É possível, após chegar a
conclusão de que o fim era o caminho natural e inevitável, fechar a tampa do
caixão, lidar com a ausência, superar e seguir em frente e anos depois,
resolver retomar o caminho interrompido? Os mais céticos dirão que não vale a
pena, pois os motivos que levaram à primeira queda voltarão a assombrar os
indecisos renitentes. Outros, românticos, acreditam que o caminho outrora
interrompido, após as agruras do afastamento e as inevitáveis vicissitudes das
veredas e bifurcações percorridas pode mostrar-se enfim seguro, pavimento e
guarida para seguir em frente.
Em se tratando de relacionamentos
amorosos, provavelmente o mais aconselhável seria seguir a primeira
recomendação. Mas aqui é outra a circunstância – e bem, bem menos dramática.
Após cerca de dois anos e meio de paralisação e na data exata em que se
completam cinco anos da primeira postagem do blog, o Talk About The Passion
está de volta.
A notícia talvez agrade os
antigos leitores que se acostumaram a acompanhar as resenhas dos discos, livros
e filmes que movimentam o cotidiano dos dois autores desse espaço, além dos
desabafos pessoais e até das erráticas tentativas literárias que vez por outra
aparecem por aqui. Certamente continuará merecendo a desconsideração e
desmerecimento de outros tantos e servirá de pouso para curiosos extraviados a
pesquisar sobre sua banda ou autor favorito.
Ainda que parado no tempo e
espaço como depósito de textos, o espírito do TATP continuou vivo no dia-a-dia
de conversas entre os amigos e familiares dos rabiscadores do blog e chegou
mesmo a se materializar de outras maneiras, como nos eventos culturais que o já
saudoso Bossa & Bar produziu, martelando obstinado contra o muro construído
de marasmo e má vontade da vida cultural angrense. No entanto, estamos voltando
aos textos (e outros formatos em breve, aguardem!).
Li essa semana, no Twitter,
alguém comentando que se sentia um Marty McFly criando um blog em 2015. Uma
analogia que, de certa forma, pode ser aproveitada por aqui. Afinal, nada mais
anacrônico que dois sujeitos em meio aos trinta e tantos que ainda se vestem
com camisas de banda; não possuem carro ou casa própria, mas gastam mensalmente
quantia mais do que recomendável em CDS e livros; parecem voltar aos quinze ao
se emocionar com pérolas de três minutos e meio de power pop ou folk songs e
nelas encontram algum sentido para a absurdidade da vida.
Sintam-se à vontade, estamos “vindo”
de volta pra casa.
Por Ricardo Pereira
Muito bom texto!
ResponderExcluirMe servirei dessa salada literária,
Que bom que conheci sua família Rapaz!!
Obrigado, Nicolas! Um prazer ter você por aqui.
ExcluirAbs