Morrissey apresentando a inédita "People are the same everywhere" no programa do Conan O’Brien.
Por Ricardo Pereira
"There's a fear I keep so deep / Knew it name since before I could speak (...) If some night I don't come home / Please don't think I've left you alone"- Keep The Car Running, Arcade Fire
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Setembro - Junio Barreto
Fui atrás deste Setembro do cantor e compositor pernambucano Junio Barreto após algumas críticas positivas. A grande motivação foi a referência a Guimarães Rosa, meu escritor brasileiro preferido, na maioria delas. Bem, o que há de roseano aqui é a natureza pontuando o disco praticamente todo: o mar, a chuva, o céu, as flores, o “ribeirinho” ilustram e enriquecem os sentimentos expostos em cada canção.
E a motivação literária acabou me apresentando a um disco que não consigo parar de ouvir e a um compositor interessantíssimo. Junio Barreto parte do samba, engloba diversos estilos, chegando a um resultado pop e brasileiro, antes de qualquer classificação.
A canção que abre o álbum, “Serenada solidão” é excelente cartão de visitas. A guitarra de Gustavo Ruiz e o teclado de Vitor Araujo constroem o balanço ideal para a bela letra, que chama a atenção pela sintaxe não convencional e escolha vocabular, que apresenta um letrista de léxico simples, mas que parece encaixar as palavras com esmero e requinte. A faixa título com refrão algo tropicalista tem como destaque a participação de Chiquinho, tecladista do Mombojó e a beleza de guitarra de Junior Boca. Beleza aliás é a terceira faixa, “Jardim Imperial”, uma espécie de marchinha melancólica, a tratar do “estrago” causado pela sempre “enganadora tentação”.
Há de se chamar a atenção para o excelente trabalho de Pupillo na produção e a sofisticação dos arranjos. Difícil encontrar na MPB recente canções belas e tão bem trabalhadas como “Noturna” e “Fineza”, esta última contando com um ótimo violão de Seu Jorge. E falando em participação, quem se faz presente novamente é o Mombojó, agora a banda inteira tocando a bem breguinha “Passione”. Intercaladas a esta há a irresistível “Gafieira da maré” e a instrumental “Vamos abraçar o sol”, esta sim com clima de gafieira e malandragem hugocarvânica. E Setembro fecha sutil, delicado, em piano, voz e sofisticação no “Alento da lagoinha”, com alguns dos versos mais bonitos do álbum.
O disco é curto, são dez canções, pérolas a aguardar a acolhida de ouvintes carentes de boa música brasileira. E brasileira aqui está longe de ser apenas por produzida no Brasil, Setembro é o conjunto de canções mais brasileiro que ouço em muito tempo, representativo do que há de belo neste país. Brasileiro, aí sim, como a literatura de João Guimarães Rosa.
Baixe aqui.
Por Ricardo Pereira
domingo, 27 de novembro de 2011
My reflection, dirty mirror
Ultimamente, por uma série de motivos, tenho pensado muito em como cheguei ao momento em que me encontro atualmente. Para alguns dos problemas, o diagnóstico é fácil; para outros, é recomendável cuidado até mesmo para que se pense em como resolvê-los. Não é minha intenção vir aqui dramatizar meu cotidiano, até porque o que há é apenas uma camada de hermetismo e solidão que resolvi impingir a mim mesmo. Os motivos? Talvez uma reflexão sobre ecos esparsos encontrados em um e outro elemento circundante ajude-me de alguma forma.
Em minha última postagem, falei sobre séries a que venho assistindo e que suprem a falta que Lost deixou desde seu término. Mas não falei de uma essencial que me acompanha há alguns anos e sempre mexe comigo de uma forma ou de outra: House. Seu protagonista, Gregory House, é um dos melhores personagens de qualquer estilo ficcional recente. Durante um tempo, forcei similitudes entre meu comportamento e o do genial especialista em diagnósticos e a única (des)vantagem que arrumei foi uma injustificada arrogância que foi a base de uma demissão.
