Durante a faculdade de jornalismo, tive um professor que me
apresentou a dois escritores relacionados ao gênero policial. O primeiro, o
americano John Dunning, é o criador do personagem Cliff Janeway, ex-policial
colecionador de livros raros que é procurado pela corporação para solucionar casos
que envolvam literatura; o segundo, o brasileiro Luiz Alfredo Garcia-Roza, fez surgir
diretamente do Rio de janeiro o delegado Espinosa, protagonista de 10 livros
que agora estreia uma série televisiva exibida pelo canal GNT, às quintas-feiras,
22h30.
Romance policial –
Espinosa segue para o terceiro capítulo. É dirigida por José Henrique
Fonseca e inspirada no livro Uma janela
em Copacabana, justamente o título indicado pelo meu professor na
universidade. Lembro-me de ter sido surpreendido positivamente pela existência
de um delegado brasileiro, com características próprias, que mostrava o quanto
a ensolarada “cidade maravilhosa” também tinha de sombria. Com a série, estou
revivendo aquela história. E com vontade de comprar todos os volumes estrelados
por Espinosa.
Apesar de os detalhes do livro terem fugido da memória, a
certeza de que se tratava de um ótimo exemplo de ficção policial nunca deixou
de existir... E só se confirmou com a exibição do seriado. Espinosa – Domingos
Montagner – e sua equipe se deparam com uma sucessão de assassinatos. Os crimes
chamam atenção pelas vítimas, todas elas, policiais que atuam na circunscrição
da delegacia de Espinosa. O modus operandi dos crimes também é
idêntico, o que leva à certeza de que existe um assassino em série executando “homens
da lei”.
A série melhora a cada capítulo. Os atores vão pegando as
características dos personagens e, quando damos conta, estamos apreensivos
pelos próximos passos ligados ao mistério. Já ouvi comentários referentes à falta
de agilidade do seriado, e confesso que isso me deixa preocupado. O tipo de
crítica parece ter partido de pessoas que nunca chegarão perto de uma Twin Peaks – série clássica do diretor
David Linch – ou até mesmo, por uma grande ironia, dos livros de Garcia-Roza. E
isso é uma pena. Menos velocidade e mais sutileza, por favor.
Torço para que Romance
policial – Espinosa seja ainda mais assistido, e que o diretor e os atores
não percam a mão no andamento do seriado. Já existem informações de que uma
segunda temporada poderá ser gravada, o que é uma ótima notícia para os fãs do
gênero. Talento profissional e criatividade é que não faltam à dramaturgia
brasileira. O que necessitamos é de coragem para sair desse esquema limitador,
que faz parecer com que só estejam sendo produzidas comédias escrachadas no
país. Somos – e podemos – muito mais.
O delegado Espinosa - centro - e sua equipe de policiais investigam mistérios e mortes em Copacabana |
Por Hugo Oliveira
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