca – Olivia DeJonge – e Tyler – Ed Oxenbould – são irmãos
que vivem com a mãe recém-divorciada – Kathryn Hahn. Entendendo que ela precisa
de um tempo com o novo namorado, eles decidem visitar os avós maternos que, por
conta de uma briga com a filha antes mesmo de eles nascerem, não chegaram a
conhecer os netos. Enquanto a mãe vai para um cruzeiro no Caribe junto com seu
parceiro, os jovens seguem para o estado de Pensilvânia, Estados Unidos, numa
verdadeira visita ao passado.
Becca aproveita a ocasião para gravar um documentário sobre
o encontro com os avós. Mais do que eternizar o momento, ela quer tentar provar
à mãe que a briga entre eles já foi esquecida. E então, entre um vídeo e outro,
o espectador começa a entender que a ideia de redenção também serve como um dos
fios condutores da obra. Os principais personagens de A Visita têm contas a acertar com o passado, seja ele recente ou
distante.
A estadia dos pré-adolescentes na casa dos avós é acrescida
de guloseimas, rememorações e alguns detalhes bizarros. A contagem dos dias segue num crescendo de
tensão e imprevisibilidade, mesmo que outras informações deem conta de que tudo
segue em perfeita normalidade. De perto ninguém é normal, certo?
O mistério continua até o final do filme, numa sequência de
acontecimentos tão poderosa quanto brutal, pontuada por uma trilha sonora
desconcertante – e perfeita para a cena. Becca produz o documentário, Tyler dá seguimento à carreira de rapper –
prepare-se para chorar de rir – e ambos conhecem os avós. Se algo deu errado no
meio do caminho, são coisas da vida. Ou da morte.
Por Hugo Oliveira
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