"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Romance policial – Espinosa: uma "janela" na televisão

Durante a faculdade de jornalismo, tive um professor que me apresentou a dois escritores relacionados ao gênero policial. O primeiro, o americano John Dunning, é o criador do personagem Cliff Janeway, ex-policial colecionador de livros raros que é procurado pela corporação para solucionar casos que envolvam literatura; o segundo, o brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza, fez surgir diretamente do Rio de janeiro o delegado Espinosa, protagonista de 10 livros que agora estreia uma série televisiva exibida pelo canal GNT, às quintas-feiras, 22h30. 

Romance policial – Espinosa segue para o terceiro capítulo. É dirigida por José Henrique Fonseca e inspirada no livro Uma janela em Copacabana, justamente o título indicado pelo meu professor na universidade. Lembro-me de ter sido surpreendido positivamente pela existência de um delegado brasileiro, com características próprias, que mostrava o quanto a ensolarada “cidade maravilhosa” também tinha de sombria. Com a série, estou revivendo aquela história. E com vontade de comprar todos os volumes estrelados por Espinosa.

Apesar de os detalhes do livro terem fugido da memória, a certeza de que se tratava de um ótimo exemplo de ficção policial nunca deixou de existir... E só se confirmou com a exibição do seriado. Espinosa – Domingos Montagner – e sua equipe se deparam com uma sucessão de assassinatos. Os crimes chamam atenção pelas vítimas, todas elas, policiais que atuam na circunscrição da delegacia de Espinosa.  O modus operandi dos crimes também é idêntico, o que leva à certeza de que existe um assassino em série executando “homens da lei”.

A série melhora a cada capítulo. Os atores vão pegando as características dos personagens e, quando damos conta, estamos apreensivos pelos próximos passos ligados ao mistério. Já ouvi comentários referentes à falta de agilidade do seriado, e confesso que isso me deixa preocupado. O tipo de crítica parece ter partido de pessoas que nunca chegarão perto de uma Twin Peaks – série clássica do diretor David Linch – ou até mesmo, por uma grande ironia, dos livros de Garcia-Roza. E isso é uma pena. Menos velocidade e mais sutileza, por favor.

Torço para que Romance policial – Espinosa seja ainda mais assistido, e que o diretor e os atores não percam a mão no andamento do seriado. Já existem informações de que uma segunda temporada poderá ser gravada, o que é uma ótima notícia para os fãs do gênero. Talento profissional e criatividade é que não faltam à dramaturgia brasileira. O que necessitamos é de coragem para sair desse esquema limitador, que faz parecer com que só estejam sendo produzidas comédias escrachadas no país. Somos – e podemos – muito mais.


O delegado Espinosa - centro - e sua equipe de policiais investigam mistérios e mortes em Copacabana 




Por Hugo Oliveira

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