"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Melhores discos de 2012 - Internacionais


Fazer listas de melhores do ano tem sido complicado. Primeiro, pela dificuldade de ranquear os discos preferidos, o que separa um segundo de um terceiro lugar? Depois porque, por mais que se ouça novidades durante o ano, muitos só batem depois de um tempo, e outros só descubro mesmo bem depois de lançados. Por isso, acontecem absurdos como o High Violet, do The National não ter aparecido na minha lista de 2010 ou, na lista do ano retrasado, o Gentle Spirit, do Jonathan Wilson estar ausente, sendo um dos discos que mais ouvi em 2012. Mas como, mesmo sabendo dos riscos, não passo sem minhas listas. Vamos, então, a elas:



01 Lonerism - Tame Impala

John Lennon não morreu! Cansado de tudo - família, fama, ser um ex-beatle -, forjou sua morte e mudou-se para a Austrália. Exatos trinta anos após seu último álbum, resolveu entrar em estúdio, assumiu a persona de Kevin Parker e lançou o bom Innerspeaker. Não satisfeito, em 2012, veio com este Lonerism, um disco irretocável, falando de solidão e inadequação em meio a sons espaciais, belas guitarras e sintetizadores, sem procurar disfarçar sem timbre de voz característico. Roll on, John, leve em frente seu Tame Impala e continue nos brindando com suas inesquecíveis canções, já estava com saudades.



02 Quinto - António Zambujo

O cantor português aprimora o que vem construindo desde Outro Sentido, sua mistura do fado tradicional com música brasileira e ritmos africanos, e lança seu melhor trabalho até agora. Há a divertida "Flagrante", levada pelo cavaquinho de Jon Luz; a blueseira "Não vale mais um dia", destacanso-se a guitarra de Mário Delgado; e a belíssima Fortuna, canção de Márcio Faraco. Mas o grande destaque do álbum, além das sempre excelentes interpretações de Zambujo, é o jovem compositor Pedro da Silva Martins, do grupo Deolinda, autor das duas melhores canções do disco: "Algo estranho acontece", sobre o amor na passagem do tempo e "Queria conhecer-te um dia", sobre a busca pela amada, inclusive por meios virtuais. 


03 Tempest - Bob Dylan

Dylan confirma sua ótima fase em mais um grande álbum. Com a sonoridade calcada no blues e sua voz detonada, Dylan emociona em canções como "TIn Angel", a vingativa "Pay in Blood", a triste "Long and Wasted Years" e "Soon after midnight", em grande interpretação. Há ainda uma homenagem a John Lennon na saideira, em que Bob mistura trechos de canções do beatle para falar de sua vida e da falta que ele faz.


04 What Kind of World - Brendan Benson

O que já era bom em My old familiar friend, está ainda melhor em What Kind of World. É impressionante o talento de Brendan Benson para compor boas canções pop-rock, soando ora George, ora Paul, muitas vezes Alex Chilton. É só ouvir a provável balada mais bonita do ano, "Bad for me", o fantástico refrão de "Light of Day", a soturna "Pretty Baby", a emocionante "No one else but you" ou a county-rock "On the fence" para atestar Benson como um dos grandes compositores pop da atualidade.


05 Blunderbuss - Jack White

Em seu primeiro álbum solo, Jack White mostra os porquês de ser considerado um dos grandes nomes do rock atual. Com a sonoridade partindo dos anos 70, em canções tendo por base violões e piano, mas sem deixar de lado seus solos de guitarra característicos, White escreve canções sobre frustrações e ressentimentos amorosos em números simples e contagiantes como "Hip (Eponymous) Poor Boy", "I'm Shakin'"  e números mais sombrios como  "Hypocrytical Kiss", e minhas duas preferidas, "Weep Themselves to Sleep" e "Take Me With You When You Go".


06 Little Broken Hearts - Norah Jones

Sem nunca se acomodar, mesmo com o estrondoso sucesso de sua estreia, Norah Jones segue surpreendendo e encantando disco a disco. Little Broken Hearts, como o nome denuncia, trata de desilusões amorosas e é o disco mais sombrio e melancólico da cantora. Responsabilidade, em parte, da produção de Danger Mouse, que com batidas secas, ecos e muita sutileza cria o clima perfeito para os lamentos de Norah que se equilibra em um espécie de pop soturno como na bela trinca de encerramento, "Happy Pills",  "Mirian" e "All a Dream".


07 Go Fly a Kite - Ben Kweller

Após o extraordinário Changing Horses, Ben Kweller mesclou em seu último álbum um pouco do country rock do anterior com o power pop que lhe é característico. Como declarou um amigo de infância na saída do show recente do cantor no Rio, "é o rei da melodia". Não é difícil concordar ao escutarmos canções como "Jealous Girl", "Gossip", a weezeriana "Time will save the day" ou "Full Circle".


08 Ultraísta – Ultraísta

Banda do sexto Radiohead, o produtor Nigel Godrich, o Ultraísta estreia em disco com um trabalho herdeiro direto do lado experimental de seus pupilos. No entanto, consegue soar mais pop, como em “Our Song”, “Smalltalk” e “Easier”. Com produção caprichada – como não poderia deixar de ser – e faixas viciantes, o álbum fica entre o In Rainbows e o The Eraser e supre, de certa forma, a ausência de um lançamento do Radiohead em 2012.


09 Home Again – Michael Kiwanuka

Outra grande estreia do ano, este Home Again transita entre o soul e o folk, com arranjos belíssimos, sendo emocionante sem cair na armadilha fácil dos exageros.  Tudo soa simples, mas, com ouvido mais atento, é possível encontrar canções de grande sofisticação.


10 Oceania – The Smashing Pumpkins

E Billy Corgan, talvez inspirado pelo relançamento de seus clássicos, retornou inspirado em Oceania. Há desde bons rocks, como os que abrem o disco ( “Panopticon” e “Quasar”), a momentos mais melancólicos como “Pale Horse” e “Pinwheels” e, se não se comparam às criações dos anos 90, as novas canções formam um disco coeso e são o que de melhor Corgan produz desde o Machina.

Poderiam estar na lista:

Psychedelic Pill - Neil Young & Crazy Horse
Until the quiet comes - Flying Lotus
The Idler Wheel Is Wiser Than the Driver of the Screw and Whipping Cords Will Serve You More Than Ropes Will Ever Do - Fiona Apple
The Sound of the Life of the Mind - Ben Folds Five
Long Distance - Holly Golightly & The Brokeoffs
I know what love isn't - Jens Lekman

Por Ricardo Pereira

3 comentários:

  1. Ricardo, um dia desses eu falei que queria te mostrar alguma coisa mas não lembrava o que era. Lembrei, era isso.. http://www.youtube.com/watch?v=QCACUZly3DM&list=PLa5B9L1XPRnHnF4dAV_V80slQ6ziCgUUK&index=10
    Um entrevista do Saramago no Roda Viva. Depois me conta o que achou. Beijo, Camila

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  2. Oi, Camila! Obrigado, vou ver e depois te falo!

    Beijo

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  3. O Michael Kwanuka é discaço! Mas uma vez, obrigado por me apresentar mais um discaço! To curioso pra ouvir o Ben Kweler!

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