1 Kitsch Pop Cult – Felipe Cordeiro
O cantor e compositor paraense mistura lambada, carimbó, brega, rock e eletrônica num disco encantador. Há um pouco de Blitz em canções dialógicas com as meninas dos divertidos backing vocals e algo que me lembra o John dos primeiros discos do Pato Fu. Mas o que conquista mesmo é o quanto tanta mistura resulta em excelentes canções como a primeira, “Legal e Ilegal”, em que o cantor relaciona as drogas aos respectivos estilos musicais; as deliciosas “Fogo morena” e “Histórinha”; e as irresistíveis instrumentais “Lambada com farinha” e “Fim de festa”.
2 Setembro – Junio Barreto
O disco mais brasileiro do ano continua me encantando a cada audição. Canções belíssimas, partindo do samba, com arranjos inventivos e letras bem construídas, dando ênfase à natureza de forma tocante e original. Ouça: “Serenada solidão”, “Jardim Imperial” e “Noturna”.
3 Um labirinto em cada pé - Romulo Fróes
Romulo mantém o nível do fundamental No chão sem o chão em seu sucessor. Um disco mais bem formatado, conciso, em que o que já foi catalogado de “samba triste” não para de evoluir em experimentações que não tiram o potencial pop das músicas. A destacar a simbiose do cavaquinho de Rodrigo Campos com as guitarras de Guilherme Held e as letras sempre instigantes de Clima e Nuno Ramos. Ouça: “Varre e sai”, “Tua beleza” e “Um labirinto em cada pé”.
4 Nó na orelha – Criolo
O rapper Criolo acerta em cheio num disco em que se aventura em estilos musicais variados, como o samba, reggae, dub, balada e brega, com resultados quase sempre excelentes. Um disco revigorante para o rap nacional.
Ouça: “Bogotá”, “Subirusdoistiozin” e “Turma da Mônica do asfalto”.
5 Canções de apartamento – Cícero
Em Canções de apartamento, Cícero canta, adornado por melodias delicadas, mas não sem certa dose de tensão, o amor nos dias de hoje, as belezas e angústias de viver num mundo complicado, povoado de pessoas cada vez mais individualistas e solitárias. Um disco intimista e belo, grande companhia em vários momentos deste ano.
Ouça: “Pelo Interfone”, “Açúcar ou adoçante” e “Tempo de pipa”.
6 Recanto – Gal Costa
Um disco de Gal Costa com músicas de Caetano Veloso, em 2011, tendo por base temas eletrônicos pode ser pra muitos uma visão do inferno. Não poderiam estar mais enganados. O álbum é belíssimo, melancólico, instigante, com excelente trabalho de Kassin nas programações e de Caetano e Moreno na produção.
Ouça: “Recanto Escuro”, “Tudo dói” e “Madre Deus”.
7 Toque Dela – Marcelo Camelo
Mais enxuto do que o primeiro disco solo, Toque Dela apresenta um conjunto de canções tranquilo, reflexivo, cada vez mais distante do universo rock n’ roll. Entre ‘morenas’ e temas marítimos, Camelo canta a solidão e o amor em versos inspirados.
Ouça: “Vermelho”, “Acostumar” e “Ôô”.
8 Que isso fique entre nós – Pélico
Um dos que mais ouvi este ano. Conjunto irresistível de canções pop influenciadas pela jovem guarda, tanto nas músicas, quanto nas letras carregadas de sentimentalismo, fazendo-se breguinhas na medida certa.
Ouça: “Levarei”, “Não éramos tão assim” e “Sete minutos de solidão”.
9 Camiñando y Cantando – Wander Wildner
Em um disco de viagem, Wander Wildner, aparece mais lírico e melancólico do que qualquer outro de sua carreira. Belos violões e versos reflexivos constroem um álbum coeso, com excelentes versões de clássicos de Belchior e Sérgio Sampaio e pérolas como “Dani”, “A razão do meu viver” e “Boas notícias”.
10 Pitanga – Mallu Magalhães
Deixe o preconceito de lado e fique atento a essa menina. Melhor a cada disco, Mallu vai, aos poucos, amadurecendo e se “abrasileirando” musicalmente. Neste Pitanga aparecem os primeiros sinais da dificuldade de crescer, e isso rende bonitas canções como “Velha e Louca”, “Cena” e “Por que você faz assim comigo?”.
11 O que você quer saber de verdade – Marisa Monte
Marisa Monte, fora um ou outro deslize, costuma pautar sua carreira pelo bom gosto. Isso aparece neste disco na releitura de “Descalço no parque”, de Jorge Ben, e em números como “Era óbvio” e “Bem aqui”. No entanto, dessa vez, a cantora parece ter apostado – por razões mercadológicas, aproveitando o sucesso dos ultra cafonas sub-sertanejos? – em músicas com um pé (às vezes o corpo inteiro) no brega. E se sai bem nessa vertente em “Depois”, “Ainda bem” e “Aquela velha canção”, minhas preferidas do disco.
12 Boa parte de mim vai embora – Vanguart
E o Vanguart retorna, em seu segundo disco de inéditas, carregado de tristeza e melancolia. Não há a mudança radical de sonoridade apregoada por Hélio Flanders em entrevistas antes do lançamento, a base continua o pop-rock-folk do primeiro álbum, agora mais carregado de acidez e desilusão.
Ouça: “Mi vida eres tu”, “Se tiver que ser na bala, vai” e “Engole (arde mais que brasa em pele quente)”.
Poderiam estar na lista:
Acústico-sucateiro – Apanhador Só
O destino vestido de noiva – Fábio Góes
Passo Torto – Passo Torto
Por Ricardo Pereira