"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Radiohead


Pedro Henrique, grande amigo, me pediu uma lista das canções do Radiohead que eu mais gostava para que ele pudesse ‘estudar’ a banda e, com isso, me entender melhor. Ideia meio maluca, no entanto interessante. Foi difícil demais fazer, pois tive que deixar muitas músicas importantíssimas de fora, mas consegui e vou deixar aqui. Pode ser útil para alguém que ainda não conhece a banda ou até para quem já conhece, mas está afastado.

Não coloquei nenhuma do primeiro disco, pois é o que menos gosto, apesar de algumas canções muito boas. Do segundo, ‘The Bends’ (1995), escolhi duas:

. Just – Canção poderosa, com excelente refrão e um dos melhores clipes que já assisti. Tocaram no show, não esperava, o que tornou tudo ainda melhor!

. Black Star – Taí uma canção que as pessoas quase não falam e que eu gosto demais. Trata de um relacionamento em estado de decomposição de uma forma amarga, como não poderia deixar de ser. A primeira estrofe é de arrebentar qualquer um.

(Deus me perdoe por ter deixado ‘Sulk’ e ‘Street Spirit’ de fora...)

‘Ok Computer’ (1997), um dos discos mais importantes da década passada, lindíssimo, um clássico, homem x máquina etc etc... Tudo verdade, mas só selecionei três – já estou me arrependendo dessa lista...

. Exit Music (For a film) – Triste de doer, uma das melhores interpretações vocais de Thom Yorke e outra letra de arrebentar. Desejo de fuga, inadequação ao mundo. Rolou inveja forte do povo de SP que viu ao vivo.

. Let Down – Uma das mais bem trabalhadas das canções da banda. Bela letra, harmonia vocal e arranjo lindíssimos!

. Lucky – Uma das músicas do Radiohead preferidas do Michael Stipe, inclusive é fácil achar versões com ele cantando com a banda, vale dar uma procurada!  Adoro o refrão e as guitarras!

everything in its right place (?)

‘Kid A’ (2000) é provavelmente meu disco preferido deles. A maioria das pessoas estranha de primeira, mas aí está um disco que vale a insistência. Daqueles para ouvir inteiro, sem pular nenhuma faixa, por isso foi difícil selecionar, mas fiquei com as seguintes:

. National Anthem – Introdução marcante de baixo e bateria, sopros atacando furiosamente no meio da música. Tem certeza que é a mesma banda? jazz? rock? arte. Ao vivo é acachapante.

. Optimistic – Depois de ‘um lado inteiro’ de estranheza, a canção que abre o lado b do disco é a mais palatável em uma primeira audição. “Olha, agora dá pra entender o que ele está cantando!! Acho que ouvi uma guitarra ali!” rs

. Idioteque – Não tem como deixar de fora. Um acidente de navio narrado, base eletrônica, interpretação intensa. Já pode chamar de clássica?


‘Amnesiac’ (2001) – Gravado na mesma sessão de ‘Kid A’, mantém a estranheza e a beleza (ok, para alguns, entendo quem não curte...):

. You and Whose Army? – Começa meio cabaré, vai mudando, crescendo. Desde a primeira audição fiquei encantado. Outra que rolou no show e eu não esperava.

. Life in a Glasshouse – Bem jazz, excelentes metais. Climão big band, fecha perfeitamente o disco!

‘Hail to the thief’ (2003) é um disco irregular, indeciso entre o Radiohead de antes e depois do Kid A. Mas, nesse álbum, o que é bom beira a perfeição.

. The Gloaming – Outra que quase ninguém gosta, mas que gosto demais. Bem eletrônica, hipnótica, vocal ‘desencontrado’. O que ele quer dizer na letra? Nem imagino, mas adoro! Se for procurar essa, prefira alguma versão ao vivo, que costuma ser melhor que a de estúdio, eles colocaram uma linha de baixo que fez a música crescer bastante.

. I Will – Baladinha simples e linda. Adoro a original e a Los Angeles Version.

. A Wolf at the Door – Política essa. Provavelmente o melhor momento da banda em estúdio, Yorke canta ‘vomitando’ a letra e a música crescendo absurdamente em um momento ímpar de angústia e beleza! Uma das que mais queria no show, mas não rolou...

E por fim, ‘In Rainbows’ (2008), a síntese perfeita de tudo o que a banda fez até hoje.

. 15 Step - Batidas eletrônicas abrem a canção (e o disco),  Thom yorke entra rasgando no vocal e a guitarrinha meio jazz que entra lá pelos 40 segundos é irresistível.

. Nude - Balada lindíssima, poderia estar no ‘ok computer’ fácil. Bem crua e com uma performance vocal impressionante! “Don’t get any big ideas, they’re not gonna happen...

. Faust Arp - Putaqueopariu, que beleza! Simples, curta, mas de uma beleza indescritível, só ouvindo. Agradeço todo dia a Deus por ter assistido ao vivo! rs

. Jigsaw Falling Into Place – Uma grande canção com vários andamentos, todos fodas! Lá pros 3 minutos fica mais que perfeita!

Alguém aqui ainda?

É obviamente um texto de fã, por isso tão repetitivo e deslumbrado. O Radiohead é uma banda que me encanta não só pelas músicas, letras, mas também pelo modo como conduz sua carreira, a intensidade e o cuidado com cada passo dado. Costumo dizer que até o ‘Ok Computer’ eles são como os Beatles até o ‘Rubber Soul’ ou, forçando uma barra, até o ‘Revolver’. Se eles tivessem terminado ali, seriam considerados uma grande banda, com um cantor acima da média e refrãos muito bons. Mas o que veio depois é que os faz uma das maiores bandas da história da música. Eles resgatam o que tem de melhor no bom progressivo, mas com muito mais feeling, além de dar um panorama perfeito dos nossos tempos. Se o REM é, para mim, a maior banda de todos os tempos (Beatles não conta, não comparo, pois não são desse planeta. Aliás, menos de um mês para fazer contato com um extraterrestre, mas isso é assunto para outro post...), Radiohead é a ‘minha banda’, a que eu ouviria pela última vez se soubesse que iria morrer e que teria direito a um último disco.

Por Ricardo Pereira

Um comentário:

  1. Grande Ricardo! O texto me fez lembrar do show do Radiohead.

    Por mais que a minha ligação afetiva com o Morrissey e o R.E.M teime em negar, confesso: foi o melhor show da minha vida. Ao menos, até agora.

    Abraços!

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