2015 foi um ano de muitas leituras, felizmente. Não posso
dizer o mesmo quanto às audições de novos discos e às sessões de cinema, mas os
livros estiveram presentes durante todo o período. Muitos volumes não foram
lançados no ano em questão, mas daqueles que vieram à tona em 2015, separei
cinco que considerei os melhores. Vamos a eles!
Rio de Janeiro – Histórias de Vida e Morte – Luiz Eduardo
Soares – Em 256 páginas, o antropólogo Luiz Eduardo Soares usa a “cidade
maravilhosa” como personagem principal de um livro que, infelizmente, contribuí
com algumas pás de terra sobre o caixão da esperança relacionada a um país
melhor, mais seguro e justo. Políticos da esquerda e da direita, policiais
corruptos, milicianos sem escrúpulos, torturadores da época da ditadura,
religiosos de araque... Ninguém é poupado nas histórias contadas por Luiz, o
que faz com que o leitor finalize a leitura com um aperto no coração.
Ainda estou aqui – Marcelo Rubens Paiva – A família de Marcelo
Rubens Paiva poderia ser definida pela palavra luta, mas ainda assim seria
limitador demais. No seu mais novo volume, o escritor narra a história de sua mãe,
Eunice, que a partir do desaparecimento do marido – preso por agentes da
ditadura em 1971 –, reinventa-se na pele de uma advogada não apenas em busca da
justiça, mas de um caminho a seguir. Diagnosticada com o Mal de Alzheimer na
década passada, ela continua a encarar lutas aparentemente desleais, mas mostra
que a coragem permanece intacta, independente da memória. Um livro emocionante.
Brasil: uma biografia – Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel
Starling – A antropóloga Lilia Moritz e a historiadora Heloisa Murgel, duas
profissionais de peso, decidem biografar um dos personagens mais complexos do
planeta, o Brasil. A chegada dos portugueses ao país, as revoltas, a
independência, a época da ditadura e a redemocratização, para ficar apenas em
alguns pontos essenciais, são descritos num texto claro, informativo e
instigante. Um livro indispensável, indicado para todos aqueles que sempre
quiseram entender um pouquinho mais sobre este país tropical, polêmico e cruel,
mas que nunca souberam por onde começar.
Joy Division – Unknown Pleasures – Peter Hook – O baixista de
uma das bandas mais soturnas – e cultuadas – dos anos 80, a Joy Division,
escreve sobre suas memórias dentro do conjunto. Do começo punk à consagração do
segundo disco do grupo, “Closer”, e ao suicídio do vocalista do quarteto, Ian
Curtis, o que temos é um documento rico em informações, histórias interessantes
e risadas, muitas risadas. Quem imaginou um volume repleto de dor e angústia
acabou se enganando feio. Hook desmistifica a imagem triste de seu conjunto,
mostrando que o Joy Division era uma simples – e talentosa – banda de rock, com
um produtor igualmente talentoso, Martin Hannett.
As quatro estações – Mariano Marovatto – Lançado pela editora
Cobogó, numa série intitulada O livro do
disco, As quatro estações é um
livro sobre o quarto disco de estúdio da banda mais amada/odiada do Brasil, a
Legião Urbana. O poeta e músico Mariano Marovatto mistura lembranças pessoais a
informações colhidas diretamente com integrantes da banda e com gravações de
ensaios da época. É um volume curtinho, de 88 páginas, mas que passa o recado
de forma correta. Li muitas críticas negativas sobre o livro, mas como o álbum
em questão era quase desconhecido para mim antes de comprar o volume, ele
serviu como um guia às mensagens religiosas e por vezes enigmáticas de Renato
Russo em As quatro estações.
Preciso comprar o Brasil: uma Biografia, li alguns capítulos dele pra uma disciplina esse ano, e é sensacional. E comprar também esse do Peter Hook, é sempre legal conhecer a banda através de um integrante, e ainda mais com essas histórias. E claramente o do Marcelo Rubens Paiva, que eu adoro, e dizem que agora ele está escrevendo ainda melhor.
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