"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Um brinde socrático

Não vi Sócrates jogar “ao vivo”. Apenas em tapes, nas histórias lidas e ouvidas por mestres e apreciadores do bom futebol. Ainda assim, sempre o considerei – provavelmente pelos motivos errados, alguns dirão – uma das figuras mais admiráveis do futebol brasileiro. Além de toda a categoria dentro das quatro linhas, suas histórias de participação política e seu estilo de vida boêmio e irreverente criaram um encantamento maior pelo personagem Sócrates.

Talvez por crescer – e permanecer – admirando a vida e obra de artistas tão geniais quanto autodestrutivos (Morrison, Janis, Chet e a lista não tem fim...), sempre nutri interesse especial por histórias como as de Gerson fumando nos intervalos das partidas e depois jogando o fino; Garrincha e seu alcoolismo e gênio incomum; e o mesmo se dava com a boemia de Sócrates. Aos que condenam a postura do craque corintiano, é bom lembrar que o mesmo era médico, sabia dos malefícios do álcool e escolheu viver assim. Há bem pouco tempo, em entrevista ao Sportv, declarou não se arrepender de nada, pois nunca poderia viver “careta”, ressaltando ter seus 60 anos muito bem vividos.

E para completar meu adeus-manifestação de admiração ao doutor Sócrates, deixo um trecho do excelente texto de Flávio Gomes (leiam inteiro que vale a pena):

" (...)
Avança a fita.

Ano passado, um velho e empoeirado e querido pub em Pinheiros, faz frio, as portas já fechadas, o dono não quer nem saber, quem quiser fumar, fume, fumem e bebam  antes que o mundo acabe, o amigo tocando violão, a gente ali, tentando entender o que estava acontecendo com nossas vidas, aí ele entra alto, forte, senta, pede um vinho, sorri, canta, sorri, bebe, sorri, fuma, e a gente tira foto com ele, e o mundo é um lugar até aceitável quando a gente vê que tem gente como ele, que jogava bola, que só vencia a timidez diante da multidão falando e tocando de calcanhar, e que sorria, e bebia e fumava.

Sócrates morreu de tanto viver, que é uma boa forma de morrer.”

"Well I'll tell you a story of whiskey and mystics and men...
Por Ricardo Pereira

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