Ainda assim, assistindo à série, vivo encontrando comportamentos com os quais me identifico (ou os quais, segundo uma grande amiga, me justificam). Um deles, na segunda metade da sétima temporada, mostra House desmarcando um compromisso com sua namorada, alegando a necessidade de sair com seu melhor amigo que precisava de seu apoio, pois estava recém-separado. Ao mesmo tempo, desmarcava o encontro com o amigo, pois era aniversário da namorada e não poderia deixar de estar com ela. Tudo o que queria era estar sozinho em seu apartamento, tomando seu uísque, assistindo a alguma série brega ou ouvindo um som.
O outro, já na oitava temporada, mostra House conversando com Wilson, seu melhor (único) amigo. Enquanto estão falando sobre o que o interessa, ele está atento. Mas, no momento, em que a conversa é desviada para um paciente de seu amigo, House não está mais ali, afinal, já não é mais sobre ele ou algo que importe a ele.
Outro espelho nem sempre saudável, é minha relação com o Botafogo. Outro dia postei aqui algo como: o Botafogo sou eu. Acredito nisso, há muitas semelhanças entre como sou e a personalidade de meu clube do coração. Sim, isso existe para todos os clubes e é mais forte do que a maioria das pessoas consegue enxergar, quando teima em considerar o futebol “apenas um jogo” ou mera “distração para as massas”.
Acontece que coincidências (?) não tão agradáveis marcam o meu percurso recentes e o do Botafogo de Futebol e Regatas. E na semana passada o comentarista Gilmar Ferreira dos Santos escreveu o seguinte sobre o momento atual do clube: “É impressionante a incapacidade do Botafogo em exorcizar seus fantasmas, e afastar-se das assombrações que o emperram nos momentos decisivos.”
Talvez nenhum psicólogo/psiquiatra poderia falar melhor sobre mim neste momento.
there's no connection to myself |
Por Ricardo Pereira
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Bridge over troubled water
Edição especial de "Bridge over troubled water" em mãos! A semana vai ser regada a folk, claro!
Abaixo, uma das canções mais bonitas do disco, ao vivo. Coisa fina.
"Song for the asking" - live at Long Beach Arena, California, 1969.
Por Hugo Oliveira
Abaixo, uma das canções mais bonitas do disco, ao vivo. Coisa fina.
"Song for the asking" - live at Long Beach Arena, California, 1969.
Por Hugo Oliveira
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Lollapalooza Brasil
Quanto tempo, não? Hora de tentar retomar o ritmo. As novidades musicais continuam pipocando, e uma delas merece destaque: o line-up da versão brasileira do festival alternativo Lollapalooza, que terá a sua primeira edição sendo realizada nos dias 7 e 8 de abril de 2012 - no Jockey Clube de São Paulo.
Divulgada na internet, na última semana, muitos cogitam que a escalação pode ser falsa, como já aconteceu com diversos eventos do tipo ao redor do mundo. Do contrário, o que pensar? Tem grandes nomes internacionais e nacionais - Foo Fighters, Arctic Monkeys, Jane's Addiction, O Rappa - e novidades - Skrillex, Foster The People, Cage The Elephant -, mas, ao menos para que este que vos escreve, não motiva a sair de casa e encarar o evento.
Esperava outros nomes, mas é um lance pessoal - Morrissey, Arcade Fire, Fleet Foxes, Elvis Costello, Brett Anderson/Suede, Pulp, Noel Gallagher, Richard Hawley. Festival dos sonhos só mesmo na nossa cabeça, certo? O lance é ir se divertindo com o que pinta. Aproveite por mim!
Mais um festival de peso no país |
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Fringe, Dexter, Person of Interest ou o vazio pós-Lost
Com o fim de Lost, senti-me órfão. Comecei então uma procura por outra série que substituísse ou ao menos minimizasse a saudade. Nessa busca, entre algumas descartadas, ao menos três permanecem e seguem me acompanhando semana a semana.
Dexter me foi muito bem recomendada há pouco mais de um ano. No começo, estranhei a mistura de climas (músicas latinas e atmosfera sombria, por exemplo) e achei o protagonista algo caricato. Mas já na primeira temporada a série cresceu o bastante para manter meu interesse.
As contradições e angústias de um serial killer de serial killers, com um ideal que às vezes toma emprestado algo do super homem nietzschiano rende excelentes momentos e pelo menos uma temporada irretocável – a quarta. No momento, a série está no começo de seu sexto ano e parece se recuperar de uma quinta temporada frustrante, ao abordar como temas principais a fé e a religiosidade. Ah, confesso que com o decorrer da série fui me apaixonado perdidamente por Debra, irmã do protagonista...
Outra que venho acompanhando com interesse é Person of Interest, a “nova série do Ben”, que estreou há cerca de um mês. Nela, Finch, o sempre ótimo Michael Emerson, construiu uma máquina para o governo americano descobrir e evitar atentados terroristas após o 11 de setembro. Mas a partir dos resultados obtidos, sobram crimes “menores”, pessoais, que não interessam ao governo.
Ben, quer dizer, Finch, contrata então John Reese (Jim Caviezel), ex-agente da CIA, uma espécie de cruzamento entre Luke Skywalker e Stallone Cobra, para impedir que os assassinatos sejam cometidos. O começo da série é empolgante. Boas cenas de ação, lacunas no passado dos protagonistas que podem render mais à frente e a boa sacada do acompanhamento das cenas pelas câmeras de segurança vão construindo uma primeira temporada promissora.
E o grande destaque adquirido na ressaca pós-fim de Lost é, sem dúvida, Fringe. Meu interesse em assisti-la partiu do fato de ser criação de J.J. Abrams, um dos cérebros responsáveis por Lost e dos criadores mais instigantes a aparecer recentemente no mundo do entretenimento pop.
Não achei que me envolveria tanto com Fringe, pois nunca tive muita paciência para ficção científica. E, pra piorar, a primeira temporada começa oscilante, algo perdida, sem foco aparente. No entanto, cresce e se garante em sua segunda metade. E Abrams nos brinda com o que Lost teve de melhor: o completo domínio da técnica folhetinesca, criando ganchos fantásticos entre os episódios e as temporadas que deixam o espectador “preso” à trama; e, principalmente, a construção dos personagens.
Pois mais do que os aclamados efeitos especiais, os bons roteiros ou as intrincadas viradas e desenvolvimentos narrativos, foram os personagens e suas relações, sua “humanidade”, que consolidaram minha ligação com a série. Assim como em Lost os personagens complexos e esféricos, com seus defeitos e qualidades, mantinham e adicionavam interesse à batida premissa de pessoas perdidas numa ilha deserta, em Fringe, no meio de tantas complicações e “viagens” científicas, é a relação entre Peter Bishop e Olivia e, principalmente, Walter, que conduz a narrativa.
Walter Bishop, inclusive, é o grande personagem da série, sua genialidade em comunhão com uma imensa fragilidade emocional garante os melhores momentos de Fringe. Sem contar que é um prazer assistir a seu intérprete, John Noble, dar um show a cada episódio. Em minha opinião, a melhor das séries em curso.
Por Ricardo Pereira
The XX
Taí um grupo que consegue soar diferente em relação à avalanche de bandas indies da atualidade. Minimalismo, eletrônica leve, pós-punk e um tipo de sensualidade fria.
"Crystalised"
"Islands"
"Shelter"
Por Hugo Oliveira
"Crystalised"
"Islands"
"Shelter"
Por Hugo Oliveira
Passo Torto
Está disponível para download aqui o disco Passo Torto, projeto de Romulo Fróes, Rodrigo Campos, Kiko Dinucci e Marcelo Cabra.
Pode baixar tranquilo, com essa moçada, não tem como dar errado!
Por Ricardo Pereira
Pode baixar tranquilo, com essa moçada, não tem como dar errado!
