Ultimamente, por uma série de motivos, tenho pensado muito em como cheguei ao momento em que me encontro atualmente. Para alguns dos problemas, o diagnóstico é fácil; para outros, é recomendável cuidado até mesmo para que se pense em como resolvê-los. Não é minha intenção vir aqui dramatizar meu cotidiano, até porque o que há é apenas uma camada de hermetismo e solidão que resolvi impingir a mim mesmo. Os motivos? Talvez uma reflexão sobre ecos esparsos encontrados em um e outro elemento circundante ajude-me de alguma forma.
Em minha última postagem, falei sobre séries a que venho assistindo e que suprem a falta que Lost deixou desde seu término. Mas não falei de uma essencial que me acompanha há alguns anos e sempre mexe comigo de uma forma ou de outra: House. Seu protagonista, Gregory House, é um dos melhores personagens de qualquer estilo ficcional recente. Durante um tempo, forcei similitudes entre meu comportamento e o do genial especialista em diagnósticos e a única (des)vantagem que arrumei foi uma injustificada arrogância que foi a base de uma demissão.
Ainda assim, assistindo à série, vivo encontrando comportamentos com os quais me identifico (ou os quais, segundo uma grande amiga, me justificam). Um deles, na segunda metade da sétima temporada, mostra House desmarcando um compromisso com sua namorada, alegando a necessidade de sair com seu melhor amigo que precisava de seu apoio, pois estava recém-separado. Ao mesmo tempo, desmarcava o encontro com o amigo, pois era aniversário da namorada e não poderia deixar de estar com ela. Tudo o que queria era estar sozinho em seu apartamento, tomando seu uísque, assistindo a alguma série brega ou ouvindo um som.
O outro, já na oitava temporada, mostra House conversando com Wilson, seu melhor (único) amigo. Enquanto estão falando sobre o que o interessa, ele está atento. Mas, no momento, em que a conversa é desviada para um paciente de seu amigo, House não está mais ali, afinal, já não é mais sobre ele ou algo que importe a ele.
Outro espelho nem sempre saudável, é minha relação com o Botafogo. Outro dia postei aqui algo como: o Botafogo sou eu. Acredito nisso, há muitas semelhanças entre como sou e a personalidade de meu clube do coração. Sim, isso existe para todos os clubes e é mais forte do que a maioria das pessoas consegue enxergar, quando teima em considerar o futebol “apenas um jogo” ou mera “distração para as massas”.
Acontece que coincidências (?) não tão agradáveis marcam o meu percurso recentes e o do Botafogo de Futebol e Regatas. E na semana passada o comentarista Gilmar Ferreira dos Santos escreveu o seguinte sobre o momento atual do clube: “É impressionante a incapacidade do Botafogo em exorcizar seus fantasmas, e afastar-se das assombrações que o emperram nos momentos decisivos.”
Talvez nenhum psicólogo/psiquiatra poderia falar melhor sobre mim neste momento.
there's no connection to myself |
Por Ricardo Pereira
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ResponderExcluirGostei de "como". A ideia é muito boa. Mas a forma ficou excelente!
ResponderExcluirObrigado, Camila, feliz que tenha gostado!
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