"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Melhores discos de 2015 - Internacionais

A cada ano que passa, fica mais difícil elaborar a lista dos melhores discos. A facilidade de acesso aos lançamentos faz com que não tenhamos tempo de ouvir todos com a atenção que dedicávamos há alguns anos. Ouvi uma infinidade de bons discos lançados no ano e muitos pediam mais audições e poderiam estar nessa lista. Destaco esses quinze, álbuns que mereceram audições seguidas e que mais me marcaram durante os últimos meses. Recomendo que procurem os que ainda não conheçam e sugiram, por favor, preferidos de vocês que não estejam na minha lista!




01  The Epic, Kamasi Washington

Um álbum triplo de jazz em que nada é desperdiçado. Desde o título à duração, tudo parece apontar para um excesso de pretensão, um hermetismo pedante. Mas não é o que acontece. O projeto é obviamente ambicioso, mas extremamente bem sucedido ao passear pelas diversas correntes do jazz de forma consistente, com uma atmosfera de encantamento que pode seduzir até quem não está acostumado com o estilo.





02 Grey Tickles, Black Pressure – John Grant

John Grant é o maior compositor pop da atualidade. Grey Tickles, Black Pressure confirma tal sentença, ao manter a qualidade dos álbuns anteriores, ampliando seu espectro musical. Há as baladas lindíssimas e canções mais convencionais, mas também outras de caráter mais experimental, como o David Bowie de Diamond Dogs adaptado ao nosso tempo. E, claro, as letras acima da média, ora tratando de dor e sofrimento, ora divertindo com ironia e cinismo.



03 Star Wars – Wilco

Mais comentado pelas estratégias de marketing (lançamento surpresa, capa com gatinho, chamar-se Star Wars no ano de retorno da franquia cinematogrática), o nono álbum de estúdio do Wilco mostra uma banda em forma, despejando rocks  mais vigorosos do que os de álbuns recentes, em enxutos 35 minutos. Aqui a experiência passa longe de acomodação, o Wilco parece ter alcançado a formação ideal que transparece enorme contentamento em fazer boa música juntos.





04 What a Terrible World, What a Beautiful World – The Decemberists

Após ter alcançado o maior sucesso comercial da carreira com o anterior The King is Dead, o Decemberists repete a fórmula, aprimorando-a. Apostando novamente em uma sonoridade tradicional, canções radiantes como ‘Calvary Captain’, ‘Philomena’ e ‘Easy Come, Easy Go’ misturam-se a momentos reflexivos como ‘Lake Song’ ou ‘Mistral’ em um disco coeso, para se ouvir do começo ao fim.





05 Carrie & Lowell – Sufjan Stevens

O disco mais triste – e belo – do ano. Sufjan Stevens, partindo de um trauma pessoal, constrói canções delicadas e minimalistas, sussurrando letras tão fortes e confessionais de forma que é como se um amigo desabafasse ao seu lado. E o efeito é arrebatador. As canções possuem um caráter hipnótico de tal forma que, mesmo com toda a dor envolvida, voltamos a elas encantados.





06 For Use and Delight – Promised Land Sound

Meu disco “dos anos 70” lançado em 2015 preferido do ano. Country rock de primeira, com belas guitarras e grandes canções, saudando Dylan, Byrds, Grateful Dead, sem abrir mão de personalidade própria.





07 Shadows in the Night – Bob Dylan

Quando li que Dylan iria lançar um disco com canções imortalizadas por Sinatra, temi pelo pior. No entanto, mais uma vez, nosso amigo nos surpreende e mostra que, quando quer, ainda canta “de verdade”. As canções foram “despidas”, revelando interpretações comoventes.





08 Goon – Tobias Jesso Jr.

De todos os álbuns listados, o mais fácil de agradar o ouvinte “de primeira”. São baladas simples e sinceras, com aquela capacidade de atingir uma espécie de inconsciente emocional que a gente têm e se manifesta quando ouvimos uma canção do Paul McCartney ou do Elton John dos anos 70.





09 Hollow Meadows – Richard Hawley

Hawley é um dos caras mais bacanas da música pop recente. Parece viver em um espaço muito próprio, independente de quais tendências musicais ou comportamentais o mundo parece preferir no momento. Ainda bem. Aqui, ele volta a fazer o que sabe de melhor, canções lindíssimas e sensíveis, sem abrir mão da pose de “durão”.





10 Divers – Joanna Newsom

Outra que parecer habitar um universo paralelo, Joanna Newsom apresenta novo conjunto de canções que exigem tempo e atenção do ouvinte. A voz não é convencional, as letras abusam de termos inusitados e muitas parecem mesmo não fazer sentido e as músicas atingem uma delicadeza tão intensa que podem fazer o ouvinte se apaixonar, como meu caso, ou detestá-las, como muitos conhecidos.





11 Sometimes I Sit and Think, Sometimes I Just Sit – Courtney Barnett

Álbum simples e direto, tanto na sonoridade, alternando folk com guitarras pesadas, quanto nas letras bem construídas a partir de eventos cotidianos, numa espécie de descritivismo de uma mente hiperconsciente.





12  If I've Only One Time Askin' – Daniel Romano

Ainda que sem o mesmo aproveitamento do extraordinário álbum anterior, Come Cry With Me, de produção mais simples e eficaz, Romano emociona em seus números de baladas e country tradicional. 





13 I Love You, Honeybear – Father John Misty

Ainda prefiro Fear Fun, sua estreia solo, mas Father John Misty mostra que pode estar começando a construir uma carreira consistente. Suas boas letras sobre relacionamentos e as ótimas soluções para os arranjos constroem um dos discos de destaque desse 2015.





14 The Magic Whip – Blur

Certa melancolia e lentidão em parte das canções faz parecer uma continuação do bom disco solo do Damon Albarn. Mas faixas como “I Broadcast” e “Lonesome Street” não deixam dúvidas, é o bom e velho Blur de volta!





15 Currents – Tame Impala

Currents é uma virada arriscada e inesperada na carreira do Tame Impala. Deixando de lado as guitarras e a psicodelia rock n’ roll que os caracterizavam, a banda investe em sintetizadores e em uma sonoridade calcada em elementos eletrônicos. Para mim, funcionou. É bom ver que Kevin Parker não se acomoda facilmente e a produção é impressionante. Aguardemos os próximos passos.


Por Ricardo Pereira

Um comentário:

  1. Acabo de baixar todos, com exceção do Daniel Romano e Promised Land Sound. Não achei por nada nesse mundo.
    Depois deixo um feedback.
    Abraço!

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