Duas peças encenadas na
terça-feira, 7 de junho, na 12ª edição da Festa Internacional de Teatro de
Angra – Fita, versaram sobre o tempo. A primeira, às 19h30, Vianinha conta o último combate do homem
comum, presenteia o público com a tocante história de Souza e sua mulher,
um casal na terceira idade que se vê às voltas com a possibilidade de ter que sair
da casa onde sempre moraram por conta de obstáculos de cunho financeiro. Eles
vão buscar nos filhos uma saída para a preocupante situação, e por conta disso,
encontram problemas ainda mais complexos.
O texto de Oduvaldo Vianna Filho lança
luz não apenas à questão dos desafios e questionamentos dos idosos, mas também
sobre os conflitos familiares e as dificuldades de lidar com os diferentes “tempos”
de cada um. Além de contar com um elenco muito bem entrosado e com uma fundição
perfeita entre humor e drama, o grande mérito da peça é instigar a reflexão de
cada um sobre o assunto tratado. Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos
pais? Até o fim?
Vianinha conta o último combate do homem comum |
Mais tarde, às 22h, o ator Roberto
Bomtempo subiu ao palco do Teatro Municipal de Angra dos Reis para a apresentação
da peça Plínio – A história do maldito
bendito, um espetáculo que conta a vida e a trajetória profissional / teatral
de Plínio Marcos, um dos grandes renovadores do cenário teatral brasileiro.
Considerado maldito por conta das temáticas e das personagens utilizadas em
suas obras, Plínio teve sucessos estrondosos e fracassos retumbantes, mas nunca
abaixou a cabeça para nada. Críticas pesadas, ditaduras, falta de dinheiro,
censura... Nada disso era capaz de abater o autor, interpretado – e defendido –
com dignidade por Bomtempo.
A reflexão sobre os tempos de
Plínio nesta vida termina de uma forma belíssima. Roberto / Plínio relembra
quando, sem lugar para dormir em São Paulo, é ajudado por uma pessoa que estava
no mesmo bar que ele. O homem permite que, temporariamente, ele passe as noites
de um terrível inverno na coxia de um teatro. Instalado no local, Plínio se
deita e, antes de dormir, lembra-se de todas as valorosas e também simples pessoas
que passaram por sua vida, dando a entender que, assim como eles, também não
vai desistir de lutar.
Plínio fecha os olhos e tudo
escurece. A vida continua. Ele vive.
Plínio - A história do maldito bendito (foto por Eduardo Tarran) |
Por Hugo Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário