Diálogo
de dois pais ao final da peça:
–
Sua filha deve estar junto com a minha, lá dentro, tirando foto.
–
É verdade. Escuta só! (Barulho de multidão gritando).
–
Tá doido! Eu não gosto desse negócio de teatro, ator de “Malhação”...
–
Nem eu!
Mas
suas filhas gostam. Assim como as centenas de filhas, filhos e – sim! – pais que
abarrotaram o Palco Sesc – Mostra de sucesso, na Praia do Anil, às 19h30, para
assistir ao espetáculo Sempre amigos,
em estreia nacional. Com o texto e a direção de Pedro Jones, a peça ofereceu
uma história de amizade e amor com temática adolescente.
Os
atores Camila Mayrink, Guilherme Hamacek e Rafael Vitti ensaiaram direitinho para
interpretar os papeis de três “BFF” – pergunte o significado para sua filha /
filho adolescente – que se veem num confuso triangulo amoroso. Show, quem deu
mesmo, foi a plateia. Desde o começo, quando a maior fila para entrar num
espetáculo da Fita 2016 foi formada, passando pelas manifestações histéricas da
ala feminina, que urrava de alegria e prazer cada vez que o ator Raf... EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE
entrava em cena, o que se viu foi um ambiente bem diferente dos solenes locais
que recebem espetáculos do tipo. Eu entrei meio desconfiado, mas acabei
curtindo aquela loucura toda.
–
Tio, tio! Você pode me ajudar? Eu e minhas amigas não estamos conseguindo achar
os nossos lugares, perguntou uma menina de uns 12 anos, que não tirava os olhos
do meu crachá.
–
Tio? Que isso, menina! Tá bom... Deixa ver se consigo te dar uma força, eu
disse, tentando encontrar a fileira relacionada ao número de série dos
ingressos.
– Ah, você não é da organização tio, é da
imprensa. Deixa pra lá.
Acabaram-se
aí os meus cinco minutos de fama – mais sorte teve o jornalista Marcos Landim,
da TV Rio Sul, que foi requisitado pela molecada a posar para fotos.
Molecagem
à parte, a peça foi correta, e ainda passou uma mensagem bonita ao público
presente: corra atrás dos seus sonhos, já que ninguém melhor do que você para
lutar por eles.
Contanto
que não seja namorar o galã da peça, que fez questão de mostrar que é comprometido.
#adolescenteschateados.
Sempre amigos |
Como
o show tem que continuar, mais tarde, às 22h, o bonde do teatro seguiu para o
Teatro Municipal de Angra dos Reis, onde foi encenada a peça A cabaça da existência. O elenco formado
por Junio Bastos, Letícia Mendes, Ramon Souza e Vitória Lopes também era bem
jovem, mas a temática do espetáculo foi de gente grande: a criação do mundo de
acordo com um conto africano.
Como
a própria diretora, Camila Rocha, explicou ao final da peça, o espetáculo foi
estendido para caber no formato da Fita. Talvez isto tenha acarretado um grande
problema, já que os trechos mais musicais, em que os personagens cantavam e
dançavam, alongavam-se por muito tempo – mesmo sendo efetuados com beleza e
total domínio de expressão corporal pelo elenco.
A
dicção de alguns atores – dos meninos, principalmente – também precisa melhorar,
mas isto é apenas um detalhe. O que importa é que a mensagem simples e também emocionante
do espetáculo – ancorada pela ótima trilha sonora de Jorge Moreno Filho, o “Etiópia”
–, de que Deus não é um ser vingativo, mas sim, uma entidade cheia de bondade e
amor, foi transmitida com louvor, independente da religião de cada um. Axé aos
integrantes do GP Artêros: a cabaça da existência de vocês já começou a dar
frutos.
A cabaça da existência (crédito: focoincena.com.br) |
Por
Hugo Oliveira
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