- O Skwit está por aqui hoje?
- Quem??
- O Rodrigo. É folga dele?
- Trabalha nenhum Rodrigo aqui
não...
Saiu da loja de instrumentos
musicais sem entender. Ligou então para o celular do amigo: “Este número não
existe, favor consultar a lista telefônica”. O que estaria acontecendo? Foi à
casa dele e ninguém conhecia Rodrigo Honorato.
Tudo começara na véspera quando
mandaram o link de um vídeo feito por celular em que aparecia com seus amigos
na frente de um conhecido bar da região morrendo de rir aparentemente de nada,
apontando para o vazio. Estavam, na verdade, rindo de mais uma série de katas
protagonizada pelo Skwit depois de mais uma noite de álcool. Mas, onde estava o
Skwit que não aparecia no vídeo?
Ligou para um amigo comum que o
tranquilizou. Na véspera, havia tomado umas cervejas com ele, que estava
inclusive preocupado em como iria abrir a loja no dia seguinte. As coisas não
fechavam, estaria enlouquecendo? Encontrou amigos proprietários de um bar e
estes asseguravam que todo santo dia o Skwit aparecia por lá bebendo com
alguém.
Contou o que estava acontecendo.
A princípio, não acreditaram, mas, ao assistir ao vídeo em que riam
pateticamente para o vazio, resolveram também procurá-lo. E nada... Fora os
amigos mais íntimos, ninguém sabia dele, era como se não existisse para o resto
do mundo. Procuraram nas redes sociais e nem na internet havia sinal de sua
existência.
É claro! Através da música o
encontrariam com facilidade, afinal era um dos raros bateristas da cidade e,
por isso, tocava com diversas bandas. Primeiro, procuraram um vídeo de sua
primeira banda, Malkavianos, e qual não foi a surpresa ao assistirem a banda
tocando seu punk pop com... uma bateria eletrônica. Ainda havia uma entrevista
do guitarrista, Gláucio, afirmando que, por não encontrarem um baterista, e
inspirados pelos dois primeiros álbuns do Pato Fu, esta fora a solução
encontrada.
Pesquisando mais, descobriram
assombrados que este procedimento virou uma febre na cidade. Era grande o
número de bandas com bateria eletrônica, nos últimos anos até bandas de blues e
trash metal utilizaram este artifício. A última a fazer sucesso dessa forma era
a Valleriana, que possuía uma bateria eletrônica mais moderna e bem programada
do que a da época do Malkavianos.
Terrificados, descobriram ser o
Skwit uma alucinação coletiva. A perfeita tradução do amigo imaginário, um cara
que estava presente os fazendo rir com seu senso de humor, katas, danças
esquisitas, mas que também conversava sério quando precisavam. Não foi difícil
descobrir o que ativava sua aparição: a doideira.
Pediram uma cerveja e viram o
Skwit se materializar aos poucos. Primeiro, a mão - pra segurar o copo, claro -
e, conforme bebiam, o resto do corpo aparecia como mágica. Bastava virar uma
pinga para vê-lo serelepe imitando o Mick Jagger ou ligando para o Gláucio.
O que ignoravam então é que Skwit
era uma espécie de divindade da doideira e havia inclusive um culto secreto à
sua figura espalhado por todo o mundo, como uma maçonaria de bêbados tendo por
referência aquela adorável criatura. Na verdade, todos que despejavam bebidas
“pro santo” era para ele que as destinavam. E todos os bebuns facilmente
encontrados por aí rindo e falando sozinhos na realidade não estavam solitários
e, sim, na companhia de Rodrigo “Skwit” Honorato.
Busto de Skwit construído em Recife. |
Por Ricardo Pereira
Cara, que foda!
ResponderExcluirAdorei o texto!
Muito bom!!!
ResponderExcluirainda acho que isso pode virar um livro =D sensacional
ResponderExcluirMuito bem escrito esse texto, adorei! E me senti meio com medo, mas agora vou entender se eu encontrar o Skwit num bar aqui no Rio!!
ResponderExcluirApesar do deboche óbvio, um texto bonito e uma bela homenagem.
ResponderExcluirHaha! Gostei muito do texto, e a foto acompanhou muito bem!
ResponderExcluirBela homenagem e texto impecável, parabéns.
ResponderExcluirAbsurdamente bom!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkk.... foooda!!!!
ResponderExcluirDivindade da doideira! haahahahahahha Muito bom!!
ResponderExcluirAí, gente. Obrigado pelos elogios. O texto não sairia tão bom se eu não tivesse um personagem desse nível hehe
ResponderExcluirAbraços!