A
cada ano que passa, fica mais difícil elaborar a lista dos melhores discos. A
facilidade de acesso aos lançamentos faz com que não tenhamos tempo de ouvir
todos com a atenção que dedicávamos há alguns anos. Ouvi uma infinidade de bons discos lançados no ano e muitos pediam mais audições e poderiam
estar nessa lista. Destaco esses quinze, álbuns que mereceram audições seguidas
e que mais me marcaram durante os últimos meses. Recomendo que procurem os que
ainda não conheçam e sugiram, por favor, preferidos de vocês que não estejam na
minha lista!
01 The Epic, Kamasi
Washington
Um álbum triplo de jazz em que nada é
desperdiçado. Desde o título à duração, tudo parece apontar para um excesso de
pretensão, um hermetismo pedante. Mas não é o que acontece. O projeto é
obviamente ambicioso, mas extremamente bem sucedido ao passear pelas diversas
correntes do jazz de forma consistente, com uma atmosfera de encantamento que
pode seduzir até quem não está acostumado com o estilo.
02 Grey Tickles, Black Pressure – John
Grant
John Grant é o maior compositor pop da atualidade. Grey Tickles, Black
Pressure confirma tal sentença, ao manter a qualidade dos álbuns anteriores,
ampliando seu espectro musical. Há as baladas lindíssimas e canções mais
convencionais, mas também outras de caráter mais experimental, como o David
Bowie de Diamond Dogs adaptado ao nosso tempo. E, claro, as letras acima da
média, ora tratando de dor e sofrimento, ora divertindo com ironia e cinismo.
03 Star Wars –
Wilco
Mais comentado pelas estratégias de marketing (lançamento surpresa, capa
com gatinho, chamar-se Star Wars no ano de retorno da franquia
cinematogrática), o nono álbum de estúdio do Wilco mostra uma banda em forma,
despejando rocks mais vigorosos do que
os de álbuns recentes, em enxutos 35 minutos. Aqui a experiência passa longe de
acomodação, o Wilco parece ter alcançado a formação ideal que transparece enorme
contentamento em fazer boa música juntos.
04 What a Terrible World, What a
Beautiful World – The Decemberists
Após ter alcançado o maior sucesso comercial da carreira com o anterior
The King is Dead, o Decemberists repete a fórmula, aprimorando-a. Apostando
novamente em uma sonoridade tradicional, canções radiantes como ‘Calvary
Captain’, ‘Philomena’ e ‘Easy Come, Easy Go’ misturam-se a momentos reflexivos
como ‘Lake Song’ ou ‘Mistral’ em um disco coeso, para se ouvir do começo ao
fim.
05 Carrie
& Lowell – Sufjan Stevens
O disco mais triste – e belo – do ano. Sufjan Stevens, partindo de um
trauma pessoal, constrói canções delicadas e minimalistas, sussurrando letras
tão fortes e confessionais de forma que é como se um amigo desabafasse ao seu
lado. E o efeito é arrebatador. As canções possuem um caráter hipnótico de tal
forma que, mesmo com toda a dor envolvida, voltamos a elas encantados.
06 For Use and Delight – Promised Land
Sound
Meu disco “dos anos 70” lançado em 2015 preferido do ano. Country rock
de primeira, com belas guitarras e grandes canções, saudando Dylan, Byrds, Grateful
Dead, sem abrir mão de personalidade própria.
07 Shadows in the Night – Bob Dylan
Quando li que Dylan iria lançar um disco com canções imortalizadas por
Sinatra, temi pelo pior. No entanto, mais uma vez, nosso amigo nos surpreende e
mostra que, quando quer, ainda canta “de verdade”. As canções foram “despidas”,
revelando interpretações comoventes.
08 Goon –
Tobias Jesso Jr.
De todos os álbuns listados, o mais fácil de agradar o ouvinte “de
primeira”. São baladas simples e sinceras, com aquela capacidade de atingir uma
espécie de inconsciente emocional que a gente têm e se manifesta quando ouvimos
uma canção do Paul McCartney ou do Elton John dos anos 70.
09 Hollow
Meadows – Richard Hawley
Hawley é um dos caras mais bacanas da música pop recente. Parece viver
em um espaço muito próprio, independente de quais tendências musicais ou
comportamentais o mundo parece preferir no momento. Ainda bem. Aqui, ele volta
a fazer o que sabe de melhor, canções lindíssimas e sensíveis, sem abrir mão da
pose de “durão”.
10 Divers –
Joanna Newsom
Outra que parecer habitar um universo paralelo, Joanna Newsom apresenta
novo conjunto de canções que exigem tempo e atenção do ouvinte. A voz não é
convencional, as letras abusam de termos inusitados e muitas parecem mesmo não fazer
sentido e as músicas atingem uma delicadeza tão intensa que podem fazer o
ouvinte se apaixonar, como meu caso, ou detestá-las, como muitos conhecidos.
11 Sometimes I Sit and Think,
Sometimes I Just Sit – Courtney Barnett
Álbum simples e direto, tanto na sonoridade, alternando folk com
guitarras pesadas, quanto nas letras bem construídas a partir de eventos
cotidianos, numa espécie de descritivismo de uma mente hiperconsciente.
12 If I've Only One Time Askin' – Daniel Romano
Ainda que sem o mesmo aproveitamento do extraordinário álbum anterior, Come
Cry With Me, de produção mais simples e eficaz, Romano emociona em seus números
de baladas e country tradicional.
13 I Love You, Honeybear –
Father John Misty
Ainda prefiro Fear Fun, sua estreia solo, mas Father John Misty mostra
que pode estar começando a construir uma carreira consistente. Suas boas letras
sobre relacionamentos e as ótimas soluções para os arranjos constroem um dos
discos de destaque desse 2015.
14 The Magic
Whip – Blur
Certa melancolia e lentidão em parte das
canções faz parecer uma continuação do bom disco solo do Damon Albarn. Mas
faixas como “I Broadcast” e “Lonesome Street” não deixam dúvidas, é o bom e
velho Blur de volta!
15 Currents – Tame Impala
Currents é uma virada arriscada e inesperada na
carreira do Tame Impala. Deixando de lado as guitarras e a psicodelia rock n’
roll que os caracterizavam, a banda investe em sintetizadores e em uma
sonoridade calcada em elementos eletrônicos. Para mim, funcionou. É bom ver que
Kevin Parker não se acomoda facilmente e a produção é impressionante.
Aguardemos os próximos passos.
Por Ricardo Pereira
Acabo de baixar todos, com exceção do Daniel Romano e Promised Land Sound. Não achei por nada nesse mundo.
ResponderExcluirDepois deixo um feedback.
Abraço!