Por Ricardo Pereira
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Festa Internacional de Teatro de Angra - cinco peças
A última semana da Festa Internacional de Teatro de Angra, a Fita, ainda rende por aqui – principalmente por causa do meu atraso em escrever sobre as peças assistidas. Com um belo pedido de desculpas, seguem as impressões sobre os outros cinco espetáculos que assisti.
O Gato Branco – Sete pessoas são convidadas a participar de um jantar exótico, numa embarcação. No misterioso convite, cada um fica sabendo que terá que matar alguém. Estranho, não? Estranho e criativo, eu diria. Esta é a premissa de “O gato branco”, de Jô Bilac – direção de João Fonseca –, que oferece uma verdadeira análise em relação ao comportamento humano diante da culpa e do medo. Misto de thriller policial e suspense aparentemente nonsense, o espetáculo conquista por vários méritos, e termina de forma coerente. Nota 7.
O Gato Branco |
Comédia Russa – A peça, com texto de Pedro Bricio e direção de João Fonseca, parte da premissa de analisar a vida de um funcionário público na Rússia, desde sua contratação, cheia de sonhos, até o momento em que o próprio cai na realidade e assume que nada é como ele pensava. As situações apresentadas são recheadas com muito humor e ironia, ancoradas na qualidade do texto e na ótima interpretação dos atores. E se do meio em diante o espetáculo descamba para um andamento rocambolesco, com assassinatos e revelações mil, não importa: a mensagem já foi passada... E com maestria. Nota 7,5.
Abalou Bangu 2 (A festa) – Paulo Goulart e Cristina Pereira interpretam o casal suburbano Maurício Otávio e Maria Elvira, que ao se mudar para Copacabana, por causa do filho, descobrem que a vida na Zona Sul da “Cidade Maravilhosa” não é nada fácil. A ideia de realizar uma festa comemorando os 40 anos de casamento, e convidar toda a família, vai se revelando tragicômica quando nem os parentes mais próximos – inclusive o filho – parecem motivados a comparecer. Exemplo de texto morno que, defendido por ótimos atores, flui que é uma beleza. Todos os aplausos ao casal gay interpretado pelos atores Claudio Galvan e Luciano Borges. Nota 7.
Tango, Bolero e Cha, Cha, Cha – Impossível não elogiar todo o trabalho corporal e até mesmo comportamental do ator Edwin Luisi ao interpretar um marido que, depois de fugir de casa, largando filho e esposa, retorna ao lar de forma diferente – na pela da espalhafatosa transexual Lana Lee. Toda a trama gira em torno da nova condição do pai, e na intenção do próprio em transmitir a novidade à família de uma forma que não cause muito espanto. Missão impossível, assim como não se escangalhar de rir durante boa parte do espetáculo. Nota 7.Tango, Bolero e Cha, Cha, Cha |
Dois Perdidos Numa Noite Suja – Clássico texto de Plínio Marcos que ganha vida através da direção de Gabriel Gracindo e dos atores Último de Carvalho e Bruno Sobral. Dois carregadores de caixa, de origens diferentes, dividem o mesmo quarto numa hospedaria de quinta categoria. Tonho, o rapaz “estudado”, acredita que só precisa de um sapato decente para melhorar de vida; Paco, desde sempre largado pelo mundo, quer uma flauta, para voltar a se apresentar pelos bailes da cidade, faturando alguns trocados. No meio disso tudo, uma relação de amor e ódio que vai terminar de maneira trágica. Todo o clima claustrofóbico que a peça pede está lá, mas o tom dos atores ainda precisa melhorar. Nota 5.
Dois Perdidos Numa Noite Suja |
Por Hugo Oliveira
domingo, 6 de novembro de 2011
Vida é neutra
– Palavras mudam de sentido de um idioma para outro quando mudam de gênero. Em alemão, guerra e morte são masculinos, ao contrário do francês, enquanto sol e amor são femininos.
– Vida é neutra.
– Vida é neutra? Muito belo e lógico.
Jules et Jim
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