Essa semana, o Xexéo (de cujos textos gosto cada vez menos) escreveu falando sobre o quanto os filmes do Woody Allen que ele gosta menos parecem melhores quando vistos depois de algum tempo. Talvez inspirado nisso, ontem decidi rever o Você vai encontrar o homem de seus sonhos, penúltimo filme do diretor e um filme fraco se comparado à filmografia recente dele. Aos clássicos então, nem se fala...
Mas ontem o filme até que me agradou um pouco mais. Não chegou a me fazer mudar de opinião, é realmente um filme menor, mas possui lá seus momentos. Roy, o escritor fracassado, que na primeira vez que assisti não me despertou empatia alguma, dessa vez funcionou melhor. A Naomi Watts está linda demais e sua personagem é a que possui mais humanidade entre todos do filme, o restante está muito caricatural. O final também me pareceu melhor dessa vez, talvez o fato de assistir com pouca expectativa tenha ajudado também.
Com relação a expectativas, já falei aqui que ando, nos últimos tempos, adepto das releituras. É muito bom redescobrir livros e filmes que foram marcantes. Mas o que eu queria mesmo era uma espécie de ‘Brilho eterno de uma mente sem lembranças da arte’. Poder apagar as lembranças de determinadas obras para ter novamente a sensação de descobri-las, de estar em contato com elas pela primeira vez.
Do Allen mesmo, gosto tanto de Manhattan, que resolvi vivê-lo – e o que ganhei disso foi saber como Tracy volta de Londres... – e assisti várias vezes, mas gostaria de sentir de novo como recebi aquilo da primeira vez. Lembro, na minha adolescência, do encanto que senti ao terminar o último parágrafo de livros como Cem Anos de Solidão ou Memórias Póstumas de Brás Cubas. Nesses momentos senti algo que disco nenhum no mundo jamais me fez sentir – e quem me conhece sabe o quanto os discos são importantes para mim.
As releituras são fantásticas e extremamente prazerosas. Recentemente fiz minhas melhores leituras até agora de Os Irmãos Karamazov e de Dom Casmurro, além do Rosa que volto sempre. Elas têm inclusive, por já sabermos o enredo, a vantagem de percebermos melhor o quanto esses caras são até mais geniais do que pareceram na primeira leitura.
Mas ainda assim gostaria de poder ler cada um deles e assistir vários filmes que adoro como se estivesse em contato com eles pela primeira vez. O jeito é me contentar com as releituras e procurar novos primeiros prazeres.
Por Ricardo Pereira
Esse seu post me deu vontade de fazer duas coisas, reler livros e assistir filmes do Woodyzito, hehe. Esses dias assisti finalmente o filme de Ensaio sobre a Cegueira, e me dei conta que não me lembrava de muitas coisas do livro, e o principal, do último capítulo.
ResponderExcluirGostei do filme 'Ensaio sobre a cegueira', algumas passagens chegaram a emocionar. Mas o livro é muito melhor (como quase sempre), deram uma suavizada em algumas coisas e, por mais que tenham tentado amenizar, perde-se o melhor que é o narrador saramaguiano.
ResponderExcluirE os filmes do Woody Allen são como discos, às vezes bate uma vontade de assistir e volto a eles!
Eu ainda, infelizmente ou não, não assisti um filme em que o filme é melhor que o livro, hehe.
ResponderExcluirPois é, preciso mesmo assistir...