1.
O maior destaque, recomendação de meu grande amigo e referência de bom gosto musical, Cadu Corrêa, é AR, álbum conjunto de Almir Sater e Renato Teixeira. São dez canções em pouco mais de trinta minutos, de forma que você já acaba de ouvir voltando ao começo. Ao contrário da lamentação barata de parte do cancioneiro popular, aqui o amor é cantado de forma simples e bela, junto a retratos da vida no interior e certo existencialismo caipira.
Ouça, "O amor tem muitas maneiras", aqui em versão ao vivo:
2.
Outro destaque é Carbono, último lançamento do Lenine. Li ótimas críticas quando saiu, mas não procurei. Sempre fico com a impressão de o Lenine ser um cara gente boa demais, mas seu trabalho não me agradar. Até agora... Dei uma olhada no seu show do Rock in Rio ano passado (pela televisão, claro) e vi que havia algo diferente ali. E a audição atenta de Carbono confirmou, um disco sofisticado, com arranjos instigantes e sonoridade moderna sem forçação ou pedantismo.
Ouça "O impossível vem pra ficar":
3.
Embora tenha gostado bem de Recanto, disco de Gal Costa lançado em 2011, não me empolguei em conhecer Estratosférica quando saiu. Ouvindo agora, percebo um álbum coeso, mais "convencional" do que o anterior, muito bem gravado, unindo as várias facetas da cantora. Se o "lado a" pouco impressionou, à despeito da belíssima "Jabitacá", de Junio Barreto, Lira e Bactéria, o "lado b" (a partir da faixa 8, "Por Baixo") é irrepreensível.
Veja, por exemplo, o clima e as paradinhas irresistíveis de "Anuviar":
4.
Roberta Sá e seu Delírio, em outras épocas, estariam na boca do povo. Disco repleto de sambas delicados e lindíssimos, tudo muito limpinho, tudo certinho demais, como a gente já ouviu, você sabe, em Marisa Monte... Mas o disco rola inteiro agradável e possui momentos de beleza extraordinária, como essa "Covardia", em parceria com António Zambujo:
5.
E por fim, um que saiu no finzinho do ano passado e, por isso, só conheci agora e vem fazendo parte do meu dia a dia nas férias é o ao vivo No Osso, da Marina Lima. Acompanho com interesse a carreira de Marina, que segue sempre evoluindo, curiosa e vibrante, sem viver 'de nome' ou 'dos 80', como alguns contemporâneos. Esse lançamento é o registro de uma apresentação praticamente só de voz e violão com uma ou outra programação ou um eventual baixo e teclado. A cantora conseguiu um clima de verdadeiro intimismo em um álbum cru e poderoso.
Ouça "Na minha mão":
Por Ricardo Pereira
Ótimo!
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