"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Melhores discos de 2012 - Nacionais



01 Caravana Sereia Bloom - Céu

Algum improvável leitor das minhas postagens recentes que se depara com a Céu em primeiro lugar dessa lista pode imaginar tratar-se de tesão. Mas este certamente não ouviu o disco. Caravana Sereia Bloom condensa o que há de melhor da música brasileira atual, tradição e modernidade amalgamadas de uma maneira irresistível. De Catatau a Nelson Cavaquinho, Céu passeia por canções estradeiras nos levando junto em sua viagem, ora psicodélica, ora resvalando de leve num romantismo brega. “Baile de Ilusão” é a que melhor exemplifica o que quero dizer, mas o disco todo é apaixonante.


02 E você se sente numa cela escura, planejando a sua fuga, cavando o chão com as próprias unhas – Jair Naves

Há tempos não ouvia um disco de rock nacional tão intenso. Jair Naves apresenta eu-líricos atormentados, cantando temas pesados, dores, solidão, medo, desespero, sem parecer forçado ou auto-piedoso. Ouça: “No fim da ladeira entre vielas tortuosas”, “A meu ver”, “Eu sonho acordado”.


03 Bahia Fantástica – Rodrigo Campos

Rodrigo Campos retorna em mais um belo álbum, criando uma Bahia idealizada, onírica, em que passei parte do ano passado vivendo. Campos usa sua habilidade de cronista musical para construir canções pautadas no cotidiano e em personagens específicas, desta vez apenas partindo do samba, em um disco mais abrangente musicalmente do que a estreia. “Princesa do mar” e “Jardim Japão” são duas das mais belas canções recentes da música brasileira.


04 The Moon 1111 - Otto

Filosofia, misticismo, “doideira”, tudo se confunde no ótimo quinto disco de carreira de Otto. Para se ouvir de mente e coração abertos, pois Otto não facilita para o ouvinte. É cada vez mais nítida a aproximação com a tradição brega da música brasileira, porém o disco chega a um resultado pop trilhando caminhos tortuosos. Pois tanto pode falar de amor com lirismo (“Dia Claro”), como fazer uma ode à dupla penetração (“DP”). Nada mais Otto...


05 Abraçaço – Caetano Veloso

Último trabalho com a Banda Cê, Abraçaço fecha um interessante ciclo na obra de Caetano Veloso. Juntando-se a músicos mais jovens, o compositor conseguiu manter-se relevante e dar uma arejada em sua carreira. Pedro Sá divide o posto de melhor guitarrista do Brasil com Catatau e está soberbo mais uma vez, soa melancólico em “Estou Triste”, soturno e pesado em “Funk Melódico” e regional na divertida bobagem “Parabéns”.


06 Tudo Tanto – Tulipa Ruiz

Tulipa mostra evolução após a estreia arrasa-quarteirão Efêmera. Tudo Tanto possui menos melancolia e mais força, é um álbum mais pop e diversificado, o que se mostra uma excelente saída para a enorme expectativa criada. Ouça: “Like This”, “Ok”, “Quando eu achar.”


07 Avante - Siba

Sem abandonar o regionalismo característico de seu trabalho, Siba extrapola qualquer limite e constrói um trabalho universal, derramando lirismo em números poderosos como “Brisa”, “Canoa Furada” e “Ariana”.


08 Próxima Estação – Volver

Ainda que inferior ao segundo álbum, o irretocável Acima da chuva, a Volver retorna com mais um bom disco de pop rock. Uma pena que ainda não tenham alcançado o reconhecimento que merecem. Entre os destaques há a importante carta de intenções “Mangue Beatle”, a lindíssima “Gente” e a excelente faixa título.


09 O Deus que devasta mas também cura – Lucas Santtana

Trabalho mais forte e com maior potencial popular de Lucas Santanna até agora, O Deus que devasta mas também cura aposta na diversidade de ritmos e em temas melancólicos e pessoais para ganhar o ouvinte. É daqueles álbuns que vão conquistando pouco a pouco. Ouça: “O Deus que devasta mas também cura”, “Músico” e “Para onde irá essa noite?”.


10 Tatá Aeroplano – Tatá Aeroplano

Mais convencional do que seu trabalho com o Cérebro Eletrônico, Tatá Aeroplano soa retrô em seu álbum solo e apresenta canções tristes e belas como “Uma janela aberta”, “Cão sem dono” e “Par de tapas que doeu em mim”.

Poderiam estar na lista:

Trabalhos Carnívoros - Amabis
SM, XLS - Juliana Amaral
Nacional - Transmissor
História Universal do Esquecimento - Lestics
Qual o seu preço? - De'La Roque

Por Ricardo Pereira

4 comentários:

  1. Oi Ricardo, visitei o blog atrás das tuas listinhas (também sou viciado nelas). Como sumiste da rede anti-social pretendo aparecer mais por aqui para acompanhar seus textos sempre interessantes. Dos discos nacionais, já tenho o Abraçaço (bonzaço!) e o Bahia Fantástica (idem). Vou correr atrás da Céu e do Siba que mui me interessam. Ah, meu irmão Rogério também tem um blog (Marginal Conservador) sobre cultura e jornalismo no qual também rolam umas listinhas. Dá um pulo lá.
    Um abraçaço, Maurício Macuco

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  2. Grande Maurício! Bom ver você por aqui! É, o facebook não deu mais pra mim, criei um perfil do twitter (que parece menos invasivo) pra divulgar os textos, se tiver procura lá: @ricardodpreira

    Não vai se arrepender, tanto o Siba quanto a Céu mandaram muito bem nos últimos discos. O da Juliana Amaral acho que pode gostar também.

    Vou dar uma olhada no blog sim!

    Abraço!

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    1. Olá Ricardo!

      Com atraso, venho aqui agradecer os ouvidos atentos e a indicação generosa.

      Não sei se conhece, mas temos um blog que conta toda a história do SM, XLS, e se puder, passe por lá: sambaminimo.blogspot.com

      Um beijo, da Juliana

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  3. Bela lista. Dela ainda não ouvi a Tulipa, Volver e Tatá. Vou correr atras deles agora! A Céu não me pegou mas todos os outros embalaram meu 2012.
    Abç

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